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quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Secretary III - Capítulo 9

Armadilha
(Músicas do capítulo: Addicted do Saving Abel e Never Gonna Leave This Bed do Maroon 5. Deixe ambas carregando e coloque para tocar quando um aviso surgir.)



Flashback

Seis velinhas finas e rosadas foram depositadas sobre um bolo também decorado em rosa. 
Um corpo magro e pequeno se aproximou das mesmas, deixando que todos ao redor enxergassem seus pequenos olhos brilhantes. Escondendo um sorriso, ela segurou nervosamente a saia do rodado vestido azul anil que usava e deixou o olhar prender com o de sua mãe. A mulher tentava convencê-la a finalmente assoprar as velas, e foi isso que a menina fez. 
Sua mãe era tão bonita... Ao comprimir os lábios e produzir um sopro que deu fim ao frágil fogo das velas, Demetria desejou que um dia conseguisse ser parecida com ela. Ter aqueles belos cabelos brilhantes e sedosos, assim como os olhos marcantes e a habilidade de ser tão bondosa. E um homem que a amasse pura e verdadeiramente. Mesmo que ainda não soubesse o verdadeiro significado disso no mundo dos adultos. Um pouco desacostumada com todo aquele barulho proveniente das comemorações de seus familiares e amiguinhos, ela estreitou um pouco os olhos e brincou com a longa trança feita por sua mãe em seu cabelo castanho claro. 
Aliviada por finalmente se livrar de toda aquela atenção, a pequena Demetria correu até o jardim com algumas outras crianças e foi por ali que permaneceu até que sua festa de aniversário pareceu atingir o fim. Avistando o pôr do sol, a menina segurou uma boneca com força ao perceber que sua mãe conversava de maneira cautelosa e ao mesmo tempo exaltada com um homem que Demetria nunca tinha visto. Ela entrou rapidamente dentro de casa, chocando as solas sem saltos de seus sapatos pretos de verniz e correndo com todo o fôlego que tinha por uma mediana escada de madeira polida. Passando por um largo corredor de paredes claras, finalmente encontrou sua avó sentada em uma cadeira de balanço com um grosso e amarelado livro em mãos. 
- Vovó Marissa... - ela começou, largando a boneca em uma cama com colcha de seda branca. Marissa a olhou com os óculos apoiados em seu nariz e colocou o livro para repousar em seu colo. Ajeitou com as mãos o vestido em tom pastel que usava, cuja cor combinava com um prendedor que segurava alguns fios de seu cabelo parcialmente grisalho. 
- Diga, Demi. 
Demetria abriu a boca para falar, mas sua atenção foi desviada ao notar um enorme urso de pelúcia branco com um laço vermelho no pescoço. A menina correu para agarrá-lo com suas delicadas mãos como se fosse alguém que não vê há tempos, divertindo Marissa. Por um instante, Demetria esqueceu-se do medo que sentiu ao enxergar sua mãe brigando com aquele estranho homem. Após investigar todos os presentes que tinha ganhado, parou em pé ao lado da cadeira de sua avó novamente. Os olhos eram curiosos e inocentes. 
- Quem é o homem que estava conversando com a mamãe? - questionou com a voz suave, fazendo a mulher mais velha se esforçar para tentar entender do que ela falava. Duas vozes com timbres diferentes foram notadas no andar de baixo e Marissa rapidamente se ergueu, passando os dedos pelo topo da cabeça de sua neta. Ela sabia de quem se tratava, sabia que problemas surgiriam. 
- Fique aqui, querida, aproveite seus presentes. Mais tarde retomaremos nossas aulas de piano, certo? 
Demetria apenas concordou em silêncio, aparentemente triste. 
Marissa se movimentou silenciosamente até descer as escadas, encontrando sua filha e um homem de aparência impecável ao lado. Ele era alto, tinha cabelos em um tom um pouco claro e olhos verdes. Seu nome era Arthur Sheppard, ela conseguiu se recordar completamente. 
A menina no andar de cima deslocou seu corpo de onde estava e se manteve com as costas presas à parede enquanto dava passos mínimos. Os dedos apertavam uns aos outros e os olhos infantis procuravam pelo endereço daquela pequena confusão. Satisfeita por ninguém notá-la naquele instante, Demetria dobrou os joelhos e sentou-se na escada, encolhendo um pouco o corpo para que não fosse descoberta. 
