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quinta-feira, 22 de maio de 2014

Secretary II - Capítulo 12


Sangue frio
(N/A: Gostaria de avisar que esse capítulo será totalmente narrado em terceira pessoa. Apelidei capítulos como esse de "FC", que significa "Focado no Carter". Vamos deixar nosso casal preferido curtir sua lua de mel e nos focar um pouco em outros personagens, que também são extremamente importantes!)



Alguns dias depois...

Cassie e Jared estavam deitados na cama, cada um de seu lado retineiro. Assim como os cabelos loiros, as expressões também eram iguais. Cassie, com as mãos repousando sobre a barriga, pensava no que estava acontecendo com sua vida, pensava se realmente queria estar naquele lugar, naquela cama e com aquele homem. Sim, ela era capaz de dizer que amava Jared McDowell, mas não conseguia evitar de pensar que aquele sentimento só traria tristeza para sua vida. Jared não a amava, e qualquer um era capaz de notar aquilo. Ele poderia fingir o quanto quisesse, mas seus olhos não brilhavam quando olhava para ela, não existia fascinação. Como tinha dito para Demetria na festa catastrófica de Halloween: Ele estava com ela porque era confortável. No entanto, não conseguia deixá-lo ir, seu coração implorava para que ela não desistisse. Cassie aprendera com sua mãe a ser persistente, e ela sentia que realmente faria qualquer coisa para não perder aquele homem. 
Jared, ao lado de uma Cassie pensativa, se deixava dominar por diversos pensamentos. O que diabos estava fazendo com sua vida? Ainda não tinha chegado nem aos 25 anos e se sentia como um velho, sem capacidade para tomar as decisões certas. Sentia-se dependente. Aquela dependência estava destruindo sua vida, afastava as coisas boas que tentavam se aproximar. Olhando brevemente a mulher a seu lado, ele se deu conta do quanto perdido estava. Sentia algo por Cassie, era impossível não sentir, estavam juntos há tempo o suficiente para criar laços sólidos! Mas não era o tipo de sentimento que faz alguém mover montanhas, não era o tipo de sentimento que faz você se sentir vivo. Apesar de ter uma namorada que o amava e uma vida estável, não conseguia deixar de pensar que as coisas poderiam ser diferentes. 
E se...
Era isso que mais perambulava por sua mente. E se... E se... E se ele pudesse ter algo com outra pessoa? Com uma pessoa que despertava sua mais pura fascinação. Totalmente errado, é claro. Ele nunca teria nada com ela, e até já conseguia se conformar. Na verdade, se culpava por não ter tomado atitude alguma, se culpava por não ter sido o suficiente para atraí-la. Era capaz de dizer que tinha conseguido superar Demetria, mas será que era verdade? Com o passar do tempo, ele se obrigou a não pensar naquilo. Em alguns momentos, realmente achou que tinha conseguido tirá-la de sua cabeça, achou que finalmente poderia tratar Cassie como merecia. Mas, outra vez, seus sentimentos se tornaram uma bagunça e ele não tinha mais certeza de nada. 
Cassie fechou os olhos e suspirou, erguendo seu corpo e colocando os pés para fora da cama, ficando de costas para Jared. O mesmo a olhou e repetiu seus movimentos. Com suas costas frente a frente, eles ainda deixavam que todas aqueles pensamentos os assobrassem. Teriam chances juntos? Aquilo realmente poderia se tornaria algo bom? Existia futuro para aquela relação? 
Jared encarou o relógio ao lado da cama e levantou afobado, correndo até o banheiro e se ajeitando o mais rápido que podia para ir até a empresa. Se perguntava onde Joseph e Demetria estavam, e por que não avisaram sobre sua fuga. 
Enquanto penteava os cabelos rapidamente, observava Cassie ainda sentada na cama. Era seu dia de folga, então a moça não precisava se preocupar em arrumar sua aparência; a camisola branca, o rosto sem maquiagem e o cabelo bagunçado estava de bom tamanho. 
- Para que a pressa? - ela perguntou ao namorado, enquanto fitava o mesmo com uma escova de dentes na boca. - Joseph não está por lá, não faz diferença. 
- Claro que faz! - ele disse, ainda com a escova na boca, fazendo sua voz soar engraçada. Cassie riu. 
Demetria e Joseph sumindo sem avisar... Quanta novidade! - ela ironizou, fechando os olhos. Estava sentindo coisas estranhas naqueles dias. Sua cabeça pesava, sentia tontura e o estômago não estava bom, mas preferia não compartilhar aquilo com Jared. 
- Alguém precisa levar o trabalho a sério por aqui! - ele disse, já pronto. Deu passos apressados até a namorada e deu um beijo em sua testa, fingindo que tudo estava bem. Encarou o rosto de Cassie por um breve momento e percebeu que ela estava pálida. - Você está bem? 
- Sim, claro que eu estou bem! Vai logo! - ela disse alto, se jogando na cama de novo. Esperou até que Jared desaparecesse pela porta e tentou dormir novamente. Aquela sensação precisava desaparecer! Porém, no fundo, ela desejava com todo o seu ser que aquilo não acontecesse. Afinal, só podia significar uma coisa... 


