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sábado, 31 de maio de 2014

Secretary II - Capítulo 15


Erin Fields
(Leia o capítulo ouvindo essa música.)



Flashback

Joe, por favor, vamos sair daqui! - Erin choramingou, abraçando seu corpo e se encolhendo quando algum garoto daquela festa tentava se aproximar e encostar nela de propósito. Se amaldiçoava por ter exigido ir até aquela festa com Joseph, ela não tinha noção do que acontecia em lugares como aqueles. Sexo e drogas eram visíveis, eram a atração principal. A garota loira de aparência angelical não aguentava mais ver o amigo sentado naquele sofá velho, se drogando e bebendo. Sentia que seus olhos estavam marejados, tendo que tirar os óculos para limpá-los. - Por favor, vamos sair daqui! - ela pediu de novo, limpando os óculos com desesperado. Joseph estava com o corpo jogado no sofá e mal conseguia ouvir o que Erin estava falando, porque a música era alta demais. E, para variar, sua visão e seus reflexos não eram dos melhores. Estava bêbado, drogado... Como sempre. 
Porém, antes que pudesse piscar de novo, conseguiu apenas ver um vulto se aproximar e agarrar Erin por trás, ouvindo a garota soltar um grito agudo e implorar por ajuda. Ele tentou se levantar, mas seu corpo não queria corresponder. Tentou mais uma vez e, sentindo a cabeça pesar, se colocou de pé e piscou os olhos diversas vezes para enxergar o que realmente estava acontecendo. 
Ali, na sua frente, Carter Stone estava agarrando Erin, tentando beijar os lábios finos e rosados dela. 
Inexplicavelmente, foi como se todo o efeito das drogas e do álcool sumissem do corpo de Joseph, porque ver sua amiga naquela situação era inaceitável. Antes que uma das mãos de Carter encostasse no busco coberto pelo casaco de lã, Joseph deu a volta e empurrou o corpo de Carter com violência, quase levando Erin junto. O que diabos ele estava pensando? Como tinha sido capaz de tentar algo com Erin? Tão ingênua, tão pura... Boa demais para estar no meio de toda aquela porcaria. Socou o rosto de Carter pelo menos duas vezes antes de ser puxado para cima, por um dos outros garotos da festa. Se soltou com ainda mais violência e puxou o braço de sua amiga, tentando abrir caminho naquela multidão de adolescentes loucos e procurar pela saída do lugar. A mão da garota estava gelada e ele conseguia ouvir seu choro agoniado. Passaram pela porta, recebendo a noite fria. Caminharam por um tempo, tempo suficiente para terem certeza de que estavam bem longe de todos aqueles animais. Fields soltou a mão do garoto e se sentou no meio fio da rua, abraçando as pernas e encostando a cabeça nos joelhos. 
Joseph a olhou e sentou-se ao seu lado, percebendo que a garota encolheu o corpo. 
- Eu te implorei para sairmos daquele lugar! - ela disse baixinho, com um tom de raiva que variava para medo. - E você não me ouviu. Sabe o que poderia ter acontecido? - Erin alterou a voz, levantando-se e olhando para Joseph, que mal se movia. - Nem deve ter passado pela sua cabeça o que aqueles garotos poderiam estar fazendo comigo agora, não é? Sabe o que eu acho? - ela cuspia as palavras. Joseph fechou as mãos em punhos e bufou, não aguentando ouvir tudo aquilo e também se levantou. Há alguns meses sua amizade com Erin tinha ficado forte o suficiente para que a garota tivesse liberdade e pegasse em seu pé, mas ele não era obrigado a ouvir tudo aquilo. - Eu acho que você não se importa. Com nada, com ninguém... - ela apontou para ele, com nojo. - Nem com você mesmo, Joseph. Você é um perdido como qualquer outro daquela droga de festa. Eu não sei por que acreditei que poderia te mudar! 