- Como você se atreve a aparecer aqui depois de todos esses anos? - Sue, sua mãe, falava em um tom áspero, olhando com o que Demetria julgou ser ódio para o homem. Mesmo que ela ainda não soubesse devidamente o significado daquele sentimento... Que anos depois mudaria o curso de sua vida. 
- Sue, eu sei, você me odeia, mas ela é minha filha também. - Arthur tentava roubar a razão, como se abandonar um filho pudesse ser algo facilmente perdoado e esquecido. 
- Claro, aplausos para você! Conseguiu se recordar de que tem uma filha em tempo recorde: seis anos após o nascimento dela. - Sue não media as palavras que eram expulsas de seus lábios em um tom cruelmente irônico, ignorando a presença de sua mãe. Só queria que aquele homem sumisse de uma vez. Ainda doía olhar para ele, principalmente porque ela não tinha sido capaz de esquecê-lo. 
- Tudo bem, se vai me privar disso, pelo menos me deixe garantir que ela tenha um bom futuro. Quero assegurar que receba algumas coisas que me pertencem quando for a hora. 
- Dinheiro, Arthur, dinheiro. Coisas materiais. Por que você não pode fazer um esforço para reconhecer que não é disso que ela precisa? Sabe quantas noites Demetria veio até o meu quarto pedindo pelo pai desaparecido? Inúmeras! 
Os olhos de Demetria marejaram enquanto ela ainda se encontrava paralisada no topo da escada. 
- Não tente me impedir! Ela vai ter um futuro bom, é o mínimo que merece! E não se preocupe, nada do que estou disposto a passar para o nome de Demetria está relacionado com a vida que tenho agora. É algo que tive... Antes. 
- Antes? Pelo amor de Deus, se é mesmo verdade tudo que você me disse há seis anos, sua vida anterior é perigosa demais para ser exposta. Para ter alguma relação com a minha filha! - ela deu ênfase em suas duas últimas palavras. - Arthur... Quentin matou para sobreviver, Quentin irritou pessoas que podem arruinar a vida de outras com apenas um piscar de olhos. Bom, se é que tudo isso que você me contou é verdade. 
- Quentin está morto, apenas os bens dele permanecem vivos de maneira secreta. 
- Não fale como se tivesse esquecido do fato de que você é o Quentin. Isso me irrita e me dá nojo! 
- Sue... 
- Saia daqui de boa vontade, por favor. - Marissa se intrometeu ao notar que sua filha parecia prestes a chorar. 
O homem engravatado e de olhar rude fitou a escada e seus olhos se encontraram com os da pequena menina, que se assustou e disparou a correr para dentro de seu quarto. Onde pelo menos tinha a certeza de que se sentiria segura, pois teria um enorme urso de pelúcia para abraçar. Tudo ficaria bem. 

Fim do flashback.


Demetria's P.O.V

Happy birthday to you, happy birthday to you... - interrompi o show particular que fazia para mim mesma diante do espelho do quarto, encarando meus olhos e por fim a expressão fria que insistia em se formar em meu rosto naqueles dias. - Happy birthday to you... - aumentei um pouco o tom de voz, respirando fundo em seguida. - Happy birthday to you! - finalizei, me sentindo desocupada ao extremo por ficar cantando para o nada. 