*

Os olhos verdes intensos se mantinham fixos no peso que seus braços levantavam. Sua respiração estava irregular e seus músculos se contraíam atrás das diversas tatuagens que fariam as pessoas questioná-lo o motivo de ter feito. Bíceps tensionados, suor escorrendo pelo corpo e olhos atentos ao que fazia. Era assim que Carter Stone se encontrava. Estava em sua academia improvisada, na casa de sua mãe, mas a mesma preferia passar mais tempo trabalhando em Paris do que com o filho. 
Carter bufou, colocando o peso no lugar e levantando o corpo. Puxou a regata branca que usava para cima e a tirou, pegando uma garrafa d'água e a virando, deixando que o líquido escorresse por seu pescoço e abdomen. Aumentou o volúme de seu stereo, entortando a boca ao perceber que se tratava de 50 Cent e se pôs a fazer flexões. Enquanto brigava com seus próprios músculos, exigindo resistência, ele sorriu. Era um sorriso aberto e satisfeito, um sorriso que estampava uma conquista. Soltou uma gargalhada alta e continuou com as flexões, aumentando cada vez mais sua velocidade. 
- Você se acha muito bom, não é? - ele rosnou ofegante para o stereo, como se 50 Cent pudesse ouvi-lo. Seus cabelos espetados não resistiram e já se encontravam espalhados por sua testa molhada, mas ele não queria parar. Carter não enxergava limites. Mas seus movimentos pararam assim que ele percebeu que alguém tinha invadido seu recinto. Deitou no chão, fechando os olhos e os abrindo em seguida, percebendo que um Cameron tenso estava encostado na parede ao lado do stereo, o encarando de um jeito impaciente. 
- Cara, qual é o seu problema? Estava se depilando e por isso demorou? - Carter disse, se levantando e indo até o amigo. Parou em frente ao mesmo e o encarou como se soubesse o que se passava pela cabeça de Cameron. Ele não sabia completamente, mas tinha ideia. Sabia que boas notícias estavam a caminho. 
- Cala a boca! - Wolfe rosnou, tomando liberdade para desligar o rádio. Repudiava aquele tipo de música. 
De repente, Cam percebeu que a expressão de Carter mudou. O sorriso de escarnio desapareceu e o olhos confiantes se esconderam. Carter virou o corpo e ficou de costas, caminhando para o outro canto do lugar. Se encostou na parede e levou as mãos até os ouvidos, as apertando ali. Fechou os olhos fortemente e trincou os dentes, deixando que seu corpo caísse no chão. A principio,Cameron achou que era algum tipo de brincadeira, mas então se lembrou de que já tinha presenciado aquele comportamento outras vezes. Carter soltou um grunhido e disse palavras desconexas; parecia querer fundir as mãos com as orelhas. Novamente, um som alto e profundo saiu por sua garganta e ele abriu os olhos, olhando de imediato para Cameron. O mesmo se manteu estático, hesitante ao perguntar o que estava acontecendo. 
Carter xingou alto, prestes a bater a própria cabeça contra a parede. Por que aquela maldita voz não o abandonava? Era como estar sendo assombrado. A voz lhe dizia coisas cruéis, coisas que faziam a raiva dominar seu corpo e dopar seus outros sentimentos. 
Quando aquilo acontecia, ele não conseguia se segurar, precisava quebrar alguma coisa. 
- POR QUE ESSA PORRA NÃO CALA A BOCA? - ele berrava, parecia ter fogo no olhar. - FAZ ISSO PARAR, FAZ ESSA PORRA PARAR! - ofegando, ele se deitou no chão, fechando os olhos e deixando que o desespero viesse. Mas, na mesma velocidade que veio, se esvaiu. Logo, Carter livrou os ouvidos das próprias mãos e as abaixou, sentindo a dor correr por seus músculos. Mas ele não ligava para a dor, até que gostava. Abriu os olhos e se recompôs, olhando rapidamente para Cam e fingindo que aquilo não tinha acontecido. Wolfe queria questionar o que diabos eram aqueles ataques, mas sabia que o ser estranhamente agitado a sua frente não abriria a boca. Decidiu tratar de outro assunto. 
- Então... - ele começou, engolindo em seco. - O que você quer? Disse que era urgente... 
- Claro que é urgente! - Carter disse alto. Parou o que estava fazendo e se sentou, observando o amigo com os olhos atentos. - Pode começar a falar! - Cameron sabia do que Carter estava se referindo, e isso o fez pensar: Carter realmente precisava saber o que tinha acontecido com Demetria naquela noite? Por que queria aqueles detalhes? Não faria diferença, faria? Mas, se xingando por dentro, ele contou tudo ao homem de olhos verdes que não parava de sorrir, como se o ataque de mínutos antes não lhe importasse mais. Cam não poupou detalhes, contou até que Demetria o questionou sobre Erin Fields. O semblante de Carter era perverso, sombrio e interessado. Ele achava ótimo que todas aquelas dúvidas inundassem a mente de Demetria, ele queria que ela fosse atrás daquilo e descobrisse tudo. Tudo... 
- Espera... - Carter arregalou os olhos, rindo alto. - Demetria Lovato estava desse jeito e você não fez NADA? - ele gritou a última palavra, se levantando e balançando a cabeça negativamente de um jeito frenético. - Porra, você é um broxa! - Carter disse pausadamente. - Aposto que ainda pinta aqueles quadrinhos, não é? - Wolfe ficou sem responder, se perguntando o que ainda fazia ali. Tudo que Carter queria era humilhá-lo. - Meu amigo... - Carter foi até a janela e deixou seu olhar se perder por um mínuto, sorrindo depois. - Se continuar assim, sabe o que você pintar? Eu fodendo ela! - Cameron fechou os olhos e não pôde controlar a fúria em seu corpo. Ele não aceitaria aqueles palavras! Praticamente se jogou em Carter, o derrubando e acertando um soco em seu rosto, fazendo o mesmo fechar os olhos e gemer de dor. Como aquele desgraçado podia falar daquele jeito delaCameron aceitaria qualquer insanidade de Carter, mas aquilo não! Puxou o amigo pelos braços, o fazendo levantar e o encostou na parede de um jeito violento, olhando firmemente em seus olhos. 
Carter, ignorando a dor, abaixou os cantos dos lábios e fingiu uma expressão de tristeza. 
- Desculpe... Vou consertar! - ele levantou a mão, pedindo atenção. - Que tal... Fazendo amor com ela? - ele afinou a voz de propósito, deixando o deboche transparecer. Levantou uma das sobrancelhas e Cam o soltou, se segurando para não acertar outro soco no rosto daquele infeliz. - Pussy! - Carter xingou, voltando a rir alto. Aquela risada irritava Wolfe, ele precisava sair dali antes que o desentendimento com Carter fosse mais sério. Uma pessoa com a cabeça em ordem não iria procurar briga com aquele homem, ela se arrependeria depois. 
- Era só isso? Você só queria ouvir o que aconteceu? - Cameron disse, exaltado. 
- Sim. - Carter concordou com a cabeça. - E pare de dar ataques, porque você deve muito a mim, Cameron. Não ache que isso é algum tipo de brincadeira. - ele foi se aproximando, com a cabeça levemente baixa e faíscas pareciam sair de seus olhos. - Eu vou fingir que isso aqui - apontou para o rosto - não aconteceu, e nós continuamos com os nossos planos. Você quer a Demetria, não quer? Eu já disse que ela vai ser sua, mas, se eu quiser fazer qualquer coisa com ela antes, eu vou fazer! - ele sussurrava, extremamente perto de Wolfe, o deixando intimidado. - Sabe por quê? Porque nem você e nem ninguém vai ser capaz de impedir que eu toque nela. Se eu quiser tocar, eu vou tocar. Se eu quiser acabar com ela, eu vou acabar. Se eu quiser foder ela, eu vou foder. - Carter levantou o rosto e piscou os olhos, revelando um sorriso. Era assustadora aquela mudança de expressão que ele fazia. - Entendido? 
- Você é doente! - foi tudo que Cam conseguiu dizer, antes de empurrar Carter pelo peito e sair daquele lugar com passos largos. Carter acendeu um cigarro e foi até seu stereo, colocando um cd para tocar. Deu mais uma tragada e sorriu, ao perceber que aquilo sim era música de verdade! Avenged Sevenfold tornava a atmosfera do ambiente pesada, e era exatamente daquele jeito que Carter gostava. Se sentou no chão, ainda sem camiseta, e encarou um ponto fixo do lugar. Não gostava que o desafiassem, não gostava que não levassem a sério o que ele falava. Uma voz estridente dentro de sua cabeça o xingava de todos os nomes possíveis, mas ele não se importou e continuou a deliciar-se com seu cigarro. 
- Isso vai ser muito divertido... - deu um sorrisinho de canto, prestando atenção na música que tocava. - Oooh, it's your fuckin' nightmare! - cantou e se largou no chão. Lembrou-se da festa de Halloween, do pânico que causou naquelas pessoas. Do rosto ferido de Jonas... Deixou que pensamentos perturbados controlassem sua mente e se sentiu ansioso, porque o melhor ainda estava por vir. 


