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sexta-feira, 7 de março de 2014

Secretary II - Capítulo 5


Resquícios




Joseph levantou seu tronco e me olhou abismado. Ele parecia se perguntar o motivo de eu estar ensopada daquele jeito. Levantei-me do chão e assim que ele cedeu espaço na cama, sentei ao seu lado. Mordi o lábio inferior e procurei por algo no quarto. Na verdade eu procurava uma desculpa para fugir do olhar de meu marido. 
Demi, por que você está molhada desse jeito? - ele colocou sutilmente sua mão em meu ombro, estava quente, consegui sentir através do tecido frio e molhado de minha blusa. Um choque de temperaturas. - Eu já tomei banho, mas, se quiser, eu posso tomar outro. Com você. - sorriu maliciosamente e juntou ainda mais nossos corpos. Depositou um beijo em minha orelha e apertou a mão logo abaixo do meu busto. Senti o ar faltar, tentando criar forças e me livrar daquele contato, mas tudo que consegui fazer foi concordar com a cabeça e esperar que ele se levantasse. Assim que o fez, segui Joseph com os olhos e me levantei também. Ele me esperava com um sorriso discreto nos lábios. Livrei-me da blusa que vestia, ficando de sutiã e passei por ele atravessando a porta do banheiro. Encarei a banheira e todo aquele branco que infestava o lugar, procurando o fecho de meu sutiã lilás. 
- Você pode preparar a banheira? - perguntei, jogando o sutiã no chão. Joseph estudou meus seios por alguns segundos, descarado. 
- Claro, do jeito que você gosta. 
Eu já estava completamente nua quando ele ainda jogava sais de banho dentro da água que praticamente puxava meu corpo para ela, de tão convidativa que parecia estar. Joseph se levantou e começou a se livrar de suas roupas também. Suspirei e não o esperei, meu corpo gritava por aquele banho. Precisava relaxar. Entrei na banheira e deixei meu corpo afundar, ficando apenas com a cabeça à mostra. O homem parado ao meu lado não hesitou em imitar meus movimentos e logo estava dentro da banheira comigo. Estávamos um de cada lado, frente a frente; nos encarávamos. Ele parecia não perceber minha inquietação. 
- Como foi seu dia? - Joe perguntou. 
- Bom. - respondi, balançando meus braços submersos. 
- Aconteceu alguma coisa? - ele me estudou, como se soubesse que eu não estava falando a verdade. 
- Por que teria acontecido alguma coisa? - meu tom de voz saiu levemente irritado e imediatamente Joe percebeu o que estava acontecendo, ou quase. 
- Por nada. - deu de ombros e submergiu por completo. Longe do contato com seus olhos, respirei fundo e me preparei para o que faria no instante seguinte. Joseph emergiu. 
E, bem, ele me pegou de surpresa. 
Antes que eu pudesse falar alguma coisa, ele já tinha me puxado pela cintura e me feito sentar em seu colo. Péssima ideia. Talvez ele tenha pensado que eu estava tensa porque sentia falta de alguma coisa, de algum tipo de contato. Talvez as pessoas ficassem estranhas quando precisavam muito de sexo. Senti suas mãos descendo por meus quadris e uma delas apertou minha coxa com uma força delíciosa. Porra, como eu resistiria e obrigaria meus pensamentos impuros a irem embora e me deixarem ter uma conversa séria com ele? Antes que eu obtivesse uma resposta para isso, sua língua já estava dentro da minha boca. A língua quente e esperta de Joseph tirou totalmente o foco dos meus pensamentos e sem saída eu aprofundei o beijo. Ele subiu uma das mãos e segurou os cabelos de minha nuca, forçando meu corpo a ficar cada vez mais próximo ao dele. Toda aquele água quente, todo aquele contato... Todos os fatos possivelmente escondidos. 
Isso me fez partir nossas bocas e tentar me soltar de seus braços. Saí de seu colo e voltei para o meu lado da banheira, com a respiração falha. Ele estava com os lábios avermelhados devido ao beijo e me olhava de um jeito confuso. Eu tinha que falar logo, antes que ele me agarrasse de novo. Consegui resistir uma vez, mas resistir a duas seria impossível. 
- Quero te perguntar uma coisa. - meus lábios se tornaram uma linha reta e ele consentiu. - Por que, necessariamente, você esteve em uma... Hm, uma clínica... - parecia que eu tinha esquecido de usar as palavras corretamente e o ar ainda chegava com dificuldade aos meus pulmões por causa do beijo. - O que levou você até lá? 
A princípio, ele não se mostrou intimidado com minha pergunta direta, mas até para mim aquilo soou completamente estranho. Eu tinha convivido durante muito tempo com ele, e nunca pensei em tocar naquelas feridas. Pensava que já sabia de tudo. Porém, apesar do momento inoportuno, eu não podia mais me segurar. 
- Você sabe. Meu pai. - Foi uma resposta rápida, direta, ele não pensou em elaborar nada. Procurei as cegas por palavras que argumentariam o fato de eu querer saber mais, sem sucesso. 
O silêncio se instalou e Joseph não se importou em continuar de boca fechada. Talvez eu tivesse o atingido de alguma forma. No fundo eu não queria ter trazido tudo aquilo à tona, poderia ter esperado estar com as ideias melhor organizadas e ter bolado um jeito de não parecer tão inconveniente. Mas já estava feito. E as palavras que eu consegui usar saíram de minha boca rápido demais. 
- É mentira! - ouvi minha própria voz sair embargada pela desconfiança, e no fundo eu sabia que era mentira mesmo. O motivo não seria tão simples daquele jeito. - Eu quero que você me diga o que realmente aconteceu, Joseph! - o encarei de um jeito totalmente severo, ignorando o fato de estarmos nus em uma banheira. 
- Não tem nada a ser dito, Demi! - pela primeira vez naquela noite, ele parecia aborrecido. - Eu contei o que tinha para contar, e isso foi há bastante tempo. - encarava o chão. - Você sabe que eu não gosto de falar disso, podemos encerrar esse assunto, por favor? - então ele me olhou e eu avistei algo estranho em seu olhar. Como quando você sabe que estão desconfiando de você e não tem como se defender, pois sabe que estão desconfiando com razão. E isso me deixava totalmente tensa e irritada. 
- Por que se irritou? - provoquei, não conseguindo me segurar. 
- Porque essa sua veia investigativa me irrita. - ele não estava mais encostado na banheira, estava com o corpo inclinado em minha direção. Veia investigativa? O que diabos ele estava dizendo? Eu não acabaria com o clima da noite por algo sem importância! 
- Hm, olha só... Finalmente estou descobrindo o que lhe irrita em mim. E olha que eu cheguei a pensar que não existisse nada capaz disso. - conseguir ficar calada? Impossível. 
Demetria, pare! - ele ordenou e implorou ao mesmo tempo. 
- Eu me importo com a vida do meu marido, então é natural que eu queira saber essas coisas! - apoiei meu cotovelo na borda da banheira e não deixei de encará-lo nenhum segundo que fosse. Se ele estava disposto a continuar aquela discussão, nós continuaríamos até eu arrancar a verdade dele. 
- Sabe o que é estranho? - enquanto falava, Joseph balançava os braços no água, o que fazia com que algumas gotas molhassem meu rosto. - Por oito meses você agiu como se isso não importasse. - sua resposta me pegou de surpresa, porque eu realmente não parei para pensar naquilo durante nosso namoro. 