A garota deu um passo para trás, virando o corpo e ameaçando caminhar para longe. Tudo que queria era estar em casa. Mas Joseph foi mais rápido e segurou seu braço, fazendo seu corpo virar e voltar a ficar frente a frente com o dele. 
- Eu me importo, Erin. Me importo tanto que essa é a única saída que eu encontro: Fingir que nada importa. Que diferença faz eu ficar bancando o bonzinho como você? Meu pai me acha um merda, minha mãe me largou como lixo, a Margo é o mesmo que nada, e você... 
- E eu o quê? - ela olhava para a mão que segurava seu braço. - Eu sou a virgem boazinha que te faz passar vergonha? Eu te considero demais para deixar que isso acontença, então, tenho novidades: Estou desistindo, estou indo embora. 
De um jeito estranho, ouvir aquilo fez o peito de Joseph doer. Não, outra pessoa não podia desistir dele... 
Aumentou a pressão no braço da loira e impediu que ela tentasse ir embora. Erin olhou nos olhos verdes e avermelhados do garoto, tentando procurar a pessoa boa que por vezes tinha sido capaz de enxergar. Mas não tinha nada. Tudo que conseguia ver era um garoto drogado, perdido... Estava perdendo as esperanças. 
- Não desista de mim. Não vá... - ele afrouxou o aperto, observando o rosto angelical e ao mesmo tempo apavorado dela. - Todos sempre me deixam, eu não posso mais aguentar isso. 
- Então me dê um motivo para não ir embora. Eu sei que você pode fazer isso, Joe. - já totalmente livre da mão de Joseph, Erin foi caminhando em sua direção, enquanto o mesmo recuava. - Isso - ela apontou para ele em geral - é só uma máscara. É só o seu jeito estúpido de fugir da realidade. Mas não vai melhorar... Só vai piorar. Por favor, pare. Se você não mudar... Eu... 
- Você o quê? - agora quem recuava era Erin. - Vai chamar a polícial? Contar ao meu pai para que ele me tranque de vez em um hospício e me deixe lá até eu ficar velho e morrer? Ou vai simplesmente dar as costas e ir embora? 
- Eu estou com nojo de você. Sinto nojo do jeito que fala, como se você não fosse nada... Eu tenho nojo, Joseph. Tenho nojo de pessoas que perdem as esperanças nelas mesmas. 
- Nojo de mim? - agora seus rostos estavam bem próximos. - Eu vou te dar um real motivo para ficar com nojo de mim. E, um aviso: eu cansei de você ficar correndo atrás de mim e implorando para que eu vire alguém bom. EU NÃO SOU BOM, ERIN, E NUNCA VOU SER! - ele berrou, assistindo as lágrimas voltarem aos olhos daquela que estava perdendo as esperanças nele. - Desista! 
- Não. - foi tudo que ela disse, firme. Como era possível Joseph ser uma pessoa tão bipolar? Erin não conseguia acreditar. 
Então eu obrigo você a desistir. - Joseph passou por ela, caminhando com passos largos e atravessou a rua. Ir embora para a casa sozinha era o menor dos problemas de Erin Fields, porque seu destino era tão cruel quanto a falta de esperança de Joseph. 