*

Caleb ajeitou os óculos e pegou seu café. Atravessou a rua rápido e caminhou pela calçada, tentando se desviar das pessoas em seu caminho. Não que fosse uma pessoa atrapalhada, mas estava com a cabeça no mundo da lua ultimamente. Não conseguia deixar de lado o acontecimento de alguns dias antes, não conseguia aceitar que seu pai estava envolvido com algo daquele tipo. Não quis se exaltar totalmente na frente de Demetria, mas sabia que, seja lá o que estivesse acontecendo, era grave. Alguém havia escondido um corpo nos fundos daquela casa! Mas será que a família Jonas sabia? Ou melhor, será que Joseph sabia? O pai dele estava morto, não podia dizer mais nada. Mas por que seu pai tinha o maldito endereço com a foto da garota em um cofre? Quando tentou abrir aquele objeto, não esperava encontrar tal coisa. Na verdade, só abriu o cofre porque estava com tédio e sabia que era capaz de fazer coisas como aquela. Quem procura acha, não é? 
Quando a agitação do centro deu uma trégua, ele se sentiu aliviado e começou a tocar seu café, atravessando a rua sem prestar atenção ao seu redor. Suas pernas congelaram instantaneamente e ele virou o rosto, ouvindo uma buzina alta a sua frente. Pessoas ao redor pararam para olhar. Estreitou os olhos e percebeu que uma mulher saiu de dentro do carro, vindo em sua direção. 
Ela não parecia irritava. Na verdade, ela parecia preocupada com ele. 
- Meu Deus, me desculpe! Eu estava prestando atenção no celular e... - ela colocou as mãos na boca, totalmente envergonhada. 
- Não, tudo bem! Pelo menos eu continuo vivo, né? - Caleb disse de bom humor, arrancando um risinho nervoso da mulher. Ele pôde observar que ela era bem mais baixa que ele e tinha a pepele bronzeada. Usava uma jaqueta de couro e os cabelos pretos estavam soltos. Algo nela era estranho, não parecia pertencer àquele lugar. - Me desculpe pela pergunta atrevida, mas você não é daqui, certo? 
- Cara, você me descobriu! - ela riu. - Como percebeu? 
- Nada muito chamativo... - ele ajeitou a armação dos óculos novamente e fez a melhor cara de observador que tinha. - Só que sua pele parece bronzeada e você não tem sotaque, então... 
- É, você está certo! - ela ficou levemente sem graça. As pessoas ao redor já não prestavam mais atenção neles. - Sou uma garota americana! - disse de um jeito simpático. 
- Uh, que interessante! O que faz por aqui? - ela o olhou por um segundo e depois riu. - Nossa, como eu sou intrometido! Desculpe, não era bem a intenção... Bom, eu preciso ir. Desculpe entrar na frente do seu carro! - ele deu as costas e voltou a andar, totalmente sem graça. Não fazia sucesso com mulheres, se considerava reservado demais. 
- Scarlett! - parou e se virou para ver quem era a dona daquela voz estridente. - Meu nome é Scarlett! - a mulher do carro disse, acenando e voltando para dentro do veículo. 
- Caleb! - ele gritou em resposta, sorrindo e dando outro gole em seu café. Deu de ombros e continuou o caminho de volta para sua casa. Scarlett ligou seu carro e observou enquanto o rapaz se afastava rapidamente. Gostou dele, gostou daquele jeito desajeitado... Pena que estava ali para outras coisas, para encontrar outra pessoa

Assim que chegou em sua casa, Caleb tirou o celular do bolso e ligou para Demetria. Porém, como já vinha acontecendo há vários dias, sempre caia na caixa postal. Onde ela estava? Tudo bem, ele entendia que ela queria passar uns tempos isolada com Joseph, mas não estava certo! E a recente descoberta? Eles precisavam fazer alguma coisa! Ele até pensou em tentar resolver aquilo sozinho, mas tinha um respeito muito grande por Demetria e simplesmente não achava justo. 
- Oi, é o Caleb! Onde você está? Demetria, eu sinto muito, mas você não pode esquecer o que encontramos e sumir desse jeito. Meu pai está envolvido e isso precisa ser resolvido, ok? Então me liga, porque eu realmente estou contando com você. Estou sendo paciente e dando o tempo que você pediu, mas isso está me sufocando, então aparece! Tchau! - depois de deixar um recado, desligou o celular e entrou em casa, tirando o casaco pesado e indo até a cozinha. Encontrou quem não queria. 
Kyle Austin, seu pai, estava de frente para o fogão, preparando alguma coisa. Caleb ficou em silêncio, parado no batente da porta e esperou que o pai notasse sua presença. Não demorou muito para acontecer. 
- Oi, filho. - ele disse sério, tirando a panela do fogão e a levando até a pequena bancada. - O que faz por aqui? - O que você faz por aqui, pai? Não disse que passaria o dia todo trabalhando? - disse, irritado. Na verdade, nos últimos dias, a simples presença de seu pai o irritava. Não conseguia olhá-lo por muito tempo, sentia nojo. Sabia que Austin escondia alguma coisa, algo podre. 
- Ainda tenho direito a me alimentar, não tenho? - o homem de meia idade disse, também irritado e colocou a comida em um prato, comendo em silêncio, enquanto o filho o fitava inconformado. Pensou em dar meia volta e ir para seu quarto, ver se conseguia descobrir algo sobre tudo aquilo na internet, mas não aguentava mais se segurar. - Cadê sua irmã? 
- Você sabe que ela está ocupada com as coisas da faculdade. 
- Esperou demais para começar essa faculdade! E você também, vai esperar ficar velho e incapacitado? 
- Pai, chega! - Caleb se exaltou, entrando na cozinha e olhando o pai nos olhos. 
- O que há de errado com você? - Kyle Austin deu de ombros e continuou a comer, enquanto Caleb bufava e tentava dizer alguma coisa. Sabia que estava complicando tudo, e que deveria esperar por Demetria, mas aquela situação era sufocante demais para continuar daquele jeito. 
- Você conhecia o pai do Joseph?
- Quê Joseph? - o homem se fez de desentendido. - Joseph Fisher, Joseph marido da Bree... Joseph que eu prendi semana passada... 
Joseph Jonas! - Caleb praticamente gritou, batendo as mãos na mármore da bancada. - Joseph Jonas, filho de Joseph Jonas. Não se faça de idiota! - Austin se levantou, batendo o garfo no prato e olhando furioso para o filho. Cruzou os braços e adotou o olhar mais frio que tinha. 
- Com quem você acha que está falando? 
- Pai, responda a minha pergunta. - ele arrumou os óculos e passou as mãos desconfortáveis pelo cabelo. Não aguentava encarar aquele homem nos olhos. 
- Sim, eu conhecia. 
- Vocês eram amigos? 
- Digamos que sim... 
- E uma tal de Erin Fields, você conhece? - Caleb assistiu enquanto a expressão no rosto de seu pai mudou completamente. Os olhos se arregalaram por um instante e depois ele abriu a boca, tentando dizer algo, mas não teve sucesso. Fechou a cara e caminhou até a janela, enfiando as mãos no sobretudo preto e respirando fundo. 
- Esqueça isso, filho. - pediu, com pesar na voz. 
- Não, eu não vou esquecer nada! - o polícial se virou bruscamente e caminhou com passos pesados até Caleb, o puxando pelo colarinho da camisa e o encostando na parede. Seu olhar escorria desespero. 
- Você vai fazer o que eu estou mandando! Pelo bem da sua irmã, pelo bem dessa família e pela memória da sua mãe, Caleb! - se arrependendo da atitude agressiva, Austin largou Caleb e saiu da cozinha, batendo a porta com força. Enquanto Caleb ouvia o carro de seu pai ser ligado e sair cantando pneus, se desesperou mais uma vez. Ele tinha razão, algo muito errado tinha acontecido. Algo muito errado estava acontecendo. Seu pai estava envolvido e, no instante seguinte, percebeu que os dias de paz estariam fora de sua vida por um tempo. 