- Pelo menos eu estou me importando agora, não é? 
- Eu acho que você deveria esquecer isso. 
- Eu não vou esquecer! Te fiz uma simples pergunta e quero uma simples resposta, será que é tão difícil? É só me contar, é só dizer o que fez com que seu pai colocasse você naquela clínica. - disparei a falar, sem pensar nas consequências. 
- Eu. Não. Quero. Falar. Sobre. Isso. - Joseph disse pausadamente em um sussurro que por algum motivo fez meu corpo se arrepiar, mesmo dentro da água quente. 
- O que houve com a nossa cumplicidade? Sério, Joseph, eu não imaginava que você reagiria assim... - ele estava se irritando, e muito. - Então não venha reclamar quando eu começar a agir de um jeito estranho de repente, porque você está fazendo a mesma coisa e... 
- Cale a boca! 
Novamente o silêncio se instalou e eu arregalei os olhos. Não acreditava que ele tinha me mandado calar a boca, não acreditava no jeito que ele pronunciou as palavras. Não restavam mais dúvidas, oJoseph que eu fui obrigada a conhecer estava começando a tomar conta do corpo dele de novo. Poderia não significar grande coisa, já que mandar alguém calar a boca era algo considerado normal dependendo de certa situação, mas eu não aceitaria ele falar comigo daquele jeito. Primeiro se recusou a contar a verdade - o que poderia significar muita coisa - e depois se mostrou tão frio. 
- É isso que você tem a dizer, então? ISSO? - pronunciei bem alto a última palavra e ele bufou, passando a mão sobre o rosto molhado. 
- É, Demetria. 
Levantei-me na banheira, saindo da mesma e derrubando água por todo o piso branco. Vez ou outra em minha vida, eu achava que alguma força desconhecida assumia os movimentos do meu corpo. Peguei uma toalha e comecei a me secar, com ele lá, me assistindo. 
- O que há de errado com você? - ele ia se levantar também, mas eu balancei a cabeça negativamente e ele entendeu aquilo como uma ordem para parar de se mover. 
- Comigo? O que há de errado com você, isso sim! 
Amor, pare, por favor. 
"Cale a boca" e depois "Amor"? Que piada. 
- Você só evita algum assunto quando sabe que está omitindo alguma coisa. - joguei a toalha longe e disparei para fora do banheiro. Ouvi um barulho violento proveniente da água da banheira e logo percebi que Joseph vinha atrás de mim. O chão do quarto estava ficando totalmente encharcado. Ambos ainda nus. Ele segurou meu braço, fazendo-me virar bruscamente. 
- O que está acontecendo? 
- Não me toque! - exigi, desvencilhando-me dele e indo caçar alguma roupa. 
- Não me toque? Ficou louca? - Joseph estava inconformado com meus atos. Ignorei suas palavras e me vesti na velocidade da luz, a roupa grudava em meu corpo por não estar totalmente seco. 
- Por que você teve que complicar tudo? E não pense que eu sou idiota, um pai não joga um filho em uma clínica para perturbados só porque ele quer! - não me importei em usar aquele termo. - Um adolescente precisa ser bem problemático para passar por esse tipo de situação e, convenhamos, você não foi um adolescente muito calmo pelo que eu sei. - joguei todas aquelas palavras em sua cara e ele ficou sem reação, sem expressão. Sem roupas. Calcei o primeiro sapato que encontrei pelo caminho e parei diante dele, cruzando os braços. 
- Não estou lhe reconhecendo. - aquelas quatro palavras doeram em mim, porém a omissão conseguia doer mais. 
- Estamos quites, então. 
- Eu não consigo acreditar nisso! - alterou a voz. Senti fraqueza, mas me manti firme. - Você realmente quer fazer uma tempestade em copo d'água por uma coisa que já ficou para trás? 
- Tudo que eu quero é que você confie em mim. 
- Eu confio em você, porra! 
- Não, você não confia! - senti as lágrimas se manifestarem. Afastei-me dele. - Tem algo a mais, e você não quer me contar! Eu sei, eu sinto isso! 
- Só conseguiu sentir agora? Tempos depois de todo aquele inferno? 
Joseph, dane-se o tempo que passou! Dane-se! Isso não vai muda os fatos. 
- Você não sabe o que aconteceu... - comecei a recuar e ele começou a se aproximar. - Você não tem ideia de como foi difícil, Demetria. É fácil querer saber tudo de um dia para o outro, não é? Mas eu garanto a você que não é nem um pouco fácil ter sentido aquilo na pele. - quanto mais eu recuava, mais ele se aproximava. Senti minhas costas se chocarem com a porta. Ele estava a poucos centímetros de mim, os cabelos molhados espalhados por várias direções, a pele molhada reluzindo devido à claridade da lua vinda da janela. 
Era como um lindo pesadelo. 
- Por favor - nosso olhar estava grudado um no outro, parecia que uma corrente de eletricidade era passada entre ambos. - me diga. Leve toda essa desconfiança embora e vamos voltar a ser como antes, ou... 
- Ou o quê? - sua proximidade excessiva e sua voz estavam começando a me assustar. Abri a porta, me sentindo cansada demais para tentar dizer mais alguma coisa, cansada demais para continuar sustentando aquela briga. Eu só queria fugir, fugir era sempre tão convidativo. Fugir dele, dos meus pensamentos, daquele mundo. De tudo. 
Meu coração acelerou quando ele empurrou a porta com a mão, fechando-a de volta, provocando um barulho alto e incomodo. Não tentei lutar contra aquilo e puxar a porta de volta, apenas levantei meu rosto e enxerguei um olhar sombrio. O velho Joseph estava diante de mim novamente. 
- VOCÊ NÃO VAI A LUGAR ALGUM! - disse alto, fazendo-me sentir seu hálito viciante. Era uma ordem. 
Eu estava presa entre a porta e seu corpo, que continuava imprensando o meu contra a porta. Sua respiração chocava-se com o meu rosto. Comecei a sentir medo. - Não vai sair daqui até que tudo isso seja esquecido. Quero que você volte a agir como antes! 
Novamente a tal força estranha - mais conhecida como impulso - se apossou de meu corpo. Empurrei Joseph com certa quantidade de força pelo peito e puxei a maçaneta da porta com raiva. 
- Foda-se o que você quer, eu não vou agir como antes! - tentava não gritar, mas minha voz era carregada de ira. - Se você continuar escondendo coisas de mim, as coisas nunca vão voltar a ser como antes. Nunca
Corri em direção ao corredor e quando ia descer as escadas, sua voz me paralisou. 
- Eu não sei o que você quer que eu diga, Demetria. - sua voz não estava mais alterada, naquele momento eu senti pesar nela. - Minha vida se tornou um livro aberto em suas mãos. - fechei os olhos, querendo cada vez mais ficar longe dele. Inspirei o ar e consegui soltar algumas palavras, mas sem virar meu corpo para encará-lo: 
- Pena que você arrancou várias páginas antes de entregá-lo a mim. 
- Você sabe que eu vou atrás de você. Isso não vai ficar assim, não vai! 
- E você sabe que eu vou descobrir. Custe o que custar. 
- Aprecio sua confiança em mim. 
Depois de ouvi-lo dizer aquilo, desci as escadas desesperadamente e sai em direção e entrada da casa. Ele não estava atrás de mim quando virei meu pescoço pela última vez, antes de me tornar parte das ruas escuras de Londres. 

