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sexta-feira, 14 de março de 2014

Secretary II - Capítulo 8


Halloween - Parte 2


(Coloque Wicked Game do Chris Isaak para tocar quando a letra surgir.)



" - E se o inferno nos dominar mais uma vez?
- Queimaremos juntos, então. Juntos."

" - Estamos fadados a viver desse jeito? Só quero um pouco de paz.
- Juntos, os problemas nos acompanham; mas, se para me livrar dos problemas eu tiver que me afastar de você, prefiro viver sem saber o que é ter paz."
 

Aqueles trechos de conversas passadas invadiam minha mente enquanto os olhos dele pareciam estar amaldiçoados, ele simplesmente não conseguia tirá-los do meu rosto. Ainda absorvendo suas palavras, absorvendo a profundidade daquele pedido, eu desejei que a razão simplesmente fosse para o inferno. Ele tinha me pedido para prometer que eu o ajudaria, e mesmo não sabendo como eu poderia ajudar, não precisava pensar muito para aceitar qualquer coisa por ele. A razão que fosse para o inferno de uma vez. Aquela Clínica? Para o inferno. Erin Fields? Para o inferno. Carter, Cam e seus planinhos idiotas? Para o inferno. Promessas que eu havia sido capaz de fazer no passado? Que fizessem companhia aos outros para o inferno. Apenas isso. 
Os olhos verdes do homem a minha frente pareciam sugar os problemas que rodeavam meu ser, e as mãos fortes e decididas ainda pareciam escolher onde permanecer. Meu corpo inteiro queimava, apesar do arrepio em minha espinha. Eu não podia deixar de sentir aquilo, pois sabia que em instantes estaria me entregando a ele como havia feito tantas e tantas vezes... Apesar de tudo, de tudo mesmo, eu sempre sabia qual seria o meu lugar no final: Nos braços dele. 
Realmente não importava o que se passava entre nós; a atração de nossos corpos conseguia superar tudo. Algo carnal, doentio, irresistível. 
Talvez aquele meu desejo de mandar tudo para o inferno fosse passageiro, e eu tinha total certeza que sim; depois de sentir o último lampejo de prazer deixar meu corpo, eu voltaria a realidade e me trancaria com os problemas de novo, jogando a chave longe demais para poder alcançar novamente. Então, sem saída, eu iria apenas me entregar. 
Seus lábios passaram pelos meus com rapizes e logo ele tratou de descer para o pescoço. Depositou alguns beijos ali, nada muito elaborado, mas que conseguia proporcionar uma sensação monstruosa em mim. O cheiro dele chegava a ser um absurdo de tão bom, e eu respirava com rapidez, para tentar sentir aquilo me dominar cada vez mais. 

The world was on fire and
O mundo estava em chamas e
No one could save me but you
Ninguém podia me salvar, a não ser você
It's strange what desire make foolish people do
É estranho o que o desejo faz as pessoas tolas fazerem
I never dreamed that I'd meet somebody like you
Eu nunca sonhei que conheceria alguém como você
I never dreamed that I'd lose somebody like you
Eu nunca sonhei que perderia alguém como você.

- Eu quero a sua promessa. - Joseph disse, com a voz fraca e rouca, ao pé do meu ouvido. Apenas concordei com a cabeça e fechei os olhos. Senti ele puxar meu corpo pela cintura, tirando-me daquela prisão entre seu corpo e a porta e me guiou até a pequena mesa que ficava ao lado da sala; minha sala de jantar improvisada. Sentou-me ali e encaixou o corpo por entre minhas pernas, as enlacei em seu quadril e continuei a beijá-lo, tentando dar o melhor de mim a ele. Pouco importava a maquiagem exagerada em meu rosto, ele não ligava para isso. Sua boca abusava da minha, mordiscando sem piedade e atacando minha lingua com a sua sem medir consequencias. Brevemente ele se separou de mim para tirar a blusa preta, revelando seu abdomen iluminado apenas pela luz que entrava pela janela da sala. Olhei aquilo com fervor, observando Joseph se abaixar para começar a tirar minhas botas enquanto eu continuava sentada e imóvel. Depois de tirar as duas, ele subiu novamente e apertou uma de minhas coxas com a mão, beijando a outra. Sua mão que estava livre começou a puxar o vestido preto para cima, subindo com os beijos, chegando perigosamente perto da virilha. Não sei como, mas logo a barra do vestido já estava na altura do meu umbigo, devido ao pano mole que se movimentava fácil. Irritada com aquilo, o puxei pela cabeça, ficando apenas com a lingerie e as meias. Pensei em tirá-las logo, mas assim que tentei, ele parou de me beijar e segurou minha mão, negando com a cabeça. 
- Fique com as meias - ele subiu, ficando mais alto do que eu, beijando meu queixo e ombros. - É absurdamente sexy. 

No, I don't want to fall in love
Não, eu não quero me apaixonar
(This love is only gonna break your heart)
(Esse amor vai quebrar seu coração)
No, I don't want to fall in love
Não, eu não quero me apaixonar
(This love is only gonna break your heart)
(Esse amor vai quebrar seu coração)
With you
Por você...