*

(n/a: Se quiser, pode ler a cena ouvindo Rape Me do Nirvana)

Rape me, rape me my friend... Rape me, rape me again... - Carter cantou com a voz mole, jogado no enorme sofá da luxuosa sala de sua casa. Mandou que as empregadas fossem embora e ficou sozinho, com o stereo no volúme máximo, cigarros e comprimidos a vontade. Era a única coisa que ela precisava no momento. Gostava de se soltar da realidade e se sentir superior a tudo e todos. Enquanto as batidas altas da músicas penetravam com força seus ouvidos, ele pegou um dos pequenos comprimidos rosados. Sem delongas, o colocou em sua língua e fechou a boca, mantendo o mesmo ali por um tempo. Pegou uma garrafa que estava na mesinha ao seu lado e a virou, lavando sua garganta com o conteúdo e fazendo o comprimido de ecstasy descer junto. Esticou ainda mais o corpo e acomodou a cabeça no encosto do sofá, fechando os olhos. Sabia que a sensação boa ainda demoraria um pouco, mas ele já conseguia sentir algo diferente por suas células. Não se importava com o que estava fazendo, não se importava com sua saúde e, muito menos, o que seria capaz de fazer quando se drogava. A dor pelo soco que recebera mais cedo de Cameron não fazia mais diferença. Esticou os braços e continuou ali parado, relaxando. Enquanto a música continuava, seus pensamentos voaram para uma região um tanto quanto desconhecida. É claro que ele já tinha pensado nela várias e várias outras vezes, mas bastou aquela simples provocação a Wolfe e pronto, ideias sujas se mostraram mais presentes do que nunca. 
Demetria Lovato... - o nome saiu por seus lábios, não segurando um sorriso malicioso. Como a garota esquisita e sem graça do colégio conseguira se tornar aquela mulher tão atraente? Tãogostosa. Era daquele jeito que ele gostava de chamar. 
Ao se questionar isso, Carter sentiu certa excitação. Disse a Cameron que faria o que quisesse com ela, e seria capaz de fazer mesmo. A satisfação em saber que teve a mulher de Joseph Jonas seria maior do que qualquer outra, até mesmo maior do que a satisfação de saber que ele pagaria por coisas do passado. 
Seria como fechar com chave de ouro. Ele faria o que quisesse com Demetria e depois esfregaria na cara de Jonas. Ele mostraria seu poder a todos aqueles que estavam duvidando. Pouco se importava com os sentimentos de Cameron e, apesar de saber que o amigo era completamente louco por aquela mulher, ele não desperdiçaria aquele corpo. Já era capaz de senti-la em seus braços, implorando para que ele parasse, implorando para que não fizesse nada com ela. Ele já conseguia ouvir os gritos ficando cada vez mais altos. Com aqueles pensamentos, seus músculos não queriam relaxar. Carter queria levantar dali e ir atrás de Demetria naquele momento... Mas para que a pressa? Pensou e concluiu que seria melhor pegá-la de surpresa, seria melhor pegar todos de surpresa. O ataque súbito é tão melhor que o aguardado! Carter se deliciava com a ideia de dar o troco a Jonas, de fazê-lo sentir na pele como era ver a pessoa que você achava que tinha, nos braços de outro.Joseph tirou Margo de Carter, e a vingança estava próxima. A vingança era doce como o mais perigoso veneno, que, apesar da doçura, era terrívelmente fatal. 
A compaínha o fez levantar a cabeça e tentar levantar o corpo, já sentindo seus reflexos retardados e uma vontade estranha de fazer o que não devia. As coisas ao seu redor pareciam ter mais cor, as sensações eram mais intensas. Até o esbarrar de seu corpo com a parede da sala parecia mais agradável do que teria sido se estivesse sem aquela droga vagando por seu sistema. Mas quem diabos queria atormentá-lo justo naquele momento? Tentou se recompor e, rindo atoa, abriu a enorme porta, arregalando os olhos. Talvez fosse o efeito do ecstasy, mas parecia real demais. Ele assistiu a mulher mais baixa que ele, de cabelos escuros e jaqueta de couro sorrir. 
- Scarlett? - ele pediu, sentindo uma euforia enorme tomar conta do seu corpo. Sem pensar, a puxou para perto e pressionou o corpo dela contra o seu, não conseguindo parar quieto. Scarlett riu e se soltou dele, colocando os pés para dentro da enorme casa. Ela sabia que ele estava se drogando, reconhecia bem aquelas reações. - O que você faz aqui? 
- Qual é, Carter, não posso visitar meu antigo amigo? - retirou sua jaqueta e a jogou pelo chão, revelando uma blusa preta e provocante. - O que você tem para mim? Estou tensa! - Scarlett disse, passando a mão pelo pescoço e caminhando pela casa. 
Eufórico, Carter a seguiu, soltando risinhos malvados. 
- Eu acabei de tomar um que... Wow! - riu - Espera, vou pegar outro para você! 
- Não, Carter, eu não quero essas porcarias... - ela foi até a sala e pegou algumas garrafas que estavam sobre uma mesinha de vidro. - Só quero molhar a garganta, sabe como é... - logo estava bebendo e fumando um cigarro, andando pelo local como se morasse por ali. 
Carter colocou a bebida em outro copo e se sentou ao lado dela. 
- É sério, o que você faz por aqui? - Carter perguntou, virando o conteúdo de seu copo. Já estava em um estado que não conseguia controlar os próprios movimentos do seu corpo. Queria agarrar Scarlett, beijá-la e tudo o mais. 
- Gato, eu já disse, vim visitar você! - ela enrolava as pontas do cabelo. - Claro que também estou resolvendo outras coisas por aqui, mas você é especial... 
- Se lembra dos velhos tempos, não é? 
- Com certeza! Mas, me diga, o que anda fazendo? - ela se aproximou dele, passando as mãos por seu braço músculoso e tatuado. Carter a segurou pela cintura e puxou seu corpo para si com violência. - Com calma, querido. Uma coisa de cada vez. - ele riu alto e começou a beijar o pescoço dela, enquanto pensava no que responder. 
- Ah, você sabe... Causando o terror na vida das pessoas... - sorriu malígno. - Agora eu tenho dois novos brinquedinhos, e você não imagina o quanto está sendo divertido! 
- Você não vai mudar, não é? - ela soltou um gemido abafado quando percebeu que uma das mãos de Carter já estava em um de seus. - Cuidado onde toca! - Scarlett alertou, o olhando firme e puxando os cabelos de seu pescoço com determinação. 
- Cuidado onde você toca! - ele disse mais alto, envolvendo o seio direito dela com a mão e apertando. - E, não, eu não vou mudar. - ela não se importava com o que ele fazia, estava acostumada. Conhecia Carter há anos e eles tinham intimidade o suficiente para aqueles joguinhos. 
- Me diga, querido, quem são os infelizes escolhidos dessa vez? - ele a largou e se levantou, não conseguindo controlar os impulsos de seu corpo. A puxou pela mão e abrigou o corpo da mulher a se balançar junto com o seu. Uma música de batidas fortes tocava. 
- Por que quer saber? - depositou força nas mãos que seguravam a cintura de Scarlett e roçou seus lábios nos dela. Scarlett sentia os dedos calejados dele por sua pele e um arrepio correu por sua espinha quando a língua áspera de Carter encostou na sua. Seus movimentos eram violentos, mas sua violência era prazerosa. Passou as unhas vermelhas pelos braços dele e aprofundou o beijo, ambos sentindo o gosto de bebida alcoólica. Carter empurrou o corpo de Scarlett e chocou as costas dela com a parede vermelha, mordendo seu lábio inferior de um jeito que arrancou um gemido da mesma. Suas mãos arranharam o abdomen nu dele, que fechou os olhos e chupou com vontade o pescoço moreno dela. Mas, antes que a situação ficasse ainda mais quente, Scarlett o empurrou com força e sorriu diabólicamente. 
- Lamento, Stone, mas hoje eu não estou aqui para isso! - Carter mordeu o lábio e passou a mão pelos cabelos, a olhando com luxúria. Quem ela achava que era para pará-lo naquele momento? 
- Cadê a Bethany? - ele olhou ao redor - Podemos fazer um ménage! - ele disse de um jeito galante, forçando um sotaque francês. Scarlett balançou a cabeça negativamente. 
- A Bethany ainda é seu fantoche? - ela cruzou os braços. Os olhos castanhos intensos fitavam Carter minuciosamente. 
- Isso é ciúmes, querida? - ele desafiou, mas ela deu de ombros e voltou a beber. 
- Você ainda não disse quem são seus novos brinquedinhos. Talvez eu até os conheça... - fingiu que não queria nada. 
Joseph Jonas... - o ódio escorreu ao dizer aquele nome. - E Demetria Lovato... - mas foi substituído por uma luxúria novinha em folha, que era proporcionada ao imaginar o que faria com Demetria. 
Scarlett ficou estática e arregalou os olhos, engolindo sua bebida de qualquer jeito e tentanto desfarçar. 
- Você só pode estar brincando... - ela disse baixinho, para si mesma, mas Carter ouviu. 
- O que você disse? 
- Ahn... Nada não, amor. - levantou-se e abraçou um Carter que ainda estava sob efeito daquela droga, mas, completamente acostumado, não demonstrava nada muito grandioso. - Eu preciso ir agora, mas não se preocupe... - depositou um beijo no queixo dele, olhando aqueles olhos verdes tão intensos. - Vamos nos ver de novo, mais breve do que você é capaz de imaginar! 