O silêncio nas ruas não me incomodava. Meus passos eram desgovernados e minha cabeça estava baixa. Tentei esconder minha mão esquerda para que não precisasse encarar aquela aliança. Meus cabelos ainda molhados dançavam com o leve vento. A maioria das casas ao redor estava com as luzes apagadas e eu era a única alma viva naquela rua. Aquela parte de Londres estava tão vazia de felicidade quanto meu interior. Minha respiração ofegante e os meus sapatos contra o concreto eram os únicos sons presentes. Eu não tinha um destino certo, queria apenas vagar sozinha pela noite. Flashes dos acontecimentos de poucos minutos antes me invadiram. Como Joe e eu pudemos ter nos tornado estranhos daquela maneira? Onde estava a compreensão, o respeito e o amor? 
Talvez minha atitude tenha sido exagerada, mas o medo tratou de corromper meu bom senso. Não sabia exatamente o porquê de ter feito o que Carter me pediu, mas a reação de Joseph mudou toda a minha perspectiva sobre tudo que estava acontecendo. Seja lá o que ele escondia, era forte ou desconfortável o suficiente para que ele virasse aquela outra pessoa. Foi como entrar em uma maquina do tempo; reviver aquele sentimento agonizante de novo, provar da agressividade daquele homem que mostrou ainda ter um coração. Mas por que ele vestiu sua máscara novamente? 
Ele permitiu que resquícios daquele homem frio me ferissem. Eu sabia que aquele monstro do passado ainda habitava o interior de Joseph; ninguém consegue se livrar do que já foi na vida, pois sempre existe uma cicatriz. 
Atravessei a rua, enchendo meus pulmões de ar frio. 
Um instinto investigativo tomou conta de mim. Eu queria respostas. Parte de mim talvez sempre tenha permanecido desconfiada de que uma peça importante daquele quebra-cabeça estava escondida, intocável; contudo, eu desejava desenterrar aquilo, porque a minha felicidade estava em jogo. E que jogo perigoso era aquele. 
Felicidade. Ah, a felicidade. Coisa fugaz. 
Enquanto eu entrava em uma rua conhecida, raiva me invadiu. Vontade de fazer justiça com as próprias mãos, apesar de eu não saber o motivo real de estar fazendo justiça. Cameron e Carter eram como dois demônios. 
Passaram pelo meu caminho uma vez e trataram de guardar a sete chaves meu rosto em suas memórias. Cameron, homem que eu amei quando adolescente, homem que bagunçou meus sentimentos e tentou salvar minha vida, apesar de tudo; Carter, aquele que eu achei que seria apenas mais um rosto que eu esqueceria com prazer ao decorrer dos anos. Mas algo naqueles intensos olhos verdes exalava obscuridade e vingança. E eu estava envolvida em tudo aquilo. Joseph conhecia os dois, eu não era a única que os tive em meu passado. 