- Você não pode fazer isso comigo, não é justo. - ouvi minha própria voz sair irreconhecível, devido a gemidos que escapavam junto. As mãos dele abriram o feixo do sutiã escuro e o jogaram longe. Não foi uma surpresa quando ele tinha inclinado o corpo mais uma vez e se deliciava com meus seios. Que paixão interessante os homens tinha por aquele local. - Não... - arfei, segurando os cabelos dele com força quando senti seus dentes em um dos mamilos enrijecidos. - Não pode, Joseph. Tudo isso acaba comigo! - o puxei com raiva, fazendo seu rosto ficar frente a frente com o meu. - Amar você é quase um pecado, me causa danos... - seus lábios me impediram de continuar a fala. 
- Mas você não pode resistir, Demetria. Nunca vai poder resistir, e é isso que faz com que eu continue a lutar para livrá-la desse mundo cruel que nos cerca. Um dia eu vou conseguir. Até lá... - minha calcinha começou a ser puxada para baixo. - Permanecemos tentando tirar algum prazer da dor

What a wicked game to play
Que jogo malvado de se jogar
To make me feel this way
Que me faz sentir dessa forma
What a wicked thing to do
Que coisa malvada de se fazer
To let me dream of you
Deixar-me sonhar com você
What a wicked thing to say
Que coisa malvada pra se dizer
You never felt this way
Você nunca se sentiu assim
What a wicked thing to do
Que coisa malvada de se fazer
To make me dream of you
Fazer-me sonhar com você

Era um jogo malvado. Um jogo perigoso e, infelizmente, irrevogável. Joseph continuava sendo o vilão de tudo aquilo, um principe coberto pelas trevas. Ele teve tempo para me acalmar e me fazer sentir segura, mas enquanto eu estava a mercê dele naquele momento, não sentia mais aquela segurança. O meu medo não era dele, não era de seus toques e nem de sua pele suada se enroscando com a minha. Eu tinha medo do que conviver com ele poderia trazer a mim. Eu continuaria naquele looping infinito até... Não sabia até quanto. E nem queria parar. Estavamos viciados no incerto, presos no perigo e envoltos pelo drama. Drama, apenas uma palavra como qualquer outra. Cinco letras e um significado amargo que se misturava com o gosto de Joseph em minha boca. 
Ele se livrou de minha calcinha preta, tornando minhas pernas a única parte aquecida de meu corpo, por causa das meias 7/8. Segurou minhas coxas mais uma vez, tentando separá-las mais e se afastou, pegou algo dentro do bolso da calça e logo abaixou o zíper, levando a boxer junto. Aproximou-se de novo, comemorando a reaproximação de nossos corpos com um beijo apaixonado. Ele colocou a mão em meus cabelos, os puxando um pouco para trás. Senti seu pênis ereto provocar minha entrada, envolvendo seu pescoço com um abraço assim que a glande me penetrou. Sorri, involuntáriamente e fiquei de olhos fechados. Não queria enxergar nada, queria apenas sentir. Visão não me valia de nada naquele momento. As mãos de Joseph seguravam com gosto meus quadris e eu comecei a movimentar meu corpo de um jeito mais faminto, tentando achar um jeito de deixá-lo cada mais dentro de mim. As investidas começaram a aumentar gradativamente, enquanto um procurava o jeito de aproveitar melhor o corpo do outro. Seu sexo pulsante e duro chocando-se com minha intimidade molhada que latejava em uma súplica por mais. Beijei seu pescoço e distribui inumeros chupões pelo local, enquanto ouvia seu fraco gemido. Meus gemidos não eram altos, eram baixos e controlados, mas isso não queria dizer que o prazer que fazia meu corpo se contorcer nos braços dele era pouco. Muito pelo contrário. Segurando meus quadris de um jeito possessivo e dando uma estocada poderosa, ele virou o rosto para encarar o meu. Não sei se era uma mistura de tudo, mas olhar o estado de seu expressão, encarar aqueles olhos e aqueles lábios só fez o prazer se agravar. Senti o ponto máximo dele se aproximar, era evidente. Depositei força em meus braços que o abraçavam pelo pescoço e fiz um movimento lento com o quadril, sentindo minha vagina contrair-se quando finalmente o prazer maior chegou. Ele não conseguiu segurar e gemeu alto, fechando os olhos e puxando meu corpo com força, como se quisesse deixar uma marca. Com nosso suór se misturando, afastei um fio de cabelo grudado em sua testa e grudei nossos lábios. Passei minha lingua pelos lábios quentes de Joseph, enquanto ele tentava normalizar sua respiração. 

And I wanna fall in love
E eu quero me apaixonar
(This love is only gonna break your heart)
(Esse amor vai quebrar seu coração)
No, I don't want to fall in love 
Não, eu não quero me apaixonar
(This love is only gonna break your heart)
(Esse amor vai quebrar seu coração)
With you
Por você...

Me surpreendendo totalmente, ele sorriu. Um sorriso largo e perfeito. Um demônio preso ao corpo de uma criatura que por vezes aparentava ser tão angelical. Eu não conseguia parar de olhar, queria congelar aquela imagem e poder ver sempre que estivesse triste. Aquele sorriso irradiava calma, calor, felicidade. Nem ele mesmo sabia, mas era com atos como aqueles que eu ainda conseguia acreditar que poderia alcançar a felicidade extrema. Meus olhos arderam, as lágrimas estupidas querendo sair. Ele parou de sorrir. 
- Por favor... - encostei nossas testas. Não queria chorar, não queria ser tão fraca. - Eu imploro, não pare de sorrir. - desci minhas mãos por suas costas, aproveitando a pele macia. - É o único jeito de fingir que tudo está bem, faz com que eu sinta que tudo está bem. 
- Você vai ficar bem. Você vai. - ele fazia um carinho distraído em minha bochecha. 
- Nós vamos ficar. Nós dois, e pare de falar como se no final eu fosse terminar sozinha. Bem, porém, sozinha. 
Joseph permaneceu em silêncio por um tempo, encarando o nada, pensando em alguma coisa. 
- Me desculpe, me desculpe por tudo isso! - me surpreendeu de novo. - Eu só queria ser feliz com você. Queria deixar o passado para trás e ser feliz com você. Droga, Demetria, como eu queria poder te pegar agora e ir para bem longe. Nos afastar de toda essa dor... 
- Então por que não faz isso? - me atrevi a questioná-lo sobre aquela hipótese, desejando fortemente que pudesse se tornar verdade. 
Quando você não sabe mais como lidar com as coisas, simplesmente foge delas. 