Depois de se livrar de um Carter drogado, Scarlett dirigiu para bem longe daquela casa, rindo por dentro. Não acreditava que tudo estava sendo tão fácil! Apesar de saber o tipo de Stone, ela não tinha medo. Não passava de mais um dos vários problematicos que conheceu em sua vida. Estacionou seu veículo em um local pouco movimentado e tirou o celular do bolso, discando números já decorados. Esperou paciente, até que escutou uma voz másculina grossa e firme. 
- Sou eu. - ela disse, colocando os óculos escuros. - Acho que consegui algo... Talvez até encontre a Demetria


*

Bethany estava nos fundos do pub, esperando que rostos conhecidos entrassem pela porta. Se arrependia por ter se mostrado com Cameron e Carter na noite de Halloween, porque, depois disso, as pessoas que fingia ser amiga a evitavam. Sabiam que era uma traidora. Se ela tivesse continuado com a farsa, ainda poderia estar sentada com eles na mesa de sempre. Então, sendo obrigada por Carter a continuar a espioná-los e em busca de notícias de Demetria e Joseph, ela pagou o dono do pub para colocar um gravador embaixo da mesa onde Jared, Cassie, Caleb, Rachel e Tyler, namorado de Rachel, sempre ficavam. Agradecendo mentalmente pelo estabelecimento estar cheio, descartando as chances de ser notada por algum deles, observou que eles tinham acabado de chegar. Jared veio na frente, de mãos dadas com Cassie, assim como Rachel e seu namorado extremamente ruivo. Caleb veio por último, arrumando os óculos como sempre. A pessoa que Bethany mais se arrependia de ter enganado era ele. 
Tomou seu drink e tentou ignorar a existência daquelas cinco pessoas, pois sabia que mais tarde poderia ouvir claramente suas conversas. 

- O Joseph me ligou - Jared começou, enquanto os outros decidiam o que pedir para beber. - E disse que ele e Demetria estão bem... Só querem um tempo isolados, sei lá... Pelo jeito eles estão bem longe! - Rachel sorriu maliciosa e abraçou o namorado, que ainda escolhia sua bebida. 
- Que adorável! - Cassie disse, levantando as sobrancelhas e optando por pedir um suco. 
- Cassie Smith pedindo suco? Quem é você e o que fez com a loira possuída? - Rachel disse alto, fazendo os presentes na mesa rirem, menos Caleb, que tinha o olhar perdido. 
- Não estou afim de beber hoje, só isso! - ela afirmou, olhando séria para Jared e depois prestando atenção nas pessoas do lugar. Ao longe, avistou cabelos extremamente vermelhos, mas preferiu voltar a prestar atenção em sua mesa, não queria comentar com ninguém que tinha acabado de ver Bethany. 
- Dá para acreditar no que aquele Chucky fez? - Rachel disse, inconformada, enquanto tomava seu drink. 
- Quem diabos é Chucky, Rachel? - Caleb revirou os olhos. 
- A Bethany! - ela praticamente berrou. Mal sabia que a própria Bethany tinha ouvido aquilo. - Se passou por nossa amiga pra conseguir sei lá o que, isso não tem fundamento! 
Jared colocou sua mão por cima da de Cassie e a observou encostar a cabeça em seu ombro. Sorriu de canto e voltou a beber. Ele tinha tomado uma decisão: daria o amor que sua namorada merecia. Apesar de não sentir nada tão forte, ele seria capaz de aprender tal sentimento. Cassie merecia, pois se importava e lutava por aquele relacionamento. Ele estava decidido a dar o seu melhor para que aquele namoro pudesse até se tornar algo mais. Demetria estava feliz, Demetria era sua amiga e as coisas não precisavam mudar. Ele se acostumaria e seria feliz também. 
Caleb estava alheio a tudo ao seu lador, só conseguia pensar na conversa tensa que havia tido com o pai no dia anterior. Ao saber que Demetria e Joseph estavam longe, ele sentia mais raiva ainda. Não do casal, mas sim de não ter tratado de descobrir o que realmente acontecera antes. Deveria ter ido atrás de respostas naquela exata noite, quando acharam o osso. Talvez então, naquele momento, as coisas já estariam se resolvendo. 
Observando Rachel rir de algo com Tyler, ele bufou, imaginando um jeito de contar aquilo à ela. 
- Ai - Rachel chamou a atenção de todos na mesa. - E o show do 30 Seconds To Mars? 
- Verdade! Eu tinha me esquecido disso! - Cassie disse afobada, adotando um olhar pensativo. - Nós ainda vamos? Mesmo sem nosso casal preferido? - ela estava se referindo a Demetria e Joseph. Caleb tinha dado ingressos como presente de casamento. 
- Se vocês forem, eu vou! - Caleb disse, indiferente. 
- E os noivos não vão poder aproveitar seu presente, Caleb... - Rachel lamentou. 
- Ingressos para um show é um presente meio esquisito, não acha? - Jared comentou, rindo. Caleb o olhou sério e depois soltou um risinho, só para quebrar a tensão do momento. Talvez um show o ajudasse a relaxar, pelo menos por um tempo. 
- Então nós vamos! Amanhã, todos na minha casa! Vamos de carro até o Wembley. - Cassie determinou e todos concordaram. 


*

Depois de esperar que seus ex-amigos fossem embora, Bethany pegou o gravador e correu até seu carro, escutando tudo. Se sentia mal pelo que disseram sobre sua pessoa, mas não podia culpá-los. Infelizmente, ela não tinha saída. Talvez até tinha, mas sua única saída seria a morte. O único jeito de ficar livre de Carter e seus planos era morrer. Não poderia fugir e nem pedir ajuda, porque ele a acharia e se vingaria. Tinha medo dele, tanto medo que fazia o que ela mandava, seja lá o que fosse. 
Estacionando em frente a casa de Carter, ela observou que tudo estava escuro. Pegou o gravador e entrou na casa - tinha uma chave -, disparando a procurar por Carter, mas o silêncio e a escuridão eram as únicas duas coisas que ela conseguiu encontrar. 
Carter não ia gostar de saber que Demetria e Joseph estavam longe, aquilo com certeza o deixaria furioso. 
Cansada, ela percebeu que Stone não estava em casa, então decidiu que precisava relaxar um pouco. Colocou sua bolsa e o gravador em um canto escondido e caminhou pelos cômodos da casa, procurando pelo único canto daquele lugar que era capaz de proporcionar alguma paz. Foi tirando as roupas lentamente, passando pelo jardim e entrando em uma pequena casinha de madeira. Quando entrou, olhou para a jacuzzi e sorriu satisfeita. Se sentia avontade na casa de Carter, afinal, ele mesmo recomendou que ela aproveitasse tudo. Com o corpo totalmente nu, ela prendeu o cabelo e preparou a jacuzzi, subindo as três pequenas escadinhas e mergulhando seu corpo na água quente. Esticou os braços e alongou o pescoço, fechando os olhos e procurando relaxar. Estava escrencada, sua vida era uma grande encrenca. Mas o que podia fazer? Se perdera há muito tempo; desde adolescente não tinha noção do perigo e, como consequência, estava onde estava. Ser usada como fantoche a irritava profundamente, mas existiam certas regalias, como aquela jacuzzi, por exemplo. Passou as mãos pelos cabelos ruivos e os soltou, afundando seu corpo totalmente e submergindo. Ficou daquele jeito por um tempo, com os olhos fechados e a respiração presa. Quando voltou a superfície, teve uma surpresa. (n/a: Coloque My Violent Heart do Nine Inch Nails para tocar!)