Na manhã daquele dia que estava chegando ao seu fim, eu tinha provado o calor do homem que amava com toda a minha alma; provei suas provocações, seu cheiro, seu gosto. A noite veio e tudo se transformou em medo, omissões e escuridão. Eu me sentia tão fraca por ter sonhado que nosso final feliz estava acontecendo finalmente, mas eu era uma tola. Tola como tantas outras que aguardaram pelo dia que a paz reinaria em suas vidas. Finais felizes eram a coisa mais ilusória presente no mundo. Tantos acreditavam, mas nunca conseguiram obtê-lo. Em um segundo você estava gritando de felicidade; no segundo seguinte estaria gritando de dor. Simplesmente a vida, cumprindo seu curso. 
Quando avistei uma casa que fez um leve conforto se manifestar em meu coração, uma memória ainda fresca acenou para mim. Passou despercebida na época, mas naquele instante começou a fazer sentido. 

Flashback

Sem abrir os olhos, senti um movimento na cama e depois meus cabelos foram afagados. O cheiro dele me fez sorrir e então eu abri os olhos. Estava de madrugada. Joseph e eu tínhamos nos deitado há bastante tempo, ambos cansados. Virei meu corpo e Joe me encarava, mas seus olhos enxergavam através de mim; estavam perdidos em algum lugar bem longe. 
- Não consegue dormir? - perguntei, me espreguiçando. Ele balançou a cabeça. 
- Fiquei pensando em algumas coisas e perdi o sono. 
- Que coisas? 
- Nada importante, pode voltar a dormir. Minha intenção não era acordar você. 
- Então, boa noite! - eu estava trincando de sono, então não teria forças para tentar descobrir o que ele tanto pensava. Conversaríamos sobre aquilo de manhã. Voltei a virar meu corpo para o lado e alguns minutos se passaram. 
Demetria? 
- Hm? 
- Obrigado por acreditar em mim. - não virei meu corpo de volta para encará-lo, mas respondi de imediato. 
- É claro que acreditei em você, por que não o faria? 
- Nada. Nada mesmo, foi uma pergunta sem motivos. Pode dormir agora, minha Demi. 
Logo caí no sono novamente. 