No I...
Não, eu...
Nobody loves no one
Ninguém ama ninguém..

- Não posso. - suas mãos me soltaram, quebrando qualquer tipo de contato. Não apenas físico, mas emocional também. O calor me deixou e foi embora. Ainda nua e sentada na mesa, eu continuava a observar os movimentos daquele homem. Que segredos ele carregava? Quais seriam as respostas para todas aquelas perguntas? Por que o ponto de interrogação não podia simplesmente explodir e ser apagado da memória das pessoas? 

Depois de nos vestirmos de novo, eu subi com pressa para o banheiro. Deixei Joseph para trás e tranquei a porta. Mesmo sentindo minhas pernas fracas e partes do meu corpo ainda sensíveis, eu precisava voltar para a festa de Halloween. Não tinha a mínima ideia de como aguentaria, mas eu procuraria por forças em algum lugar. Cassie estava esperando sua maldita playlist. Joguei água no rosto uma seis vezes; parte era para aliviar um pouco aquela maquiagem borrada, parte para tirar aquela sensação de mim. Peguei uma toalha e passei pelo rosto, vendo o mesmo ficar manchado. Não me importei e a joguei a toalha em qualquer lugar, prendendo meu cabelo em um nó e saindo do banheiro. Fui até meu quarto e peguei o notebook de Cassie. Quando terminei de descer as escadas,Joseph estava sentado no sofá. Os cotovelos apoiados nas coxas, as mãos cobrindo o rosto. Até parecia estar chorando, mas, não, não tinha lágrima alguma quando ele virou o rosto para me encarar. Trocamos olhares frios por um segundo e eu fiquei parada, sem coragens para tentar uma aproximação. Nosso cheiro ainda passeava pelo comodo. 
- Precisa ir ao banheiro? Eu tenho que voltar para a festa da Cassie, ela pediu que eu viesse buscar isso. Deve estar querendo comer meu fígado agora, por causa da demora... 
Demetria! - ele soltou um longo suspiro ao pronunciar meu nome. Abaixei o olhar e respondi apenas com um som de "uhum" que saiu de minha garganta. - Você prometeu me ajudar! 
- Como eu posso te ajudar se não sei o que quer? Francamente, Joseph, eu detesto ter que cortar esse nosso clima, mas eu realmente preciso sair daqui! - quando me dirigi até a porta, ele se levantou rapidamente e segurou meu braço que estava livre, eu carregava o notebook apenas com uma mão. Respirei fundo, sentindo o salto da bota fazer com que o peito do meu pé começasse a doer. 
- Talvez eu tenha feito uma coisa. - Joseph soltou as palavras rápido demais e eu franzi a testa, esperando que ele repetisse. - Talvez meu pai não tenha me mandado para aquela clínica sem motivos. Talvez eu tenha escondido dezenas de coisas de vocês... Mas aparentemente algumas coisas estão escondidas de mim também. 
- Que... 
- Não me lembro, Demi. Sabe quando você bebe muito e quando acorda no dia seguinte se sente péssimo ao pensar no que poderia ter feito? As pessoas não respondem o que você fez, elas só começam a agir de um modo estranho com você. Eu tento, tento, tento me lembrar, mas... Nada. 
- Está me dizendo que algo sério aconteceu e você não consegue se lembrar? 
- Em partes. 
- E escondeu coisas de mim? - soltei um riso abafado, inconformada. 
- Eu não... 
- Droga, eu sempre estava do seu lado! Que porcaria, Joe! Por que esconder algo de mim? Lembre-se de Los Angeles, lembre-se do que você queria fazer, lembre-se de tudo que eu tive que aguentar. Naquela época não lhe importava o que eu sabia ou não. 
- Naquela época eu queria matar uma pessoa, eu apenas... Queria. Eu não matei. 
Arregalei meus olhos, tentando me fazer acreditar que estava entendendo tudo errado. 
- Venha para a festa da Cassie comigo, você precisa esfriar a cabeça. 
- Isso é sério? Quer mesmo que eu vá? 
- Bom, você ainda é meu marido. 
- Essa conversa ainda não acabou, Demetria. 
- Eu sei. - saimos pela porta, caminhando até o carro de Cassie. Noite longa, noite longa, noite longa... 


You came to see the mobscene,
I know it isn't your scene.
It's better than a sex scene
and it's so fucking obscene. Obscene, yeah.