Com uma escova, lentamente puxei alguns fios de cabelo, os deixando cair por apenas um dos meus ombros. 25 anos. Vinte e cinco anos em que eu tentava entender o que fazia naquele mundo, qual era o meu propósito e quando finalmente as coisas se encaixariam de uma vez por todas. Felizmente ninguém - exceto minha mãe e irmão, que já tinham dado um jeito de me telefonar da Suíça alegando que meu presente chegaria em poucos dias - parecia fazer questão de me parabenizar. E eu simplesmente não estava no clima para uma comemoração como aquela. Aliás, comemorar aniversários só apetece quando você tem menos idade, vai se lambuzar com o bolo, jogá-lo em seus amigos e ganhar muitos brinquedos. Depois disso é apenas uma data que te lembra a alta velocidade que o tempo consegue atingir, e que você só vai ficando mais e mais velha com o passar dele. Encarei Matthew deitado na cama, me permitindo sorrir. Dois longos dias se passaram desde que vi Joseph pela última vez. Após aquela turbulenta reunião da qual eu ainda me questionava o motivo de ter participado, simplesmente neguei a carona que meu marido me ofereceu de volta para a casa e disse que ele poderia ficar na casa em que eu morava antes, se quisesse. Eu realmente não sabia se ele tinha seguido meu conselho, e para falar a verdade nem queria saber. Não que gostasse de me fazer de difícil, as coisas não eram simples assim, nós não éramos mais adolescentes para participar de joguinhos tão banais. Mas parecia que vê-lo desesperado pelo meu perdão nutria meu ego, deixava a sensação de que Joseph realmente se importava comigo e que estaria disposto a qualquer coisa para me ter de volta. 
Eu sou uma mulher, uma mulher com vinte e cinco anos... É tão errado assim querer me sentir cortejada? 
Desviei minha atenção daqueles pensamentos quando Matt olhou para mim e se animou um pouco, balançando os braços e pernas como se tivesse descoberto naquele momento para o que aqueles membros serviam. Como a mãe apaixonada que nunca deixaria de ser, me aproximei dele e sentei o corpo coberto por simples roupas de ficar em casa na cama, passando a fazer carícias pelos seus cabelos. Aquele bebê parecia crescer sem que eu pudesse acompanhar como deveria... Um dia olhava para ele e o via de um jeito, e no dia seguinte parecia que algo novo começava a surgir. E eu tinha a certeza de que essa sensação nunca sumiria. Era mesmo formidável. 
O aroma tão suave e reconfortante que apenas um bebê tem entrou pelas minhas narinas, então tomei em mãos uma pequena jardineira jeans e um par de tênis minúsculos que repousavam em cima da cama. Posicionando-me na frente de Matthew, abri os botões da peça de roupa e a coloquei esticada ao lado do bebê, passando minha mão por trás de seu pescoço e enfim sustentando sua cabeça para poder erguê-lo e colocá-lo em cima da roupinha. Apertei de um jeito animado suas perninhas descobertas e ele se divertia com aquilo, balançando ainda mais as mesmas. Assim que verifiquei se sua fralda precisava de uma troca, terminei de vesti-lo completamente e penteei seu fino cabelo com uma escovinha própria para bebês, me preparei para alimentá-lo. Abaixei uma das alças de minha blusa e abri os três primeiros botões, deixando meu seio esquerdo à mostra. Envolvi Matthew em meus braços e fui até uma confortável poltrona em um dos cantos do quarto. Depois fiquei apenas o assistindo saciar sua fome. Meu corpo já parecia estar acostumado com aquele ato, meus seios não doíam mais e sua sensibilidade voltara ao normal. Felizmente. Matthew apoiou uma de suas mãos na região do meu tórax e pareceu encolher mais seu corpo, querendo se sentir mais perto do mim. Passamos determinado tempo daquela maneira, em total silêncio. De repente me peguei imaginando diversas coisas: Matthew dando os primeiros passos, dizendo as primeiras palavras. Matthew indo para a escola, aprendendo a ler e a escrever, fazendo amiguinhos. Matthew se apaixonando pela primeira vez, sofrendo com questões essenciais da adolescência e indo para a faculdade. Matthew adulto, um homem feito. 
Levantei o rosto para impedir que lágrimas surgissem e o ergui, posicionando sua cabeça de encontro ao meu ombro, esperando que arrotasse. Quando já estava livre daquele momento, decidi que poderia compartilhar certo dilema da vida apenas com ele, mesmo que tivesse que esperar anos por uma resposta coerente. O bom era notar que Matthew parecia mesmo querer conversar comigo, totalmente empolgado com a minha presença. 
- Você acha que eu devo perdoar o papai? - perguntei com a voz normal, recebendo nada a não ser um som indecifrável que escapou pelos pequenos lábios rosados. - Eu sei, Matt, eu sei. Sou mesmo uma fraca, mas não precisa me olhar assim. Você sabe o quanto eu amo ele... E é exatamente por isso que tenho medo de permitir que as coisas fiquem bem novamente. 
Fazendo pouco caso de todo o meu drama, Matthew riu. 