You and I we may look the same
But we are very far apart
These bullet holes where my compassion used to be
And there is violence in my heart.


Carter estava parado de frente para a jacuzzi, a olhando com diversão nos olhos. Bethany encarou uma de suas mãos e percebeu que ele segurava o gravador. Ele a estava observando quando chegou, estava claro como água. Stone jogou o objeto no chão e lentamente foi abrindo os botões da camisa, enquanto tratava de manter o contato visual com a ruiva. Tirou a camisa e fez o mesmo com sua calça jeans, não evitando de levar a boxer junto. Bethany encarou o corpo nu do homem e engoliu em seco, se encolhendo nas beiradas da jacuzzi. Quando Carter já estava dentro, foi para perto de Bethany e passou um braço pelo seu ombro, grudando sua boca no pescoço dela e beijando levemente a pele extremamente branca. Bethany tremeu na base e fechou os olhos, sentindo seu corpo ficar mais tenso a cada segundo. Carter não estava ali apenas por contato físico, nunca era daquele jeito. Se aproximando mais, ele segurou o rosto dela e a fez olhar em seus olhos verdes. Manteu aquele contato por alguns segundos e depois a beijou, de um jeito calmo e sensual. Bethany estranhava totalmente aquele comportamento, mas não conseguia fugir ou questionar. Talvez, naquela noite, tudo que ele queria era sexo. O beijo ganhou mais velocidade e logo ambos estavam envolvidos, Bethany finalmente estava conseguindo relaxar de novo. Carter separou suas bocas e a olhou de novo, mas ela não sabia definir que olhar era aquele. 
- Mnha doce Bethany... - ele disse, de um jeito romântico, fingindo estar envolvido naquele contato. - Você é tão boa para mim! - sussurrou perto de sua orelha, embrenhando uma mão nos cabelos da nuca dela e a segurando pelo ombro com a outra. Antes que pudesse fazer alguma coisa, ela sentiu ser empurrada para baixo. Prendeu a respiração e tentou se soltar, fazendo força com os braços, mas Carter continuava a segurá-la daquele jeito bruto, como se quisesse afogá-la. Continuou daquele jeito por um tempo, assistindo a mulher tentar emergir. Riu com gosto e depois tirou as mãos dela. Bethany colocou a cabeça para fora da água rapidamente e ofegou dolorosamente, tentando pegar o máximo de ar que conseguia. Enquanto tinha a mão no peito e tentava se recuperar, sentiu que as lágrimas já estavam em seus olhos. Carter a olhava como se o máximo que tivesse feito fora lhe dar um beijo apaixonado.

Time will feed upon your weaknesses
And soon you'll lose the will to care
When you return to the place that you call home
We will be there
We will be there.


- Qual é o seu problema? EU FIZ O QUE VOCÊ PEDIU! - ela disse, se encolhendo e tentando ficar longe dele. 
- Isso foi só um avisinho, querida. Continue assim, continue fazendo o que eu mando. Caso contrário, você já sabe! - Carter piscou para ela e aproveitou a água quente por um mínuto, soltando um suspiro. - Desculpe, é que eu estou irritado. - Carter tinha o estranho dom de ser teatral. Em um momento, ele parecia totalmente fora de controle, e no outro sorria inocente feito uma criança; em um momento, parecia totalmente triste, mas um sorriso brotava em seus lábios no segundo seguinte. Um verdadeiro enigma. - Ouvi algo que não me agradou, sabe, Bethany? Eu não gosto que as pessoas não me levem a sério, não gosto que façam pouco de mim. Quem aqueles dois desgraçados pensam que são? Ah, mas é claro, decidiram se afastar de tudo e todos e ter um momento sozinhos. - ele tinha os olhos semicerrados e falava baixo. - Tão romântico... Tão romântico que eu poderia arrancar o coração dos dois nesse exato momento e fazer um enfeite de parede! - Bethany tentava ignorar as coisas que ele falava, porque tudo aquilo a assustava completamente. - Ou dar para um morador de rua comer. Qual das duas opções você acha mais plausível? - ele a perguntou como se fosse uma dúvida qualquer, como se estivesse em dúvida entre usar preto ou branco. 
- Sabe o que eu acho? - ela disse, com a voz trêmula. Carter levantou seu olhar divertido e uma sobrancelha. 
- Sou todo ouvidos, Beth. - seus dedos brincavam com a água. 
- Isso não é mais sobre Joseph, não é mais uma simples vingança. - Bethany soltou as palavras temendo por sua vida e Carter se mexeu rapidamente, fazendo-a escolher o corpo e se preparar para o pior. Sentiu os dedos gelados de Carter encostarem em seu rosto e o dedo indicador fez seu queixo levantar. 
- Seja mais específica, sweetheart. - ele pediu, com carinho. Carinho destrutivo. 
- Está acontecendo de novo, não é? Você... - ela fungou, ainda tremendo. - Você está obcecado de novo. Do mesmo jeito que ficou obcecado pela Margo... 
- Continue a falar, estou ouvindo. - a voz de Carter era terna, mas a forma como ele segurava o rosto de Bethany era totalmente o oposto. 
- Está obcecado por ela, não está? Pela Demetria... A história vai se repetir! Você sempre faz isso, sempre se deixa perturbar pelos mulheres que entram na vida do Joseph. Eu não sei qual é a porra do seu problema... 
- Agora você já pode parar de falar! E muito obrigado pela opnião sincera... Eu aprecio! - Carter soltou o rosto de Bethany e voltou para o outro lado da jacuzzi, sorrindo abertamente. Nos últimos dias, ele tinha desistido de deixar o cabelo espetado, então vários fios estavam espalhados por sua testa. - Você se lembra como as coisas aconteceram, não é, Beth? Lembra quando eu e o Cameron fomos expulsos daquela escola? Deixamos você e a Margo sozinhas, sem homens de verdade para cuidar das duas. Nenhuma escola de prestígio aceitaria dois garotos problema como nós, então nos mandaram para uma de classe média. Não era tão ruim, ainda conseguiamos drogas e várias garotas ficariam de quatro se a gente pedisse... - se divertia sozinho com as lembranças. - Mas tinha uma, Bethany, que era totalmente diferente. Ela era fechada, esquisita, parecia estar morta. Uma virgem no meio de tantas vadias... Não demorou para que ela ficasse caídinha pelo Cameron, afinal, apesar de ser tão problematico como eu, ele ainda parecia o principe encantado... - Carter revirou os olhos ao dizer aquilo. - Sabe quem era essa garota? - ele aproximou o corpo de Bethany mais uma vez. - Demetria Lovato! Agora, pense comigo: não podemos ter nos cruzado de novo sem algum motivo qualquer, não acha? Ela entrou no meu caminho de novo! E agora... Ah, ela é bem diferente daquela virgem sem graça... Você acha mesmo que eu vou ignorar isso? 
- Eu... - Bethany ia dizer, mas Carter levantou um dedo e elevou o tom de sua voz. 
- O único problema, é que ela acha que eu estou brincando. Ela ainda acha que eu sou o garoto do colégio. É uma tola, porque já podiam me chamar de demônio naquela época, então imagine agora... Mas, mesmo assim, ela vai se isolar com o querido marido e finge que eu não existo. Tão triste... Acho que nem passa pela cabeça dela o que eu sou capaz de fazer, será que eu vou ter que obrigá-la a enxergar? - ele olhou para baixo, encarando a água. - As pessoas não se importam mais com os sentimentos das outras, isso me magoa... E sabe o que eu faço quanto estou magoado, Beth? 
- Carter, pare! - ela pediu, prestes a chorar. 
- Os amigos vão a um show amanhã, não é? - ele se levantou e saiu da jacuzzi, revelando seu corpo nu e molhado. A luz que vinha do lado de fora era suficiente apenas para iluminar um lado de seu rosto, fazendo um de seus olhos brilhar de um jeito insano. - Vamos jogar boliche, Bethany! - sorriu abertamente. - Derrubar alguns pinos... 