Reconheci a voz de Marilyn Manson. A festa não estava diferente de quando eu a tinha deixado. Bem, na verdade estava sim, estava pior. As pessoas já dançavam de um jeito mais solto, segurando garrafas de alguma bebida. Ninguém ali era adolescente, eu não entendia porque estavam se comportando como tal. Aliviada por não encontrar ninguém demonstrando seu amor ao próximo pelo gramado, corri até a entrada da mansão. Joseph vinha inseguro atrás de mim, estranhando toda aquela bagunça. Avistei Cassie de longe e a chamei, balançando o braço. Assim que me viu, ela fez uma cara estranha e veio em nossa direção. Primeiro me encarou de um jeito que dizia "Que diabos aconteceu com a sua aparência?" e depois encarou Joseph. Cassie pegou o notebook e sorriu. 
- Eu não queria playlist nenhuma. - eu sabia! - Joseph me ligou e... - soltou um risinho. - Ah, eu queria ajudar! 
- Você é um anjo. - eu disse, sem nenhuma intenção de dizer. 
- Posso falar com você agora? - ela pediu, colocando o notebook nas mãos de um homem fantasiado de múmia que passava por nós. - Cuidado com isso, rapaz! 
Deixei Joseph perdido no meio de tudo aquilo e segui Cassie até uma parte afastada da mansão. Ficava aos fundos, e eu pude ver uma pequena casinha de madeira em uma das laterais. Quando terminei de reparar nos detalhes de onde estava, retornei meu olhar para minha amiga que tinha acabado de tirar a peruca de fios negros e jogado-a longe. Com os cabelos loiros aparecendo de novo, ela me olhou em dúvida e depois deu um longo suspiro. Algo me dizia que coisa boa não estava vindo. A encarei sem entender, levantando as sobrencelhas em gesto que pedia para ela abrir a boca e começar a falar o que pretendia. 
- Sabe, Demi... - ela cruzou os braços e se encostou em uma árvore, encarando o gramado. - Quando o Joseph me ligou, eu já sabia que daria de um jeito de fazer com que vocês se encontrassem. Eu sabia que vocês andavam meio, você sabe, estranhos um com o outro e eu sei bem como é se sentir assim com a pessoa que está com você. Pensei e tive a desculpa idiota de pedir para que você fosse pegar o notebook, pois eu sabia que Joseph estava te esperando. - ela deu uma breve pausa, depois retornou a tagarelar como se não precisasse de ar. - Joseph sempre vai estar te esperando, ele sempre vai estar preocupado com você... O jeito como ele te olha... Meu Deus! O que eu não daria para alguém me olhar daquele jeito... 
- Cassie! - a interrompi. - Você não tem motivos para ficar desejando esse tipo de coisa. Você tem o Jared! 
- Não, eu não tenho. - ela me encarou nos olhos e eles brilhavam devido as lágrimas que ameçavam cair. - Jared nunca foi meu... Ele só esteve comigo porque era confortável. É bom estar junto de alguém que sente algo bom por você, sabe? Parece que isso te dá uma sensação de segurança. Não importa o que aconteça, não importa mesmo, aquela pessoa vai estar do seu lado. Ele me via assim, como alguém que estaria lá quando ele se sentisse sozinho. Mas não é a mim que ele quer... 
- Cassie... - eu tentava fazer ela parar de falar, porque de um jeito estranho eu já sabia o que estava por vir. 
- Deixa eu terminar de falar, que droga! - sua voz se exaltou um pouco, mas logo voltou ao tom normal. Ela limpou uma lágrimas com as costas da mão e riu de um jeito sombrio, balançando a cabeça negativamente. - Eu tenho invejo de você, Demetria. 
- Inveja de mim? Cassie, por favor, como você pode dizer isso? - arregalei meus olhos. Ela só podia estar louca! Como alguém poderia ter inveja de mim? Quem gostaria de ter que saber das coisas que eu sou obrigada a saber? Quem gostaria de estar nesse terrível impasse que não me abandona? 
- Você tem alguém que te ama. Eu invejo isso. E talvez eu inveje também o fato de como você consegue ser sem vergonha quando quer... 
- Espera! Do que você está falando? - merda... 
- Eu ouvi! - fechei os olhos, mordendo o lábio inferior com raiva. Como eu pude ter dito aquilo a Jared em alto e bom som? - Sabe, o pior não é saber que você teve um rolo ou algo do tipo com o Jared, porque é passado... Mas, porra Demetria, você me contou que quase morreu em Los Angeles e não me contou o que aconteceu entre você e o meu... - ela engasgou com as palavras, não tendo certeza se a próxima seria a certa. - Meu namorado. 
- Eu não tive um rolo com o Jared! Ele só gostava de mim... 