Assim que me levantei com ele, escutei Nancy me chamar do andar de baixo. Segui sua voz, chegando até lá e me deparando com algo extremamente chamativo, ali, bem no meio da sala de estar. O arranjo estava colocado sobre uma das mesas de vidro que faziam parte da decoração. Nancy me olhava feliz e eu diria que encantada. Caminhei incerta, apertando um pouco meus braços contra o corpo de meu bebê. Meus olhos não conseguiam se desgrudar de todo aquele vermelho. De todas aquelas rosas apaixonantemente vermelhas. Olhei mais uma vez parar minha empregada, que deu de ombros, fingindo que não sabia como elas tinham ido parar ali. 
Esbocei um leve sorriso, olhando para o rostinho de Matthew enquanto ele tentava entender o que eram aqueles objetos vermelhos. Só então consegui constatar uma única rosa de cor diferente no meio daquele buquê. Era branca. Mas por que apenas uma solitária rosa branca? 
Ajeitei Matthew em um cesto azul e branco que sempre estava por perto e retornei para meu misterioso presente. Preso no caule livre de espinhos da rosa diferente de suas companheiras, estava amarrado de maneira delicada um pequeno envelope branco. O retirei dali com cuidado para não danificar a flor e o abri, observando com olhos confusos um pequeno pen-drive. Ao depositá-lo sobre a mesa, dediquei minha visão apenas ao que estava escrito naquele pequeno pedaço de papel. Quase, repito: quase, comecei a rir. 
"Se você me perdoar, ela fica vermelha. Prometo!
E logo percebi que um outro pedaço de papel um pouco menor permanecia no fundo do envelope. 
"Certo, devo confessar... Ela não vai ficar vermelha, mas me perdoe mesmo assim. Feliz aniversário. O presente maior ainda virá. -Joseph" Naquele exato instante eu deveria começar a rodopiar pela casa em comemoração por ter recebido aquelas lindas flores, já que os homens praticamente se esqueceram que elas existem nesses tempos modernos. Mas tudo que fiz foi suspirar. Tomando o pen-drive em mãos novamente, procurei meu notebook e sentei-me no sofá, ficando próxima do bebê novamente. Após colocar o pequeno objeto no compartimento apropriado, esperei segundos até que uma janela imediatamente se abriu. Era o reprodutor de vídeo. 
Sorri abertamente. 
A filmagem que ganhou início mostrou primeiramente um extenso lago cujas águas aparentavam ter um tom verde extremamente natural e único. Em seguida, escutei uma risada alta que só podia ser minha e algumas palavras de Joseph que só contribuíam para que eu risse mais. Eu me lembrava bem de quando aquela gravação fora feita: tempos antes do nosso casamento, quando todos os lugares que eu passava pareciam com o paraíso, quando o véu de preocupações e perigos ainda não tinha sido colocado sobre mim. 
A câmera mudou de direção e minha imagem ganhou foco. Eu estava com as bochechas vermelhas, provavelmente devido ao sol e gritava com Joe para que ele parasse de me filmar. 
"Não seja tímida, Demetria, vou saber que está mentindo. Você nunca é tímida..." O tom de dele ficou muito malicioso, o que me obrigou a soltar um risinho. 
"Bom, meu aniversário de 23 foi um tanto quanto inesperado, e você sabe bem o motivo. Esse está sendo bem aventureiro e romântico. E o 25 eu espero que seja bem... Selvagem." Me assisti dizer, olhando sedutoramente para a câmera. Joseph a girou e filmou seu rosto, fazendo uma cara sapeca que voltou a arrancar risadas minhas. Há quanto tempo eu não o via tão feliz daquela maneira? Seus olhos brilhavam tanto! 
"E o restante dos aniversários, Demi?" Ele perguntava no vídeo. 
"Calma, Joe! Preciso esperar o de 25 para ver se vou sobreviver depois da selvageria." Eu o repreendia com o olhar, enquanto tentava inutilmente esquivar meu corpo do seu que se aproximava. Ele tentava insistentemente me beijar, enquanto eu tentava empurrá-lo. Como conseqüência, o barco de madeira acabou tombando para um lado e nós dois escorregamos para fora dele. Segundos em que a tela perdeu totalmente o foco fizeram meus olhos marejarem. Eu queria momentos felizes como aquele novamente. 