Fim do flashback

Totalmente consternada com aquela lembrança, tentei jogar Joseph para fora da minha mente. Doía tanto perceber o que tinha acontecido entre nós. Eu o queria para me abraçar, para distribuir seus beijos quentes por minha pele. Mas podia o motivo do medo ser também o motivo do alívio? 
Parei de andar, encarando a casa de Cassie; as luzes estavam acesas, pelo menos eu não a acordaria. Precisava de um ombro amigo. Caminhei com passos lerdos pelo jardim, chegando até a porta. Surpreendi-me ao perceber que meu rosto estava seco, sem lágrimas. 
Toquei a campainha, sendo obrigada a encarar o anel. Xinguei mentalmente e logo a porta se abriu. Cassie lançou-me um olhar duvidoso e depois sorriu. Eu não sabia o que dizer a ela, como explicar o motivo de estar em frente à sua porta aquela hora da noite; mas eu precisava entrar e ela pareceu entender isso. Depois de analisar meu estado meio deplorável, enquanto eu ainda estava em silêncio, minha amiga veio para mais perto e me deu um abraço. Não precisei dizer que algo estava errado, minha expressão entregava tudo. Meu rosto seco se foi, lágrimas o molhavam com vigor. Cass continuou a me abraçar por um tempo, até que se soltou de mim para encarar meu rosto. 
- O que foi, Demi? 
- Eu não sei. - minha voz soava desesperada. - Esse é o problema, Cassie, eu não sei! 
Jared apareceu na sala, arregalou os olhos quando me viu chorando e tratou de se aproximar. Não me abraçou como ela, mas também perguntou o motivo daquilo. Expliquei por cima a eles, não querendo lembrar de certos detalhes. Um briga de casal era algo assustadoramente comum, então não encontrei surpresa em seus olhares. Pelo modo como se portavam juntos, eu sabia que a situação entre ambos também não estava boa. Então eles me entendiam, ou não. 
- E Joseph não veio atrás de você? - Jared pareceu incrédulo. Estava com uma roupa bem relaxada, os cabelos loiros desgrenhados como sempre e uma expressão cansada. Cassie estava vestida de um modo melhor, mas o cansaço também estampava seu rosto. 
- Não. Ele disse que viria, mas não veio. 
- Ele virá! 
- Jared - Cass cortou nossa conversa. - Leve ela para o meu quarto, enquanto eu vou preparar um chá! - ela apertou minha mão e me transmitiu um olhar amigo, aquele tipo de olhar que quase fazia com que eu me sentisse melhor. Mas apenas por alguns segundos, depois a sensação voltava ainda pior. Sem falar nada, subi as escadas com Jared. Ele estava doido para me perguntar alguma coisa - abria a boca diversas vezes -, mas se conteu e esperou chegarmos ao quarto. Acendeu a luz e assim que ambos entramos ele encostou a porta. Joguei meu corpo na cama, sem prestar atenção nos detalhes ao redor. Cassie poderia ter redecorado todo o seu quarto, mas naquele momento eu não repararia. Jared sentou-se ao meu lado e não evitou me encarar. Talvez ele fosse a única pessoa em toda a humanidade que entenderia o que estava acontecendo. Ele fez parte daquele passado que inutilmente tentamos esquecer. 
- Está voltando, Jared. - eu sibilei, com os olhos presos no tapete. - Está voltando. 
- O quê? - ele estava completamente confuso. O olhei e pela minha expressão ele captou algo. - Você não está falando de... 
- Só que dessa vez é pior! Tem mais uma pessoa envolvida, e ele me disse que eu não conheço o Joseph. Disse que existem muitas coisas que eu não sei. - eu gesticulava exageradamente com as mãos. - Ele pediu para que eu perguntasse ao Joseph o motivo dele ter ficado em uma clínica para... Você sabe, pessoas com problemas. 
- E você seguiu o conselho desse cara? O que ele sabe sobre a vida de vocês? 
- Ele e o Cameron estavam me espionando durante todo esse tempo! 
Cameron? - ele arregalou seus olhos castanhos. 
- Sim. 
- Porra! 
- E a pior parte é que o Carter parece odiar o Joseph. - concluí, cobrindo meu rosto com as mãos e respirando fundo. Uma leve falta de ar por causa do choro. 
- Quando a vida ficou tão complicada? 
- Ela não ficou complicada, Jared, ela já era complicada. Tivemos apenas uma folga. - sorri sem alegria alguma, levantando-me da cama e começando a andar pelo quarto. Parei na janela e encarei a rua, nenhum sinal dele. Não viria mesmo atrás de mim. 
- E eu pensando que sabia o que era ter um problema. 
- Fala isso por causa da Cassie? - tentei me desligar dos meus problemas por um minuto e ocupar minha mente com os problemas dos outros. 
- Sim. 