On hands and knees
We crawl
You can not stop us all
Our blood, Our grace
Will never leave this place.



*

O estádio de Wembley estava lotado. As filas, espalhadas pelos diversos portões, se intercalavam. Milhares de conversas se misturavam e a energia que o local transmitia era vibrante. Pessoas de todos os tipos circulavam pelo lugar. Jared, Cassie, Caleb, Rachel e Tyler estavam no meio de tudo aquilo. O primeiro casal parecia calmo, apenas levemente empolgado, porque era impossível não se contagiar com aquilo. Caleb, ainda tenso com certos acontecimentos, tentou relaxar a se preparar para curtir o show de uma de suas bandas preferidas. Rachel não parava quieta, parecia que aquele era seu primeiro show. Tyler estava perdido, não sabia o que fazer para acalmar a namorada. 
Os portões finalmente se abriram e eles observaram dezenas de escadas que davam acesso aos camarotes. Escolheram uma delas e subiram juntos, no meio de toda a multidão. Logo estavam em seus lugares, totalmente contagiados pela energia. Abaixo deles, a enorme pista parecia ferver. As pessoas vibravam tanto que o show já parecia ter começado. Jared acompanhou a multidão e gritou empolgado, levantando um tapa de Cassie, que tampou a orelha, rindo em seguida. Tudo que ela queria era ficar bem, não ter nenhum tipo de mal estar. 
De repente, o lugar inteiro escureceu e, em seguida, vários jogos de luzes começaram. Os gritos eram tão estridentes que as pessoas sairiam todas surdas dali. Caleb sorriu, esquecendo totalmente os problemas e deixando a animação tomar conta do seu corpo. 
Os ouvidos de todos captaram a introdução de Escape, e então o local parecia estar prestes a vir abaixo a qualquer momento. Rachel gritava descontroladamente e Cassie se mantinha agarrada a Jared, com medo de ser levada para longe no meio de todas aquelas pessoas. Logo a voz de Jared Leto dominou todo o estádio e os gritos continuaram a aumentar. Shannon e Tomo se revelaram e o show finalmente começou. A escurisão deu lugar a luzes fortes e coloridas, destacando a centro do palco. A bateria potente anúnciou Night Of The Hunter e Jared Leto gritou, exigindo que todos começassem a pular. E toda aquela gente obedeceu, vibrando mais e mais com o passar do tempo. Caleb cantava junto a todo pulmão e estava quase descendo e indo para o meio da pista. Jared Leto ia de um lado para o outro do palco, exigindo mais e mais energia de seu público que não via problemar em dar o que ele queria. 
AttackA Beautiful LieSearch And DestroyHurricane e From Yesterday fizeram o estádio bombar e então, na introdução de This Is War, Cassie percebeu que não aguentaria se manter em pé por mais tempo. Sua cabeça girava, sua estômago se revirava e ela não conseguia sentir as próprias mãos. As pessoas ao seu redor estavam tão empolgadas, que todo aquele empurra-empurra não incomodava mais. Mas ela precisava sair dali, precisava sair antes que não aguentasse e acabasse sendo pisoteada. Mesmo com as mãos dormentes, agarrou o braço de Jared e tentou atrair sua atenção. O mesmo estava envolvido no show e tinha os cabelos suados espalhados pela testa. Virou o rosto para a namorada e tentou enxergar melhor seu rosto, percebendo que ela não estava bem. 
- Cassie, o que você tem? - ele disse alto, não conseguindo ouvir a própria voz. 
- Me tira daqui! - ela disse em resposta, tombando a cabeça e fechando os olhos levemente. - Por favor, me tira daqui! - ela implorou, pressionando a mão contra a boca. Jared, aflito, olhou para os amigos, mas eles estavam empolgados demais para reparar em algo que não fosse o show em si. Cassie não aguentava mais. Segurou com força o braço do namorado e curvou o corpo, vomitando no chão. Jared segurou seu braço e percebeu que ela estava fria e tremia muito. Puxou com violêncio o braço de Caleb e conseguiu sua atenção. Logo, os cinco deciam as escadas com cuidado. Tyler ajudava a segurar Cass, para que não acabasse caindo desmaiada no chão. Rachel correu a procura de água para a amiga e eles a sentaram em um dos inúmeros bancos da parte de dentro do Wembley. Ela ainda estava pálida e parecia prestes a vomitar de novo. 
- Eu estraguei o show de vocês... - ela disse com a voz fraca, deitando a cabeça no ombro de Jared que se sentara ao seu lado. 
- Não se preocupe com isso, eles vão fazer mais shows por aqui. Sério, não se preocupe! - Caleb deixou aquilo bem claro, procurando por Rachel, que ainda não tinha voltado com água. - Vamos embora, Jared. Melhor tirar ela daqui antes que o show acabe e toda a multidão tome conta de novo. - o loiro concordou e levantou com cuidado. 
- Eu só preciso ir no banheiro, mas é rápido! 
- Ok! Tyler, fica cuidando dela, vou procurar a Rachel. Não é possível que ela não tenha achado água por aqui! - logo, os únicos no lugar eram Tyler e Cassie. 
Caleb correu pelos corredores, tentando achar algo que se parecesse com uma lanchonete ou com sua irmã. Parou rapidamente e virou o corpo, percebendo que algo estava errado. 

Jared jogava água em seu rosto várias e várias vezes. Queria se livrar de todo aquele suor. Sentiu-se aliviado pelo lugar estar vazio e pensou na namorada. Cassie era hiperativa, sempre se empolgava com shows e coisas do tipo. Já tinha ido a dezenas de concertos como aquele com ela, e a mesma parecia a mais empolgada do lugar, se mantendo saudável até o final. Mas por que tinha passado mal daquele jeito? 
Olhando para baixo, ele ouviu um barulho e levantou o rosto, encarando o espelho e vendo o que estava atrás dele. 
- Bethany? - pediu, receoso. O que diabos ela fazia ali? Primeiro, porque aquele era um banheiro másculino; segundo, porque vários outros estavam disponíveis para ela resolver entrar, então por que escolher justo o que ele estava? - O que faz aqui? - percebeu que a expressão no rosto da ruiva não era nada boa, ela segurava a cabeça com uma das mãos. 
- Eu preciso de ajuda... - ela se escorou em uma das paredes do banheiro e encarou Jared por um momento. - Jared, me ajuda... - ela tentou andar, dando passos desajeitados, parecia que estava prestes a cair a qualquer momento. Antes que Bethany pudesse tocar o chão, ele correu e segurou seu corpo. 
- Todo mundo resolveu passar mal hoje? 
- Eu sei que vocês me odeiam, mas... - ela fechou os olhos mais uma vez, respirando fundo. - Eu realmente não me sinto bem e preciso da sua ajuda. Por favor, me ajude! 
- Tudo bem, mas como eu posso te ajudar?