Gostava? Você acha que eu sou ingenua ou o que? Sabe, eu posso parecer uma loira idiota e totalmente superficial que só repara em coisas futeis, mas, assim como você ou qualquer outra pessoa, eu tenho sentimentos! - era uma droga ter que admitir, mas eu estava começando a me sentir péssima, me sentir um lixo. - Jared ficou brincando comigo todo esse tempo! O gato perdeu o rato e ficou se contentando com brinquedinhos de borracha... - achei totalmente bizarra aquela comparação, principalmente na parte dos "brinquedinhos de borracha". Se aquela tivesse sido uma conversa casual, eu teria rido. 
- Quer saber, Cassie? Vá em frente, me xingue, diga o quanto errada eu fui em esconder isso de você! Pode começar a jogar todas essas coisas na minha cara. Mais um problema não vai fazer diferença. - eu já sentia as minhas lágrimas dando sinal de vida também. Eu estava cansada, terrívelmente cansada. Minha teoria estava sendo comprovada: Eu havia tido um longo tempo da mais pura felicidade. Amigos perfeitos, namorado/marido perfeito, vida perfeita. Me entreguei a felicidade e o que aconteceu? Tudo começou a desabar sobre mim, como pilhas e mais pilhas de paredes de concreto pesadas e barulhentas. Com o desabafo dela, eu sabia que não me controlaria e acabaria desabafando também. - Você diz que tem inveja de mim, mas se soubesse o que eu estou passando, daria graças a Deus por não estar na minha pele. Eu tenho alguém que ama? Sim, talvez eu tenha, mas eu não sei mais quem é essa pessoa de verdade. Você pode não ter o amor que merece, mas também não tem estranhos que ficam rondando sua vida e arrumando sempre um novo jeito de te colocar para baixo, de acabar com o que você tem de bom. Eu errei, errei feio por esconder o que aconteceu entre mim e o Jared, e, acredite, eu me arrependo... - funguei, sentindo meus pulmões implorarem por um pouco de ar enquanto eu falava sem parar. - Mas eu estou cansada de sofrer pelos problemas dos outros. Cassie, eu não tenho problemas! Eu, não, mas as pessoas ao meu redor estão carregadas. Os problemas delas se sentem atraídos por mim, eles grudam em mim de uma maneira insuportável! Eu cansei, porra, eu cansei! - nós duas choravamos feito duas idiotas enquanto eu não sabia mais segurar todas aquelas palavras, não conseguia fechar minha boca. Talvez os convidados da festa já estivessem escondidos ouvindo nossa conversa. - Você e o Jared não estão bem? Eu sinto muito, mas eu não posso fazer nada quanto a isso. Eu não tenho nada com ele! Tentei ser uma boa amiga durante esse tempo. Agora, por favor, fique com os seus problemas para você, porque eu não... 
Demetria! Demetria! - uma voz estridente vinha em nossa direção. Rachel surgiu correndo e olhou de Cassie para mim. A expressão de pânico em seu rosto era evidente. 
- O que houve, Rachel? - Cassie perguntou, de um jeito baixo e cansado. 
- Por favor... P-por favor, venham comigo! - ela tentava respirar, não conseguindo manter o corpo calmo. Por ela ser mais baixa, apoiei minhas mãos em seus ombros e a chacoalhei levemente. 
- O que diabos está acontecendo? 
- Tem um... Tem um homem... - ela olhou para a direção da mansão. De repente, meus ouvidos captaram um som de vozes altas misturado ao som de vidro se quebrando. 
Lembrei que Joseph estava no meio naquela festa e... 
- QUE HOMEM? - Cassie berrou. 
- Tem um homem fantasiado de Freddy Krueger... Ele chegou como quem não queria nada, daí eu estava perto e percebi que Joseph arregalou os olhos e ficou todo tenso... Os dois começaram a discutir, começaram a falar coisas que eu não estava conseguindo entender e então... 
- Maldição! - eu disse, largando Rachel e disparando a correr para a parte da mansão que estava antes. Vozes altas e alguns gritos femininos ficavam cada vez mais evidentes enquanto eu me aproximava mais. Se era uma briga, por que diabos ninguém estava fazendo nada? Esbarrei em uma pessoa que eu não tive tempo de definir se era homem ou mulher e, depois de quase cair de cara no chão, parei no meio do gramado. Meus pés imploravam para que eu me livrasse daquelas botas e meus olhos imploravam para que aquilo não fosse verdade. A visão que eu tive só não poderia ser pior que a visão do inferno... Não, eu nunca tinha visto o inferno, mas qualquer um é capaz de imaginar. Era como se aquela fosse a peça de dominó responsável por fazer toda a fileira desmoranar em sequencia. E a trilha sonora era insana. 