Fim do flashback


Joseph's P.O.V

Assim que abri a porta e caminhei pela casa, avistei o corpo de Demetria jogado no sofá. Deixei minha mala em qualquer lugar e apertei o passo. Depois de saber que Cameron cuidaria dela, Demetria ficou totalmente aborrecida. Brigamos e ela decidiu que queria voltar para Londres sozinha. E voltou antes que eu pudesse tentar impedir. 
Me aproximei do seu corpo e encarei seu rosto por um tempo, só para apreciar sua beleza. Ela parecia prestes a acordar a qualquer momento, até porque aquela posição parecia ser bem desconfortável. Com cuidado, peguei seu corpo em meus braços e subi as escadas com cuidado. Qualquer que fosse a raiva que ela sentia de mim, desaparecia enquanto estava dormindo. Demetria abraçou meu pescoço e aconchegou a cabeça em meu peito, soltando um suspiro. Sorri com a atitude dela e empurrei a porta do quarto com o quadril, continuando a manter o cuidado para não acordá-la. Eu estava cansado, meus olhos ardiam e meu corpo implorava para que eu dormisse como ela, mas eu ainda precisava sair de casa mais uma vez. 
Coloquei seu corpo com cuidado na cama, e Demetria se encolheu como se agradecesse. A cobri e sentei ao seu lado, pensando na vida. Eu estava quase desistindo, estava quase acreditando que passaria minha vida trancafiado. 
Passei minha mão por seu rosto, fazendo um carinho sem jeito, com medo de acordá-la. Não queria que ela visse o estado em que eu me encontrava, ela não podia tentar me impedir de sair de casa. Eu não sabia se voltaria. Levantei da cama e procurei por um pedaço de papel e caneta, escrevendo rápido tudo que queria que ela soubesse. Com a pressa, minha letra ficou totalmente rabiscada, mas eu sabia que Demetria seria capaz de entender. Ela sempre dizia que eu tinha letra de médico, dizia que eu tinha tudo para ser um médico. Eu gostaria que ela estivesse certa. 
Coloquei o papel ao lado de um porta-retrato com uma foto nossa. Estávamos sorrindo. Como a felicidade podia ser tão fugaz? 
Saí pela porta e a fechei com cuidado, olhando o rosto de Demetria pela fresta mais uma vez. Me perguntei quando iria vê-la de novo. Ela ficaria bem, Cameron cuidaria dela. Talvez pudesse viver uma vida feliz mesmo com tudo aquilo, talvez um sorriso sincero ainda seria capaz de aparecer por aqueles lábios que eu já sentia saudades de beijar. 