- Alguém disse meu nome? - a loira adentrou o quarto segurando uma xícara, a fumaça escapando. - Beba isso, Demetria. Depois eu vou pegar um pijama para você, ok? - concordei com a cabeça, pegando a xícara e assoprando o conteúdo. - Pode ficar aqui no meu quarto, eu e Jared vamos nos virar na sala. - quando ela pronunciou o nome dele, sua voz não era empolgada como costumava ser quando isso acontecia. Ela sempre fora louca por aquele homem loiro, sempre me ligava - durante as madrugadas - para contar coisas que às vezes eu preferia não saber. Ele também parecia estar em sintonia com ela, eles combinavam; um casal bonito. 
Mas tudo estava perdendo sua beleza. Tudo. 
Encarei o liquido que cheirava a alguma erva dentro da xícara e bufei. 
- Droga, eu não quero chá! Eu quero resolver tudo isso! - coloquei a xicara nas mãos de Cassie de novo e sai rápido do quarto, descendo as escadas de dois em dois degraus e percebi que Jared e Cassie vinham atrás de mim. Passei pela porta da entrada e encarei o jardim e todas as outras casas da rua. A rua estava vazia, o que era estranho já que não era tão tarde. Bom, era domingo, as pessoas provavelmente tinham o que fazer no dia seguinte e já estavam confortáveis em suas camas. 
Demetria, por favor, entre e se acalme. Eu entendo que você não quer me contar com detalhes o que aconteceu, mas já que veio até a minha casa, eu vou tentar te ajudar de algum jeito. - Cassie estava se mostrando uma ótima amiga, mas eu não me importava com aquilo no momento, eu só consegui dar mais alguns passos e ficar encarando a rua larga e deserta. Parte de mim queria queJoseph surgisse e acabasse com aquela briga, a outra parte queria entrar na casa de Cassie e obrigá-la a trancar a porta, para que eu pudesse fugir de todos os perigos que me cercavam. Pelo menos por uma noite. 
Depois de alguns minutos, me senti vencida e entrei de volta na casa, sendo acompanhada pelos outros dois. Eu precisava de alguns instantes sozinhas para pensar.
E se Joseph se tocou do que poderia estar acontecendo e estava planejando cometer alguma loucura? De repente ele até poderia saber que Cameron estava na cidade de novo, só não quis comentar comigo porque achou que eu não gostaria de saber. E eu realmente não tinha gostado de saber. 
Entrei no banheiro e abri a torneira, começando a jogar água gelada em meu rosto. Fiquei enrolando algum tempo ali dentro, andando de um lado para o outro na esperança de ter alguma ideia. Ignorei minha roupa totalmente amassada, meu cabelo que ainda estava levemente molhado e a vontade de voltar para a casa de Joseph. 
Algum tempo se passou e eu ouvi a campainha tocar. Uma estranha agitação me fez sair do quarto e comecei a caminhar com passos lentos pelo corredor, segurando-me nas paredes azuis. Tremi quando ouvi a voz de Joseph vinda do andar de baixo. Ele estava na sala, sua voz se misturava com a de meus dois amigos. Tentei voltar para o quarto, mas minhas pernas me obrigaram a ficar parada ali. 
Não que eu estivesse feliz por ele ter aparecido, eu estava apenas aliviada. 
- Eu quero falar com ela! - a voz de Joseph era descontrolada. 
- Calma cara, deixa ela descansar. Amanhã vocês conversam. 
- Isso é um problema meu e dela, Jared, não se meta! 
- Já estou me metendo! Ela veio aqui, não veio? Acompanhei o sofrimento dela. 
- Eu vou falar com ela! - corri de volta ao quarto quando identifiquei os passos dele na escada. A voz alta de Cassie se manifestou. 
- Você está na minha casa, então não aja como um idiota. Volte amanhã, vocês conversam amanhã. - com a porta entreaberta, continuei a ouvir a conversa. 
- Quem vai me impedir de subir, você? 
Joseph, saia daqui! - um barulho alto. 
- Me solta, porra! 
- Parem com isso, agora! - que ótimo, Joseph e Jared brigando! Aquilo não acontecia desde que ficaram bêbados em uma praia qualquer. Sorri tristemente com a lembrança dos bons tempos e sai do quarto, esquecendo por um instante que teria de encarar aqueles olhos verdes enfurecidos. Assim que apareci na escada, três olhares me acompanharam. Um estava assustado, a outro surpreso e o último... Eu não sabia identificar aquele último olhar. Jared ajeitou-se e se afastou um pouco, vindo para mais perto de mim. A porta estava aberta, consegui enxergar o carro de Joseph estacionado na rua. 
- Por que você veio? - minha voz estava fraca. 
- Eu disse que viria. - ele ia se aproximar, mas eu recuei e ele franziu as sobrancelhas. - Pelo amor de Deus, que porra está acontecendo, Demetria? 
Joseph, você sabe o que está acontecendo. 
- Esquece isso, vamos voltar para casa! - ele veio como um vulto e segurou meu pulso, tentando me puxar para fora da casa. Jared se apressou a tentar impedir e eu fiz força para me soltar dele. Estava agressivo demais, as veias do seu pescoço estavam saltadas, a pele levemente vermelha. Não era o homem com quem eu tinha me casado. Joseph bufou e soltou meu pulso, fúria escorrendo do seu olhar e ele não estava feliz com as intervenções de Jared. Meu pulso estava quente devido a força que ele depositou no local. 