Don't break, don't break my heart
And I won't break your heart-shaped glasses
Little girl, little girl you should close your eyes
That blue is getting me HIGH


Joseph e Carter estavam frente a frente. 
Junto aos gritos que faziam uma mistura entre assustados e animados, eu pude avistar Caleb de um lado; ele segurava um ser que usava um chapéu marrom e estava com uma espécie de suéter vermelho e verde, algo que lembrava o natal. Uma de suas mãos estava coberta por uma luva marrom e garras de metal começavam nas pontas dos dedos. Freddy krueger. E como aquela fantasia tinha combinado com Carter! Do outro lado, avistei Jared com os cabelos loiros de sempre, sem a peruca, tentando a todo custo segurar um Joseph totalmente fora de si. Enquanto ele se debatia para se livrar dos braços de Jared, virou seu rosto para o meu lado e eu arregalei os olhos e coloquei a mão na boca, tentando me segurar para não gritar ao perceber um ferimento em seu rosto. Três marcas aparentemente profundas e liberando sangue marcavam a bochecha de Joseph. Carter tinha feito aquilo a ele com aquela porra das garras! Busquei por coragem interior e corri para mais perto de onde eles estavam. Gritei o nome de Joseph algumas vezes durante o caminho e então Caleb gritou de volta para que eu ficasse longe. Assim que o mesmo soltou meu nome, todos os olhares se voltaram para mim. 
Todos os olhares. 
Carter fez um movimento bruto com o corpo e se livrou de Caleb, acertando um soco em seu estômago. Meu amigo nerd caiu no chão, com a mão sobre o local acertado. Aquilo parecia um pesadelo, parecia uma cena de guerra. Todas aquelas pessoas com fantasias bizarras, a escuridão, aquele caos... Era como provar do inferno. 
- Ora, ora, olha só! Chegou quem faltava! 
- FIQUE LONGE DELA! - Joseph berrou, olhando com fogo nos olhos para mim. Com a nossa proximidade, eu pude perceber o quanto seu ferimento era grave. Encarei Carter, que se aproxima e comecei a recuar, indignada porque ninguém ao redor estava fazendo nada. Assistiam, simplesmente assistiam como se aquela fosse a atração de terror mais esperada do ano. 
- O que você fez... - não consegui terminar minha fala e quando percebi, Carter já estava de frente para mim. A mão que sustentava as garras se aproximou do meu corpo e ele as encostou em meu ombro, descendo pela lateral do meu corpo. Fechei os olhos e passei a torcer para acordar a qualquer momento. Senti o metal frio parar em minha cintura e quando abri meus olhos de volta, Carter me encarava com um ar superior, com a cabeça inclinada para um lado. Eu me sentia nas mãos do próprio Freddy Krueger. 
Porém, a realidade parecia ser pior que um filme de terror. 
Que tal um pesadelo? - ele disse em um tom baixo, movimentando as garras. Me movi com cuidado, pois eu sabia que aquilo poderia me machucar, assim como tinha machucado Joseph. 
- Já estou vivendo um... - tomei coragem. - Por sua causa! 
- Minha causa? Vou te dizer uma... - Carter não conseguiu terminar sua frase, fora atingido por um Joseph que mais parecia estar possuído. Me afastei bruscamente quando o corpo dos dois caiu no chão. Eles lutavam, lutavam de um jeito desesperador e então Jared e Caleb foram para cima de novo. Eu gritei, gritei por Joseph, não queria que ele fosse ferido de novo. Os dois foram separados e levantaram, recusando ajuda de Jared e Caleb. Se encaram de um jeito tenso, assustador. Era como se eles estivessem se matando em pensamento das maneiras mais crueis possíveis. Carter passou a ignorar minha presença e olhou ao redor. 
- HEY, PODEM APARECER AGORA! - ele gritou, atraindo a atenção de todos os outros para o local que olhava. Não consegui me segurar e também olhei para o tal lugar, me arrependendo em seguida. Havia um carro estacionado do outro lado da rua, era possível enxergá-lo mesmo estando dentro do jardim da mansão. As duas pessoas que saíram do veículo não estavam fantasiadas, usavam roupas pretas normais. 
Cameron e Bethany. 
Toda aquela confusão só podia estar inspirando o DJ, porque as músicas tornavam tudo mais... Sombrio. 