Tranquei a porta e saí pelo jardim, ignorando meu carro e revolvendo que iria - aonde quer que fosse - apé naquele dia. Passei pelo portão e dei de cara com a rua, enfiando as mãos nos bolsos do casaco para tentar esquentá-las. Estava muito frio. 
Antes que eu pudesse continuar meu caminho, senti um carro se aproximar e virei o corpo. O medo veio brutalmente e minhas mãos suaram frio. Eu não pensei que seria tão rápido... 
Joseph. - polícial Austin chamou meu nome, saindo pelo porta do carro e se apoiando no mesmo. Tirou os óculos escuros e me lançou um olhar frio, questionador. 
- Kyle. - eu disse seu primeiro nome, não me importando. Já estava encrencado mesmo. 
- Preciso conversar com você, entre no carro. - eu estaria mentindo se dissesse que uma voz dentro de mim não gritou para que eu corresse e fugisse, mas minhas pernas continuaram congeladas e tudo que eu fiz foi concordar com a cabeça. Fui até o carro e entrei, batendo a porta. Austin girou a chave na ignição e me olhou sério mais uma vez. 
- Tem uma coisa que você precisa saber, antes que tudo desmorone. - aquelas foram as últimas palavras dele antes de colocar o carro em movimento. 


Eu sabia que caminho era aquele. As lápides eram familiares, as árvores também. O pouco movimento do lugar deixava uma energia pesada e funebre. Austin caminhava a minha frente, com o rosto erguido e os ombros para trás, tentando demonstrar coragem. Há vários passos de distância, eu o seguia. Ainda restava tempo para fugir, mas eu não conseguia parar de me perguntar o que ele queria me dizer. E por que precisava dizer no túmulo do meu pai? 
Quando ele parou, eu apertei o passo e fiquei ao seu lado, encarando o lugar onde os restos daquele homem estavam guardados. Eu nunca tinha ido visitá-lo ali, a última vez em que tinha comparecido àquele cemitério fora no dia de sua enterro. Estagnado e com medo, esperei em silêncio até que Austin falasse. 
- Seu pai sempre te amou. - pego de surpresa, eu quase tive vontade de rir. 
- Você me trouxe até aqui para dizer isso? Poderia ter escolhido um lugar menos funebre para mentir, Kyle. - ele se afastou um pouco e caminho pelo local com os braços cruzados. 
- Eu falo sério, Joseph. E, não, eu não lhe trouxe aqui apenas para dizer isso, tem mais. Só não sei se você está preparado para ouvir. Aliás, não tenho certeza se eu estou para falar. 
Seja lá o que ele queria me dizer, eu sabia que mudaria tudo. Não tinha coragem de levantar a cabeça e encará-lo nos olhos, só conseguia ficar encarando o túmulo de meu pai, como se pudesse conseguir alguma resposta daquele jeito. De repente, me senti sozinho. Estaria mentindo se dissesse que não sentia falta de Joseph, meu pai, estaria enganando a mim mesmo se pensasse que tê-lo por perto não seria reconfortante. E minha mãe? Mesmo depois de todos aqueles anos eu ainda não sabia o que tinha feito com que ela fosse embora. Por que me deixou? E será que meu pai teria me amado mesmo? O que poderia provar isso? 
- Não interessa se eu estou pronto ou não. - virei o corpo e fiquei de frente para Austin, decidindo que eu não queria mais fugir. - Só diga logo. - Kyle respirou fundo e tirou seus óculos, olhando mais uma vez para o túmulo e limpando a garganta. 
- Certa noite, eu estava em casa com Rachel e Caleb. A morte de minha esposa ainda trazia tristeza, mas nós precisávamos seguir em frente. Eu precisava ser o pai que não deixaria que nada lhes faltasse. E eu estava pronto para ser esse pai. Pedi para que os dois fossem dormir e fiquei do lado de fora da casa, observando a rua. Sabe a sensação estranha de que algo está prestes a acontecer? Pois então, meu celular tocou e eu atendi sem delongas, percebendo que a pessoa do outro lado da linha estava desesperada. Totalmente horrorizada, ela me disse que tinha escutado gritos e um barulho de tiro. Pedi o nome da rua e, sem pedir reforços eu peguei o carro e fui para lá. Sem pensar em como ela tinha meu celular, sem pensar em nada. - ele balançou a cabeça negativamente. - Eu conhecia a rua, conhecia as pessoas que moravam por ali, só que naquela rua existia uma grande quantidade de casas à venda. Muitas vezes eu era chamado porque os delinquentes usavam essas casas para se drogar e fazer outras coisas que você é capaz de imaginar. - ele tossiu e voltou a limpar a garganta. - Uma das maiores casas da rua estava abandonada e o lugar parecia deserto. Sem ninguém para confirmar aquele barulho, e mesmo sabendo que poderia ter se tratado de um trote, eu consegui entrar na casa pelos fundos, porque era aquele endereço que tinham me dado. Aparentemente, tudo estava calmo, mas a porta da frente estava aberta e um cheiro de pólvora dominava o lugar. Fui até lá e entrei... Joseph, eu não acreditava no que estava vendo...