Joe, saia da minha casa. Ou serei obrigada a chamar a polícia! 
Ele concordou de má vontade e me olhou mais uma vez. Quando eu pensei que ele realmente tentaria esfriar a cabeça e deixar para resolver tudo quando estivesse melhor, ele voltou a me puxar e eu não consegui fazer nada para tentar impedir. A força que ele depositava em meu pulso não era para machucar, apesar de ele estar bem descontrolado. Eu sabia que Joseph tinha uma tendência a bipolaridade, e era terrível presenciar as crises. Elas tinham parado de acontecer, até aquela noite. 
Logo estávamos no jardim de novo e ele soltou meu pulso. Encarei Jared e Cassie que estavam próximos de nós e voltei a olhar para Joseph. Se não fosse pela raiva estampada em seu olhar, eu diria que ele estava acabado. 
Apenas em tempo de tentar processar o que estava acontecendo, ele voltou a me segurar, dessa vez segurava meus dois braços, me obrigando a ficar cara a cara com ele, sustentando seu olhar que era suplicante. Ele ia dizer algo, e eu já podia imaginar do que se tratava. 
- Quem Demetria? Quem colocou isso na sua cabeça? Eu vou embora, mas imploro que me responda antes. 
Joe... 
- CALE A BOCA, JARED! - me assustei com seu grito, principalmente porque ele estava extremamente perto de mim. Meu corpo inteiro começou a tremer. Evitei seu olhar quando ele começou a balançar meus braços, como se eu estivesse em um transe e ele tentava me trazer de volta a realidade. Eu poderia dizer, dizer tudo. Quem sabe as coisas se ajeitariam, mas considerar que elas poderiam piorar era muito mais valido. Joseph era um homem inteligente; a resposta que não saiu de minha boca, ele encontrou em meus olhos. 
- Foi o Wolfe? Ele voltou, não foi? 
- Eu... - não consegui negar. - Sim. 
- Eu sabia! - largou-me bruscamente e correu até o carro. Jared e Cassie foram atrás dele e eu fiquei parada, ainda sentindo como se seus braços ainda me segurassem. Ignorei o medo de voltar a me aproximar e corri até a rua, parando na frente de seu carro preto. Jared tentou acalmá-lo, mas o mesmo se livrou do braço dele e bagunçou os cabelos de um jeito totalmente desesperado. Nossos olhares se encontraram e ele pronunciou palavras em um tom alto. - Eu sabia, Demetria! Eu sabia que algo estava errado! - se exaltou ainda mais. - Eu fingi que não enxergava o modo como você estava agindo desde aquele dia em que eu apareci na sua casa, depois daquela droga de despedida de solteira. - mais uma bagunçada de cabelo. - EU VOU MATAR AQUELE DESGRAÇADO! - entrou rapidamente no carro e ligou o motor. Fechei os olhos por alguns segundos e permaneci na frente do carro, sentindo meus músculos tensos. Ele me olhou através do vidro e eu ignorei os gritos de Cassie e de Jared para que eu saísse dali. 
DEMETRIA, SAIA DA MINHA FRENTE! - Joseph berrou, e eu tremia a medida que o barulho que o carro fazia parecia ficar mais intenso. 
- NÃO! - respondi no mesmo tom de voz. - Eu não vou deixar você fazer alguma loucura! - fui para mais perto do carro e encostei minhas mãos no capô, tentando encontrar seus olhos através do vidro levemente escuro. Percebi que ele abriu a porta e voltou para perto de mim, segurando minhas mãos com força e me levando até a calçada. 
- Nunca mais faça isso de novo, me ouviu? Nem eu sei do que sou capaz e entrar na frente do carro foi um dos piores erros que você poderia cometer. 
- Você entende bem de erros, não é? 
- Chega, isso precisa acabar! - ele voltou para dentro do carro e eu ouvi os pneus fazerem um barulho estridente e ele arrancar com o carro de uma maneira bruta, acelerando em seguida e sumindo de nossas visões. Muito, muito rápido. 
- Jared, faça alguma coisa! Por favor, impeça-o! - eu sabia que era inútil pedir por aquilo. 
- Já é tarde, Demi. 
- Eu vou ligar para ele! - entrei correndo, procurando desesperadamente pelo telefone. O peguei e obriguei minha memória a lembrar todos os números. Depois de errar duas vezes por minhas mãos estarem tremulas, consegui fazer com que chamasse. Nada. Tentei de novo e caiu na caixa postal. Não deixei que a voz irritante terminasse de falar, apenas desliguei e sentei no sofá. Eu não roia minha unha daquela maneira há anos. Logo Cassie estava sentada ao meu lado e Jared estava prestes a fazer um buraco no chão. 
- Ele não estava falando sério, né? - Cass perguntou, com os olhos arregalados. 
- Não sei. 