City of sin yeah we just can't deny it
City of sin yeah we just cannot fight it
City of sin raise a glass and lets toast to it
We're singing Welcome to the City of Sin


Senti meu estomago embrulhar e xinguei todo o universo. Como aquilo poderia piorar com o passar dos segundos? 
Os dois entraram pelos enormes portões abertos e pararam a poucos centimentos das outras pessoas. Bethany tinha um olhar perdido, vagava em várias direções e, quando chegava em Carter, ela encolhia um pouco o corpo, assustada. Cameron estava indiferente a tudo ao seu redor, só conseguia me encarar. Desviei o olhar dele e procurei aflita por Joseph. Ele estava imóvel ao lado de Jared, com uma expressão de raiva e dor no rosto. Passava a mão diversas vezes pelo local ferido e respirava fundo ao ver o sangue em suas mãos. Nossos olhares se cruzaram e ele sussurou um pedido de desculpas. 
Carter começou a rir. Rir histericamente. Eu tinha minhas duvidas de que aquele homem não era normal. 
- Quanta nostalgia, não é, meus amigos? Carter olhou para a pequena multidão que não fazia questão de se afastar. - Não, vocês não podem entender isso. Mas, felizmente, quatro sortudos presentes aqui podem! 
- Carter, ninguém está interessado nos seus showzinhos. - Cameron disse, friamente. As vezes aquele homem parecia ser de pedra. Ficava estático com os braços cruzados, como se nada pudesse atingi-lo. Outras vezes era tão... 
Cameron. Bethany. Joseph... - quando apontou para Joseph, a expressão do mesmo foi de deboche. Eu sabia que meu marido estava se controlando por minha causa, eu sabia que ele não queria fazer uma besteira que pudesse me prejudicar. Totalmente exasperado, ele apenas continuou a encarar o inimigo nos olhos. - E eu. - Carter apontou as garras para seu peito, fazendo um som negativo com a boca. - Mas espera... Falta uma pessoa, não falta? Quem falta, Joseph
? Todos olharam para Joseph. Realmente parecia um filme, parecia mesmo! 
Joseph se livrou de Jared e caminhou sileciosamente até Carter. O olhar era frio, os lábios em linha reta e os músculos tensos, parecia um felino prestes a atacar. 
Margo está morta. - ele disse, simplesmente, soando de um jeito tão frio que me causou arrepios. 
- Esse é o ponto! - Carter levantou um dedo. - É absurdamente bom poder ter esse encontro para matar a saudade dos velhos tempos, mas nunca poderia ser igual. Ela não está aqui. - se eu não soubesse o quanto Carter era perturbado, poderia suspeitar que seu timbre de vez era... Triste. - Margo não está aqui, porra! E de quem é a culpa? Todos sabem a resposta! 
- Cale a porra da sua boca, seu desgraçado... Ou eu juro que não vou me controlar... 
Joseph Jonas perdendo a cabeça, que novidade... - dessa vez foi a voz de Cam que se misturou a tudo aquilo. 
Joe, Joe... Sempre o mesmo garoto mimado e briguento de sempre. Por que reclama de tudo isso? Foi você quem pediu, meu caro! - Carter disse e eu já não conseguia mais entender a conversa deles. - Eu jurei que tiraria de você o que mais era importante nessa sua vidinha mediucre... Achou que eu tinha esquecido, não é? Você tirou a Margo de mim e agora eu estou simplesmente me vingando. - riu, riu com gosto. - E ainda dizem que a vida não é justa. 
- Aquela vadia está queimando no inferno agora, então que diferente faz? - foi a vez de Bethany participar daquele caloroso debate entre amigos de adolescencia. Parecia que eu estava afastada de tudo aquilo, apenas assistindo junto com os outros. Desde que Carter começou a falar e Cameron e Bethany chegaram, aquela conversa não se direcionava mais a mim ou qualquer um que não tivesse feito parte do passado daqueles quatro. Certo, eu tinha feito parte do passado de alguns deles, mas não vinha ao caso. 
- Bethany, minha querida, eu pedi para você abrir a boca? 
- Vá se foder! - ela rebateu, adotando um olhar de ódio. Eu nunca tinha visto ela daquela maneira. Em um mínuto, amiga; no outro, parte do grupinho de vilões. Adorável. 
Sabe o que faria minha noite? Todos começarem a dançar Thriller! - rolei os olhos com o comentário desnecessário de Rachel para uma convidada da festa, que estava alguns passos distante de mim. 
Como se dispertasse de volta a realidade, Carter se virou para mim novamente e começou a caminhar. Me preparei para mais uma breve sessão de tortura, mas ela não terminou seu trajeto, parou na metade do caminho e sorriu. Que merda, por que aquele sorriso me era familiar? 
- E você, minha querida Demetria... - eu tinha nojo daquele jeito dele, um demônio se fingindo de cavalheiro. - O que descobriu sobre Erin Fields? - ele soltou as palavras de uma vez, e tudo foi realmente muito rápido depois daquilo. Eu apenas tive tempo para encarar a face de Joseph se transformar completamente. Quando Carter pronunciou aquele nome, trevas surgiram nos olhos deJoseph. Ele poderia facilmente fazer todos acreditarem que a pessoa calma que se deixou ser por algum tempo nunca tinha existido. Um monstro, era isso que ele tinha se tornado naquele momento. 
Tentei entrar na frente de meu marido, impedindo que ele fizesse alguma loucura, mas fui surpreendida com um empurrão. Joseph colocou as mãos em minha cintura e me jogou para o lado. Cai no chão, logo sendo socorrida por Caleb e Rachel que estavam totalmente perdidos no meio daquela guerra. Encolhi meu corpo, disparando a chorar. Tudo que eu conseguia fazer era deixar que as lágrimas caíssem, soluçando desesperadamente enquanto eu assistia aqueles dois homens se matarem. 
O caos de verdade se instalou quando, pegando todos de surpresas, os sprinklers espalhados estrategicamente pelo gramado começaram a funcionar. O fato mais assustador de todos, foi perceber que não era água que saia deles. Todos se surpreenderam quando perceberam que o que começava a molhar seu corpo e roupas era um liquido vermelho... Sangue falso. 
Quem tinha pensado em acionar aquela porcaria? Como Cassie teve a brilhante ideia de preparar aquilo para sua festa? Eu já nem sabia o que era mais assustador no meio de tudo aquilo. As pessoas ao redor estavam molhadas e sujas com aqueles liquido, exceto aqueles que usavam capas e se protegeram. Ignotei o "sangue" em minhas pernas e permaneci do mesmo jeito, sem forças para levantar. 
Porém, uma sirene colocou fim a tudo aquilo. 
Os dois pararam de se atacar e fixaram os olhos no carro que parou do outro lado da rua. Caleb, que estava ao meu lado, sussurrou um "Não acredito, pai!" e eu logo percebi que se tratava do pai de Caleb. Polícial Austin saiu de dentro do carro, revelando seu sobretudo preto e a barba mal feita. Como se nada caótico estivesse acontecendo ali, ele entrou pelos portões e ordenou com sua arma para que todos se afastassem. Rachel me ajudou a levantar e ela queria me levar para dentro, mas eu grudei minhas pernas no chão. 
- Por que eu não me surpreendo com isso? - o pai de Caleb disse, ríspido. Encarava Joseph e Carter como se fossem soldados desobedientes. - Alguém pretende começar a falar? 
- Olá, polícial Austin... Quanto tempo! - Carter disse, deixando transbordar uma inocencia falsa. 
- Todos vocês... - o homem de meia idade caminhou ao redor do local, com uma pose de superior, falando alto. - Entrem todos, não quero ninguém fora da casa exceto aqueles dois! - Caleb começou a protestar, mas foi cortado pelo pai. - Isso serve para você também, filho. 