/Joseph's P.O.V


Flashback

Austin não conseguia tirar os olhos daquela cena perturbadora. Com sua lanterna, ele iluminou a parte de cima da casa e correu para os fundos, tentando se certificar de que não tinha ninguém escondido. Quando voltou para a entrada, ajoelhou-se no chão frio e sujo e observou a arma que era segurava pela mão de um ser desacordado... 
Diante dele, dois corpos estavam jogados no chão. 
Um deles estava com um vestido branco sujo de sangue. Pela pele visível, ferimentos eram identificados. Os óculos da menina estavam jogados ao seu lado, com as lentes quebradas. Austin aproximou-se ainda mais da garota e, mesmo com todo o seu entendimento e preparação, não conseguiu evitar de sentir seu estômago se revirar. Como estava deitada de bruços, ele pôde observar os cabelos loiros sujos de sangue e um buraco no centro de seu crânio, que tinha atravessado a testa, fazendo com um rastro de sangue rodeasse a garota. Seus olhos eram vidrados, estava morta. Ele sabia que ela tinha sofrido antes de morrer, porque o estado em que seu corpo se encontrava era deplorável. O vestido estava rasgado na região das pernas, alguns fios de cabelo loiro estavam jogados no chão e seus braços exibiam feridas profundas; um corte nos lábios ainda sangrava. 
Engolindo em seco, Austin mudou seu olhar de direção e observou o outro corpo. Fitou a arma mais uma vez e um pequeno frasco com comprimidos esparramos. Drogas. Não podia tocar em nada, mas parecia que precisava tocar para convercer a si mesmo de que aquilo era real. 
Joseph ainda respirava, já que seu diafragma subia e descia, mas parecia longe de poder acordar. Seu estado era quase tão deplorável quanto o de Erin, mas ele não tinha machucados visíveis. Uma mão segurava a possível arma do crime e a outra tinha alguns fios de cabelo loiro presos por entre os dedos. Austin olhou para o corpo de Erin mais uma vez e lembrou-se dos cabelos arrancados. 
Um relâmpago seguido por trovões altos clareou o recinto, tornando aquela cena ainda mais assustadora. 
Não era o fato de uma garota ter sido baleada na cabeça que deixasse o polícial naquele estado... Ele só não conseguia acreditar que o filho de seu amigo Joseph pudesse ser um assassino. 
Quem tinha telefonado e informado o que estava acontecendo? Será que seus olhos estavam mesmo enxergando a verdade? 
O certo seria chamar os reforços e esperar que toda uma investigação fosse iniciada, mas não foi isso que ele fez. Levantou-se e, pisando no sangue da garota morta, ele foi para os fundos mais uma vez e discou um número conhecido. Joseph atendeu depois de um tempo e então Austin explicou qual era a situação. Tudo que Joseph fez foi desligar e pouco tempo depois já estava no local, evitando olhar para baixo e ver o corpo do filho desacordado. 
- Como você sabe que Joseph matou a garota? - o homem de meia idade perguntou, com sua pose de superior. Mesmo sendo amigo de Austin, não mudava seu jeito perante o mesmo. O fato do homem ser um polícial não o intimidava. 
Kyle apontou para toda aquela cena e levantou as sobrancelhas. 
- Não tem olhos para enxergar o que está diante de você, Joseph? A arma, os cabelos dela na mão dele... As drogas próximas ao seu corpo. Provavelmente estava drogado e a garota deve ter tentando lutar contra ele. Olhe o estado dela... 
- Então por que ele está desacordado? 
- Como eu disse, estava drogado e queria se drogar ainda mais, porém, o desespero e toda a adrenalina do momento, junto com as drogas, deve ter provocado um desmaio. Um garoto de 16 anos... Meu Deus, onde esse mundo vai parar? - polícial Austin ainda estava inconformado. - Sabe o que acontece agora, certo? 
- Não, eu não sei, Kyle. 
- Seu filho vai sofrer as consequências de seus atos. 
Joseph, olhando para o filho e o corpo de Erin mais uma vez, abriu seu paletó preto e tirou um maço de notas de um bolso interno. Seu poder de persuasão era notável, e ele sabia o que fazer. Não poderia permitir que a vida de seu filho acabasse daquele jeito. Seu nome não poderia ser sujado daquela maneira... Existia uma saída. 
- Joseph, eu não vou aceitar isso. - Austin disse alto, empurrando o maço de notas com violência. soltou uma risada nasalada e balançou a cabeça negativamente. Como ele podia ser um homem tão frio? 
- É claro que você vai. Me diga, como é cuidar de dois adolescentes que perderam a mãe recentemente? Eles precisam de muitas coisas, eles se revoltam quando não conseguem o que querem... Como vai cuidar de ambos com o salário de merda que você ganha? Isso - seus dedos brincaram com o maço. - é só uma amostra. Livre-se do corpo da garota e eu cuido do Joseph. Ele é meu filho, eu sei o que fazer com ele. 
- Eu já disse que não vou fazer isso, eu não posso fazer isso! 
- Como vai o Caleb? Continua sendo o garoto inteligente que eu conheci? Ah, ele tem futuro! E Rachel? Continua sonhando em se tornar uma advogada? Você sabe que isso necessita de muito dinheiro. Seus filhos merecem o melhor estudo que você puder oferecer, meu amigo. Estou disposto a ajudá-lo, se você me ajudar, é claro. 
Austin se viu sem saída. Ainda era difícil continuar a vida sem sua mulher, tendo que fazer o possível e o impossível por seus filhos. Tinha orgulho de ambos e não poderiaa permitir que eles tivessem uma vida insignificante como a dele. Era só aceitar o dinheiro e dar um jeito no corpo da garota, certo? Ninguém precisava saber, o mundo estava cheio de ações como aquelas. Não seria o primeiro corpo a ser escondido... O amor de um pai seria capaz de provocar coisas extremos. Um pai mataria e morreria por seus filhos. Umm pai faria qualquer coisa por seus filhos. 
A mão de Kyle agarrou o maço de dinheiro com força, e Joseph sorriu. 
- Leve o corpo até esse endereço - estendeu-lhe um cartão. - e enterre nos fundos. Quem poderá desconfiar? - Austin assistiu seu amigo se afastar e empurrar a arma da mão do filho, o pegando pelos braços e sumindo de sua vista. O corpo da garota ainda estava lá, ainda esperava por algum tipo de misericórdia. O arrependimento corrompia as veias de Kyle, mas já estava feito. 