Caleb continuava parado, olhando com receio na direção de um dos outros corredores. Podia jurar ter visto um vulto preto passar por ele e ir na direção em que seus amigos estavam. Rachel ainda não tinha aparecido com a água e uma preocupação estranha lhe dominou. Ele mudou de direção e correu de volta para o lugar que estava, mas parou no meio do caminho ao ver uma mulher caída no chão, com água esparramada ao seu redor. 
- RACHEL! - ele gritou, correndo o máximo que pôde até sua irmã caída. Ela chorava baixinho e segurava a cabeça, como se estivesse tentando se proteger de algo. - O que aconteceu, Rachel? - ele perguntou, desesperado. 
- Ele tinha uma faca... - Caleb olhou ao redor, mas nenhum segurança parecia estar por ali. Tudo estava insanamente silêncioso e assustadoramente vazio. - Ele me ameaçou e... - ela parou para fungar e voltar a chorar. Caleb afagou seus cabelos e ajudou a irmã a se levantar, olhando desconfiado ao redor. Sentia que algo ruim estava prestes a acontecer. 
- Fica calma, eu estou com você. Ninguém vai te fazer nada! 
- Ele usava uma máscara preta, era estranha... E estava todo vestido de preto... - ele olhou ao redor mais uma vez, a procura de alguém que se encaixasse naquele padrão e a abraçou de lado, conduzindo a irmã de volta ao local em que Cassie e Tyler deveriam estar. Deveriam... Mas não estavam. 

Bethany se soltou de Jared e levantou o corpo, enquanto o mesmo a olhava de um jeito confuso. Ela respirou fundo e se aproximou dele, virando o corpo do rapaz, a fim de fazê-lo ficar de costas para a porta. Jared não estava entendendo nada, e tentava se soltar daquele abraço sem sentido, mas Bethany não deixou. Era a vida dos outros, ou a sua. 
- Só mais um pouquinho... - ela sussurrou, afundando o rosto na curva do pescoço dele e percebeu que não estavam mais sozinhos no banheiro. (n/a: Coloque Mein Herz Brennt do Rammstein para tocar!)

O ser caminhava lentamente, como um predador cercando sua presa com todo o cuidado possível. Bethany observou que ele usava uma máscara preta totalmente sinistra e estava todo vestido de preto. Um longo sobretudo cobria seu corpo. Tentando manter Jared naquele abraço, ela observou também que em uma de suas mãos - que estava coberta por uma luva preta - um objeto pontudo reluzia. 
- Bethany, qual é o problema? - Jared dizia, se irritando com aquilo. Tirou os braços dela de seu ombro e a empurrou de leve para trás. O olhar no rosto da ruiva era triste e ele percebeu que uma lágrima preta - por causa da maquiagem - escorreu por sua bochecha. - Eu não sei porque diabos você fez isso, mas... - ele virou lentamente o corpo, e um som agoniado saiu pela garganta de Bethany. Jared foi surpreendido e puxado para trás, sem que pudesse ver o rosto de quem estava fazendo aquilo. Tentava se soltar a todo custo, mas o sujeito tinha o controle. Bethany continuava de frente para ele, o encarando enquanto lágrimas escuras desciam por sua face. 
Foi rápido demais... 
Ele sentiu algo gelado tocar sua garganta e perfurar sua pele. Enquanto a vista ia ficando turva, ele assistiu o sangue jorrar e sujar sua camiseta. Aos poucos, Jared ia sendo dominado pela escuridão. 
Não importa quem você seja, o que faça e no que acredite... Você é como qualquer um a sua volta. Como qualquer um, você vive. Você tem sentimentos bons e ruins; se relaciona com as pessoas erradas várias vezes, mas continua tentando procurar algo de bom nelas. E, assim, você continua a viver... 
Mas a vida é muito frágil... E, em um piscar de olhos, você morre. 
Bethany tampou a boca com as mãos, tentando segurar um grito e seus joelhos não aguentaram mais segurar o peso do seu corpo, fazendo-a cair. Enquanto observava aquela cena perturbadora, teve forças para levantar o rosto e encarar o homem mascarado que se mantinha imóvel, segurando a faca que pingava sangue. Olhou para o corpo de Jared no chão e uma agonia cresceu em seu peito quando percebeu que um som fucante saia por sua boca aberta, junto com o sangue fresco e quente que já manchava o chão. Carter assistia tudo aquilo como se não fosse nada. Para ele não era nada. 
Bethany foi para perto do homem loiro e encarou seus olhos, cujas lágrimas saiam sem parar. Ele ainda lutava para permanecer vivo, estava agonizando, mas não seria possível fazer mais nada. Logo, os movimentos de seu corpo cessaram e os olhos se tornaram vidrados e sem movimento. A vida escapara de seu corpo. 
- Agora, nós vamos fazer o seguinte... - uma voz abafada fez Bethany desviar sua atenção do corpo de Jared e olhar para cima, tentando segurar o choro que insistia em vir. Carter se ajoelhou ao lado do corpo de Jared e encostou a mão coberta pela luva no rosto de Bethany. - Você vai dizer que te trouxeram até esse banheiro, porque queriam te assaltar e depois fazer outras coisas com você, porém, esse rapaz corajoso veio... - ela fechou os olhos, absorvendo aqueles palavras e sentindo nojo. Nojo dele, nojo de si mesma, nojo do mundo. Queria morrer. Por que Carter não a matava de uma vez? - E, na tentativa de tentar te salvar, acabou perdendo a vida... - o tom de voz teatral se mostrou presente de novo. - Mas, precisamos tornar isso mais convincente, não acha, Beth? - ele elevou a voz e segurou a faca em sua mão com firmeza. Bethany apenas fechou os olhos e esperou, até que uma dor aguda tomou conta de seu braço e, em seguida, o objeto gelado tocou seu rosto, fazendo um pequeno rasgo na pele de sua bochecha. Ela soltou um gemido de dor e jogou o corpo para longe. - Pronto, bem melhor! - Carter disse, satisfeito. O barulho da faca sendo jogava no chão atraiu a atenção dela, que voltou a olhar para o homem. O mesmo levou o dedo indicar até a região de sua boca, deixando claro que ela deveria ficar quieta. E ela não tinha escolha. 
Logo, Carter não estava mais ali. Bethany não queria levantar o rosto, não queria encarar o corpo frio e sem vida de Jared. Não acreditava que aquilo estava acontecendo. Rastejou pelo chão, se sujando com o sangue dele e se preparando para tornar aquele pesadelo algo público. 
Um grito estridente e desesperado, que se misturava com choro, saiu de sua garganta, seguido por outro, e outro... 

Carter entrou em seu carro e livrou-se da máscara, ligando o veículo e saindo rapidamente dali. O carro não era seu, não teria problemas com a placa. Se câmeras gravaram seu ato, não teria problema, já que aquela máscara cobria seu corpo. Foi fácil transitar por aquele lugar e naquelas circunstâncias, pois tinha contatos ali. Aquela era a vantagem de permitir que pessoas fizessem dividas com ele... Poderia cobrar depois.
Enquanto dirigia para longe, com um misto de sensações, a voz insuportável começou a berrar em sua mente. Ele tentou ignorar, mas cada vez ficava mais insuportável. Parou o carro em uma estrada escura e bateu a cabeça no volante três vezes, implorando que o deixasse em paz. 

I feel insane every single time I'm asked to compromise
'Cause I'm afraid and stuck in my ways
And that's the way it stays
So how long did I expect love to outweigh ignorance?
By that look on your face, I may have forced the scale to tip.

I'm not insane, I'm not insane
I'm not insane, I'm not...
Not insane.

3 comentários:

  1. Meu Deus, que cachorro! Esse Carter não presta. Posta logo, tá demais!!

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  2. Amei esse capítulo, essa Bethany é uma vadia mesmo meu. Ela que deveria morrer V - A - C - A !!
    Quero mais

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Sem comentario, sem fic ;-)