Joseph's P.O.V

Todos se afastaram e entraram na mansão. Eu não sabia definir meu estado. Um lado do meu rosto árdia, latejava, sangrava. Meu corpo inteiro estava tenso, meu coração doia a cada batida, mas tudo que eu me concentrava em pensar era em um jeito de acabar com aquele desgraçado. A fúria que me invadiu assim que vi Carter entrar naquele local foi tanta que eu mesmo avancei nele. O ataquei e em defesa ele acertou aquelas garras em meu rosto. Mas aquela dor não era nada, eu poderia aguentar aquilo, eu já tinha aguentado coisa pior. Muito pior. 
O que estava me matando era o jeito que tratei Demetria quando ela tentou me impedir de cometer uma loucura. Eu era um ser humano impulsivo e descontrolado, chegava a me surpreender com o fato daquelas características peculiares não terem me abandonado. Polícial Austin caminhou em nossa frente, olhando para nossos rostos como se estivessemos perante a um júri. Ignorei aquilo que acreditava ser sangue falso em meu corpo e respirei fundo, tentando me controlar para não fazer nenhuma besteira. Carter, ao meu lado, parecia inabalável. Claro que eu tinha conseguido ferir aquele rosto do inferno, mas minha vontade era de fazer muito mais. Eu queria matá-lo, queria arrancar os orgãos do seu corpo. E estava me assustando com os pensamentos que controlavam minha mente. 
- Vocês não acham que estão grandes demais para tudo isso? - Austin abriu os braços, explicitando tudo que estava ao nosso redor. - Carter, posso saber qual é a graça? 
O filho da puta estava rindo. 
- Nada não. - retirou o chapéu e jogou no chão. - Só estou pensando em como Joseph deve estar assustado pela sua presença... 
Aquilo era demais.
Avancei nele, mas Austin apontou a arma em minha direção e eu engoli em seco. Ergueu uma sobrancelha e fez um gesto com a cabeça para que eu voltasse ao lugar que estava e continuasse parado. 
- Por que ele estaria assustado, Carter? 
- Não se faça de idiota, Austin. Vocês podem deixar transparecer que deixaram aquilo para trás e continuam com suas vidinhas de merda, mas todos nós sabemos o que aconteceu naquela noite. 
- Como... Como você... - meu corpo inteiro tremia, enquanto eu tentava falar com Carter sem demonstrar meu estado. O machucado em meu rosto latejou forte, eu tive que colocar a mão sobre o local. Soltei um suspiro de dor e fechei os olhos, minhas pernas não aguentaram o peso do resto do meu corpo e cederam, me fazendo cair sentado no chão. Só então eu pude perceber o que realmente estava acontecendo. 
Demetria sabia. Demetria sabia sobre... Erin. 
- O que foi, Joseph? Verdades são demais para você? - pensei se Carter continuaria rindo daquele jeito psicopata quando eu arrancasse a pele dele. 
Na verdade, ele não me importava mais. A vontade de matar ele se esvaiu e eu só conseguia pensar em como Demi deveria estar com tudo aquilo. Como eu pude ter sido tão cego? Eles estavam procurando um jeito de entregar meu pasado em uma bandeja de prata para ela... Não poderia ficar pior, de maneira alguma. 
Ou poderia... 
- O dinheiro do seu pai, aquele que já foi comido pela terra, não será capaz de esconder isso para sempre. Bem vindo a cruel realidade... Mas, não se preocupe, está apenas começando. 
Até Austin arregalou os olhos com aquelas palavras de Carter. 

/Joseph's P.O.V


A bagunça se instalava dentro daquele lugar. Alguns convidados simplesmente se sentaram no chão e começaram a beber de novo, ignorando a briga que tinham presenciado, ignorando o sangue falso em seu corpo e todo o resto. Conversas vindas de cantos diferentes do lugar se misturavam e tudo que eu queria era sumir. Larguei meu corpo em um sofá, enquanto Caleb tentava espiar o que estava acontecendo pela janela. Eu não queria olhar, não queria sentir aquele medo gigantesco de novo. Eu não sabia mais como as coisas aconteceriam daquele momento em diante. Não sabia o que o dia seguinte me reservava e sabia menos ainda como encarar Joseph nos olhos depois de tudo aquilo. Não tinhamos completado nem um mês de casados ainda... Encarei a aliança em meu dedo e foi como se ela estivesse queimando o local. 
Caleb sentou-se ao meu lado no sofá. 
- Se Cassie queria uma festa de Halloween histórica, ela conseguiu! - ele apontou para a camisa branca... Ou melhor, a camisa que era branca e então estava vermelha. - Não dá para acreditar que tudo aquilo aconteceu! Não dá para acreditar que meu pai apareceu! - encarei os restos do que deveria ter sido uma festa incrível e procurei por Jared ou Cassie, mas nenhum dos dois estava por ali. Voltei minha atenção para Caleb e então lembrei daquela conversa que fora interrompida por Cassie mais cedo. 
- O que você descobriu no cofre? - sem delongas, eu perguntei. Ele se surpreendeu um pouco, mas depois suas feições se relaxaram de novo. Caleb se levantou e procurou por algo no bolsos da calça. 
- Eu tive que trazer... Se meu pai descobrisse que eu peguei isso, teria me matado! - assisti enquanto ele retirava um papel dobrado de um dos bolsos. - Por que você acha que eu fiquei surpreso por ele ter aparecido aqui? Ok, claro que aquela briga assustou a todos, mas eu fiquei mais assustado porque ele não podia me ver com isso... 
Caleb estendeu um papel para mim. 
Com certo receio, peguei o mesmo e abri vagarosamente, me preparando para o que poderia ler. A primeira coisa que meus olhos avistaram foi a palavra "DESAPARECIDA" escrita em um vermelho berrante. Desci meus olhos pelo papel amarelado e encarei com atenção a foto. Era uma garota loira; usava óculos e aparentava ter uns 15 ou 16 anos, bonita. Até aquele momento, eu não estava entendendo nada, mas um certo nome foi a próxima coisa que eu enxerguei. 
Erin Fields.
Meus olhos se voltaram para Caleb, que parecia apreensivo. 
- Vire a folha. - ele disse com insegurança, tentando medir as palavras. Fiz o que ele pediu e identifiquei algumas palavras de uma caligrafia confusa rabiscadas no meio da parte de trás do folheto. Parecia ser um endereço. Era um endereço! 
Mas por que aquilo estaria em um cofre que pertencia ao polícia Austin? Por que Carter praticamente jogou aquele nome na minha cara? No instante seguinte, depois de encarar Caleb com os olhos arregalados, minha mente começou a trabalhar melhor e as coisas começaram a fazer sentido... 
O filme de terror teria uma continuação. 
E o Halloween se estenderia pelo resto do ano... Ou da eternidade. 

There's a vulture on my shoulder
And he's telling me to give in
Always hissing right in my ear
Like it's coming from my own head
It's got me mixed up
Trying not to give up
Tell me there's a way to get out of here
Fixed at zero

2 comentários:

  1. Postaaa logo, ai meu Deus eles nao tem pz, posta maiiis , quero descobrir mais coisas

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  2. Selinho pra vc flor
    http://demiejoeforever.blogspot.com.br/2014/03/selinho-for-me-d.html

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Sem comentario, sem fic ;-)