Fim do flashback


Joseph's P.O.V

Eu não conseguia acreditar, aquilo não podia estar acontecendo. Ouvi tudo que Austin disse, mas minha mente estava em outro lugar. Um enxame de memórias com Erin me atingiu e minhas pernas ficaram fracas. Eu estava prestes a cair de joelhos frente ao túmulo do homem responsável por acabar com a minha vida. Como ele pôde? 
Abri a boca dezenas de vezes para tentar dizer alguma coisa, mas minha garganta estava bloqueada. O que me levou a fazer aquilo? Porque eu simplesmente não acabei com a minha vida ao invés de acabar com a de outra pessoa? Erin era uma pessoa maravilhosa. Erin tinha uma família que naquele momento ainda sofria com seu aparecimento. Que direito eu tinha de acabar com uma vida? Que direito eu tinha de acabar com a vida de alguém que lutava por mim? Ela via bondade em mim, ela tentava a todo custo me provar que existia esperança. Exatamente como Demetria. 
Se eu feri Erin, o que me impediria de ferir Demetria?
Joseph? - Kyle chamou meu nome, para ter a certeza de que eu ainda estava vivo. 
- Eu... Eu matei... - eu lutava contra o meu próprio corpo, ele estava prestes a ceder. - Eu matei a Erin? - olhei para ele, implorando para que tudo não passasse de um pesadelo. 
- Infelizmente. Não existe nada que seja capaz de provar o contrário. Eu lamento, mas tudo vai mudar agora. Caleb sabe que eu escondo algo, e eu não posso mais permitir que as coisas continuem assim. Eu sabia que cedo ou tarde tudo desmoronaria, sempre soube que era só questão de tempo até que eu tivesse que me entregar e pagar pelo que eu fiz. Acredite, se eu pudesse, teria voltado no tempo e recusado aquele dinheiro... Seu pai não se importava com uma garota morta, ele não se importava com uma família que chorava e nem com uma vida que fora tirada, um futuro que foi roubado. Mas ele se importava com você. Essa é a única explicação...
- Por favor, pare de falar! Como você pode dizer que aquele monstro se importava comigo? 
- Eu não terminei, Joseph. - ele levantou um dedo. - Estive com seu pai uma semana antes dele morrer. Não parecia o homem frio de alguns anos antes. Estava como o antigo Joseph costumava. Lamentava por ter perdido sua amada Elizabeth e por ter feito da vida de seu único filho um inferno. Assim como eu, ele também queria voltar no tempo, acreditava que tudo que você tinha se tornado era culpa dele. Eu lhe disse que todos poderiam ter uma segunda chance, mas uma semana depois ele partiu. 
- E você enterrou o corpo da Erin no lugar que ele pediu, não é? Demetria me disse que ela e Caleb encontraram um osso lá... Pelo visto você fez um ótimo trabalho, Austin. 
- Acha que eu me orgulho disso? Vou me entregar a polícia e acabar com tudo. Pagar por meus atos. - ele se afastou e colocou seus óculos de novo, pronto para deixar o cemitério. - Eu sinto muito, gostaria que você pudesse ter um futuro melhor. Eu já estou velho, meus filhos estão criados e não faz diferença. Mas você... - ele olhou para baixo e depois se recompôs, me deixando sozinho. Tudo começava a fazer sentido... E meu destino seria cruel. E pensar que eu realmente acreditei que teria um futuro com Demetria, com a mulher que eu tanto amava. A mulher da minha vida. 
Morrer parecia tão atraente... Colocar um ponto final em tudo aquilo foi a única saída que surgiu em minha mente. 
Caminhei rápido e saí do cemitério, totalmente descontrolado e com apenas uma direção... 

/Joseph's P.O.V 


Flashback

Joseph se esforçou para abrir os olhos, mesmo parecendo que eles estavam pegando fogo. Seu corpo estavam tão mole que ele mal conseguia senti-lo. Percebeu que estava deitado de bruços no que só podia ser a cama de seu quarto e tentou se virar, dando de cara com dois rostos que o analisavam. Seu pai e uma mulher; a julgar pelo roupa branca, parecia uma enfermeira. 
- Pai... - ele tentou dizer, apertando a mão contra a cabeça ao sentir uma pontada. Não conseguia lembrar o que tinha acontecido na noite anterior, sua última lembrança era ter estado na casa deMargo... 
- Você não me deu outra escolha, Joseph. - seu pai disse com tristeza, olhando para a mulher de branco e dando um aceno de cabeça, como se autorizasse alguma coisa. 
- Isso é para o seu bem, querido. - apesar de conseguir ouvir a voz da mulher, não fazia a mínima ideia do que ela estava falando. Tentou levantar o corpo e sair daquela cama, na tentativa inútil de procurar por uma explicação. Dois homens altos e com aquele mesmo maldito uniforme branco adentraram o quarto. 
- Não... Pai, por favor! Para! - A agulha de uma seringa reluziu e Joseph tentou se desviar da picada, mas seu braço fora segurado com força por um dos homens e segundos depois ele apagou de novo. 
Joseph assistiu enquanto o corpo do filho era colocado no que parecia ser uma ambulância e deixou o olhar se perder pelos porta-retratos espalhados pela entrada da casa. Como deixou que a vida de seu filho se tornasse aquele inferno? 

Quando abriu os olhos, não estava mais em casa. Tudo que ele enxergava era um quarto branco e vazio. A cama em que seu corpo estava deitado era desconfortável e pequena. Mas o que diabos era aquilo? Em seu corpo, percebeu que uma calça e uma blusa de mangas compridas - ambas brancas - combinavam com o resto do lugar. Então o que ele preveu tinha mesmo acontecido: perdeu o último resquício de sanidade e seu pai escolheu livrar-se dele. Era só um estorvo, uma ocupação inútil de espaço. 
Conseguia ouvir gritos agoniados e estridentes vindos do lado de fora do lugar. 

Fim do Flashback.