Joseph's P.O.V

Joguei o celular no banco traseiro. Não queria ouvi-la. Parei o carro em uma esquina qualquer e apoiei minha cabeça no volante. É, eu não sabia o que diabos tinha acontecido para agir daquele jeito com Demetria. Logo com ela... 
Talvez no fundo eu até sabia, mas obriguei minha mente a não pensar naquilo. Liguei o carro novamente e comecei a dirigir sem direção alguma. 
Droga, eu tinha conseguido mesmo assustá-la! 
E o cheiro dela estava impregnado naquela porcaria de carro. Abri a janela com violência para tentar me livrar daquele perfume tão intoxicante e enquanto eu pensava em tudo que tinha acontecido, senti a raiva queimar dentro de mim de novo. Eu não podia culpar Demetria por querer saber sobre aquelas coisas. Era difícil admitir, mas, sim, eu estava omitindo dezenas de coisas. Coisas que eu venderia minha alma para poder esquecer. Mas eu não podia. Estavam lá, como um filme de imagens distorcidas. Fui um idiota ao acreditar que aquilo não voltaria para foder com a minha vida. 
- Filho da puta! - soquei o volante, ignorando o celular que continuava a tocar. Procurei sem jeito por algo no porta-luvas do carro, eu precisava daquela porcaria! Tinha perdido aquele hábito há alguns bons anos, mas que se danasse, eu precisava de um cigarro! 
Depois de várias tentativas em fazer o isqueiro funcionar, dei uma longa tragada e senti a nostalgia provocada pela nicotina. 
Demetria nunca tinha me visto fumar. Nunca. 
Do mesmo jeito que eu queria arrancar a cabeça de alguém, também queria relaxar. Liguei o rádio do carro e foi direto para uma estação que tocava apenas o bom e velho Rock n’ Roll. 
Bipolar, desorientado, doente... Ou seja lá que inferno eu era, mas precisava fazer alguma coisa. Precisava matar aquela vontade de socar alguma coisa. E eu sabia quem seria minha vítima. 
Traguei o cigarro pela última vez antes de jogar seu resto pela janela. 
Se Cameron falou com Demetria, provavelmente sua família - incluindo a mulher que me colocou no mundo - estava de volta à Inglaterra, mais precisamente à Londres. Um instinto me fez dirigir até a casa que passei em frente tantas e tantas vezes; em todas as vezes eu desejava que ela pegasse fogo e explodisse com todos dentro. Mentalidade psicopata, quem se importava. Estacionei o carro do outro lado da rua, e todas as luzes estavam acesas. Encarei meu dedo anelar e a chama de ódio voltou a queimar. Procurei por algum sinal dele, mesmo sabendo que outra família qualquer poderia estar vivendo ali. 
Não, não era outra família. O desgraçado surgiu dos fundos da casa. Surpreendeu-se ao me ver, mas tratou de colocar em sorriso no rosto. 
- Procurando alguém? 
- Se você quiser perder todos esses dentes, é só avisar. - ameacei, sabendo que poderia fazer aquilo a qualquer momento. 
- Veja só, a fera acordou! - estávamos a uma boa distancia um do outro, porém comecei a andar em sua direção. - Me entristece não receber nenhuma demonstração de saudade. 
- Eu sabia que você não ficaria longe por muito tempo. - ele fez um gesto com os braços, algo que parecia querer dizer "Surpresa!". Logo já estávamos frente a frente. 
- Meu caro, eu não lhe devo satisfações do que faço ou deixo de fazer. Para onde vou ou deixo de ir... Na verdade, se alguém deve satisfações por aqui, esse alguém é você. 
- Não deve satisfações a mim, mas deve ao seu papai, não é? Não acha que está velho demais para morar com ele e sua mulher? 
- Não é da sua conta. - respirei fundo e tentei me concentrar em alguma coisa para não partir a cara dele. 
- Você quer acabar com a minha vida, não é, Wolfe? - ele ergueu uma sobrancelha. - Espero que esteja disposto a abrir mão da sua também. Vou te arrastar comigo. - o encarei bem nos olhos. 
- Eu quero acabar com a sua vida? Oh, sério? - o palhaço riu. - Pensei que você mesmo já tinha se encarregado de fazer isso. - silêncio, uma troca mortal de olhares. Minhas mãos estavam fechadas em punhos. - Como a Demi está? 
Não aguentei o modo como ele se referiu a ela. 
Wolfe se afastou, cambaleando, minha mão latejou devido ao soco que dei na região de seu nariz; mas nem aquilo fez seu sorriso sumir. 
- Vou fazer com que você se arrependa por ter colocado aquilo na cabeça dela! - encarei o sangue que escorria de seu nariz. 
- Pobre Joseph, foi enganado... Eu não falei nada à ela. - disse simplesmente. - Carter falou. - franzi o cenho, não acreditando naquela barbaridade que ouvia. Carter Stone, o perturbado? Era piada com a minha cara, só podia ser. - Não sei como vocês ainda não se toparam por ai... 
- Só vou te avisar uma vez... - fitei uma das janelas da casa e uma mulher de meia idade observava tudo. Merda! Apenas para completar aquela ótima noite. - Já quis mais do que qualquer coisa ver você morto, se lembra disso? Já tentei te matar... - fui me afastando e aumentando o tom de minha voz. - E se chegar perto da Demetria de novo, eu não vou apenas tentar, eu vou fazer. Sem falhas ou alguém que possa impedir. Tenha isso como uma promessa! - apontei para ele, que não movia um músculo, apenas me encarava com expressão de tédio. - Avise a mesma coisa ao seu amigo Carter. 
- Mal posso esperar, irmãozinho. 

Though it all looks different now, i know it's still the same.
Everywhere i look you're all i see
Just a fading fucking reminder of who i used to be.

3 comentários:

  1. pooosta maiiiiis, preciso de mais. perfeitooooooo quero mais, tadinho dos jemi, aargh esse cam e carter pqp ódio deles

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  2. Oh meu Deus. Leitora nova eu amei a fic é perfeita pooosta
    Fabíola Barboza

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  3. Selinho: http://fanfiction-minhavida.blogspot.com.br/2014/03/selinho.html

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Sem comentario, sem fic ;-)