Caleb ouviu a porta se abrir e levantou rápido, caminhando até a sala e dando de cara com seu pai. Estudou o rosto do homem por um tempo e concluiu que algo estava diferente. Kyle Austin jogou os óculos no sofá e pediu com um aceno de cabeça para que o filho se sentasse. Caleb sabia que a conversa era séria, sabia que seu pai lhe diria algo decisivo. Até já conseguia ter uma noção do que se tratava. Ele se sentou e seu pai imitou sua ação, cruzando os braços e olhando ao redor de sua casa, como se quisesse qualquer uma recordação. 
- Pai, o que foi? - impaciente, ele perguntou. 
- Caleb, eu... Eu preciso que você seja forte. - Caleb franziu o cenho e fitou seu pai com um olhar questionador. - Preciso que cuide da sua irmã, você vai ser o homem da casa agora. 
- O que aconteceu? Por que você está falando desse jeito? Por acaso... - ele cortou a própria fala. Foi então que uma lembrança veio em sua mente. A casa onde esteve com Demetria, o mistério do desaparecimento daquela garota, o osso... O envolvimento de seu pai em tudo aquilo. - Isso é por causa de Erin Fields, não é? 
- Sim. - resumidamente, com a ideia fixa na cabeça de que precisava sair daquela casa o mais rápido possível, ele contou o mesmo que tinha contado para Joseph. Pediu mais uma vez para que o filho cuidasse de Rachel e pediu perdão também. 
Caleb continuava imóvel, assistindo o pai sair pela porta, indo direto para sua sentença. 

Kyle entrou em seu carro e telefonou para um de seus amigos policiais, estava certo do que queria fazer. 
- Aqui é o Kyle. Preciso de reforços... - ele passou o endereço e respirou fundo. - Sei onde o corpo de Erin Fields está. - o caso da garota desaparecida era conhecido, já que durante todos aqueles anos o sumiço dela era um mistério que intrigava a todos da cidade. Seus pais tinham se mudado, - porque não queriam permanecer naquele lugar que trazia tantas lembranças de filha - mas as investigações não pararam. Até que, certo dia, todos se deram por vencidos. 


Os enormes portões de metal foram abertos, e duas viaturas pararam em frente a pequena casa abandonada. Kyle saiu de um dos carros e, sem esperar pelos outros, foi caminhando para os fundos. Os outros dois policiais o acompanharam com suas lanternas e preparados para qualquer acontecimento inesperado. A ervas daninhas cobriam metade de suas pernas e Kyle não demorou para localizar um objeto comprido no chão. Se abaixou e o pegou, fitando o mesmo como se fosse muito mais que um osso e entregou para o outro polícial. 
- O corpo dela está enterrado aqui? - um deles perguntou. 
- É o que vamos descobrir agora. E, pelo jeito, foi um serviço extremamente mal feito. Enterraram a pobre garota em um buraco raso. Provavelmente a chuva fez com que a pouca terra abrisse esse buraco e deixasse um pedaço de seu corpo à mostra. O resto vocês são capazes de imaginar. - o outro, mais velho e com um bigode exagerado respondeu. Era um perito criminal. 
Depois que pegaram o material necessário, abriram caminho por entre o mato crescido e começaram a cavar. Rápidamente, confirmando as suspeitas de que era um buraco raso, um tecido rasgado veio junto com a terra que era puxada. Eles se ajoelharam e cavaram na terra que ainda restava. O polícial mais novo sentiu algo duro em baixo de suas mãos e segurou com força, puxando para cima. 
- Uma costela. - ele disse, examinando o osso de tom amarelado e envelhecido. 
Logo uma ossada completa havia sido desenterrada. O lugar já estava tomado por outras viaturas e mais peritos, que cobriram o lugar com faixas, para que nenhum curioso tentasse uma aproximação. Os ossos foram colocados em um lugar apropriado e Austin continuava em silêncio. Um de seus amigos policias se aproximou, limpando o suor da testa e retirando as luvas. 
- Você sabe se essa casa tem dono? - perguntou, observando a arquitetura. Para Austin, aquela seria a hora mais difícil. Além de se entregar, ele também entregaria o filho de seu melhor amigo. Não tinha escolha. 
- Essa casa pertencia a Joseph Jonas. 
- O dono dos hotéis? Ele morreu... Mas seu filho ainda está por aí... 
- É exatamente o que você está pensando, exceto a parte em que ele enterrou o corpo da garota. Outra pessoa fez isso... 
- E como você pode ter tanta certeza? 
- Porque fui eu. - o outro homem arregalou os olhos, olhando ao redor para ter certeza de que ninguém tinha ouvido. 
- Kyle, você enlouqueceu? 
- Eu recebi dinheiro e instruções para enterrar o corpo de Erin Fields nesse lugar. E eu vou contar todos os detalhes, dizer tudo que aconteceu... Mas não aqui. - ele retirou sua arma e seu distintivo dos bolsos do casaco e jogou na terra. - Então, faça o que você tem que fazer. 


Joseph's P.O.V

A garrafa escorregou da minha mão, mas eu me abaixei rapidamente para pegá-la, antes que todo o seu liquido fosse embora. Levei a mesma até a boca e deixei o liquido escuro descer por minha garganta, queimando fortemente. Saí do elevador cambaleando e subi uma pequena escada, chegando até a cobertudo do prédio. A cidade de Londres me recebia com todo a sua iluminação, com toda a sua crueldade. 
Ainda bebendo, e sem sentir vontade de parar, levei meu corpo cansado até o beiral e o encostei ali. Eu não sabia o que era pior: Ter a certeza de que eu estava sendo fraco o suficiente para tentar mascarar minha dor com a bebida ou ter que lembrar a cada fração de segundo que eu tinha sido responsável pela morte de uma pessoa. 
Dor demais! Eu me encontrava em um estado que seria capaz de tudo para fazê-la ir embora. 
Eu era um lixo. De repente, as promessas não faziam mais sentido, a vontade de continuar com tudo aquilo se esvaiu e a esperança queimou. Perdi a fé, tinha deixado de acreditar em mim. Aonde quer que Erin estivesse, estava sentindo nojo de Joseph Jonas naquele momento. 
Observei a altura do lugar onde eu estava mais uma vez e tirei o celular do bolso, dando mais um gole na bebida. 
O inferno me aguardava, então por que esperar? 
Disquei os números com dificuldade, sentindo minhas mãos trêmulas e a vista embaçada. Demetria atendeu. 
Joe? Joe, por favor, onde você está? - sua voz estava assustada. Fechei os olhos e respirei fundo. 
- Você encontrou a carta, Demi? Está junto ao porta-retrato. 
Quê carta? Joseph, por favor, onde você está? - ela voltou a perguntar, e sua voz estava chorosa. 
- No topo do mundo! - eu disse, soltando um risada exagerada. Efeito do álcool. - Joseph Jonas, o homem poderoso, o homem que sempre teve tudo que quis, exceto uma vida suportável. O homem que nunca soube dar valor as pessoas que queriam seu bem... 
Para, por favor! Eu te imploro, para de dizer essas coisas... 
- Eu matei ela, Demi... Eu matei a Erin. Acabei com a vida dela... Mas não se preocupe, eu mereço ser punido. - a garrafa caiu da minha outra mão, provocando um barulho agudo ao se chocar com o chão. Demetria ouviu e seu choro ficou mais alto. 
Tenha esperanças, meu amor... Lembre-se de nós, lembre-se do que eu te prometi... Do que você me prometeu! 
- Eu não posso cumprir minhas promessas. - ergui uma perna, tomando impulso e equilibrando meu corpo no pequeno muro. Me sentei e minhas pernas balançaram soltas. O vento passou cortante pelo meu rosto. - O inferno me espera, Demetria... - minha vista ficou turva. - Não faz diferença, eu prefiro acabar com isso logo do que apodrecer atrás das grades. - eu não sabia se ela ainda estava do outro lado da linha, mas continuei a falar. - Mas eu peço que você nunca se esqueça que eu te amei o máximo que eu pude. Acho que o que nós tivemos foi a única coisa boa que aconteceu comigo. Vou ser eternamente grato por isso... 
Você não pode fazer isso comigo... Você... Você não pode acabar com a sua vida. Onde está o homem forte que eu conheço? 
- Ele se foi. - sorri sem alegria. - Adeus, Demi... Leia a carta. 
O telefone ficou mudo, e eu sabia que Demetria viria atrás de mim. Talvez já fosse tarde demais... 

I've made my mistakes, got no where to run
The night goes on
As I'm fading away
I'm sick of this life, I just wanna scream
How could this happen to me?


Porém, eu ainda torcia com todas as minhas forças para que alguém fosse capaz de mudar aquela situação. Seria possível? 
Alguém poderia me salvar? 




Mesmo vocês não merecendo eu vim postar. 
Se quem ler não comentar vou apelar logo pra desativar o blog :)
Desculpa, mas é a verdade.
Tchau

5 comentários:

  1. Nãaaaaao desativa o blog não, por favor, é perfeito! Posta mais!

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  2. Perfeitoooooooooo
    Nova seguidora, posta mais please, eu adoro essa fic :)
    Pode divulgar pra mim??
    http://fanficsthe.blogspot.com.br/
    http://jemienelenaparasempre.blogspot.com.br/
    Posta logo em

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  3. Por favor, posta, posta, não abandona aqui não :'(

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Sem comentario, sem fic ;-)