Pegando-me de surpresa, mais uma vez o rosto - dessa vez ensopado - de Joseph entrou em cena e ele fez um gesto positivo com o seu polegar. 
"A câmera está bem, a câmera está bem! Veja... É a prova d'água!" Eu joguei meus braços nos ombros dele, o abraçando enquanto permanecíamos dentro do lago. Beijei sua bochecha e nós dois trocamos um olhar repleto de até quintas intenções. A filmagem chegou ao seu fim. 
Quase tomei um susto quando virei o rosto para o lado e Jamie estava sentado ali, encarando a tela escura. Repentinamente ele me abraçou e desejou-me os parabéns, alegando que um dia teria um bom emprego e a oportunidade de me dar um presente sem que tivesse que pedir dinheiro para nós. Seus olhos claros eram tristes, coisa que dificilmente acontecia. Preocupada, passei meu braço pelo seu ombro e tratei de nos encostar completamente no sofá, para que pudéssemos conversar de forma mais tranquila. O menino suspirou, segurando uma de minhas mãos que repousavam em seu ombro. 
- Ele não vai voltar? - sua voz ainda fina soou e eu realmente não sabia o que responder. Por isso, continuei em silêncio, negando com a cabeça. - Ele é um idiota! - o aumento no tom da voz de Jamie me obrigou a rir levemente, fazendo com que ele me acompanhasse. Suas palavras não eram maldosas, eu sabia que ele sempre chamava Joseph de idiota quando nós dois brigávamos. E naquele momento até pensei em exprimir tudo o que sentia, mas não me pareceu algo propício, então decidi questionar como estava a sua vida. A minha que ficasse em segundo plano. 
- E a escola, Jamie? Como vão as coisas? - Jamie se mexeu desconfortável, como se não quisesse tocar no assunto. 
- Bem. A professora me elogiou três vezes essa semana, mas... - ele cortou sua fala, olhando para o chão. 
- Mas...? - eu o desafiei a continuar. 
- É a Olivia. 
- O que aconteceu entre vocês? Brigaram? - soltei um risinho, apertando um pouco meu abraço a fim de tranquilizá-lo. - Meu amor, amanhã mesmo vocês estarão de bem novamente, eu garanto! 
- Não, acho que não. Ela sumiu, sabe? 
- Como assim? - falar sobre Olivia continuava a ser estranho, já que em todas as vezes que isso acontecia, automaticamente eu me lembrava de seu pai. Julian. Calafrios ruins me fizeram balançar a cabeça e eu desisti daqueles pensamentos, voltando a me focar em meu filho mais velho. 
- Há cinco dias ela não vai para a aula, e a professora Alice disse que o pai dela apenas avisou que os dois precisaram viajar. Mas ela não me avisou nada! - ele queria chorar. - Será que ela me odeia só porque nós nos beijamos? 
Arregalei os olhos e fiz uma expressão de surpresa, sorrindo em seguida. 
- Vocês se beijaram? Mas veja só! - as bochechas de Jamie coraram. 
- Não acho que quero me casar um dia, mas se eu mudar de ideia... - o nível de sua voz diminuiu, como se estivesse com vergonha de continuar a falar. - Quero que ela seja a noiva. 
Achei aquela confissão simplesmente hilária e bonita ao mesmo tempo. 
- Olha, eu não posso prometer que isso vai acontecer, mas quem sabe, não é? Talvez ela seja a garota certa para você. - Jamie voltou a jogar os braços ao meu redor, permitindo que eu sentisse o calor ingênuo de seu corpo. 
- Obrigado, mamãe
Meu coração acelerou. 
- O que foi que você disse? - atônita, procurei pelo seu rosto. Eu deveria estar maluca, imaginando e ouvindo coisas. Aparentemente Jamie ainda não se sentia seguro para me chamar daquela maneira. 
- Você ouviu o que eu disse, mamãe! - lágrimas surgiram. E, não, eu não quis segurá-las. Jamie estava preocupado, pois queria me dar um presente que fosse comprado com o seu próprio dinheiro, mas depois daquilo eu não fazia a mínima questão de algo material. Ele me chamou de mamãe! 
- Ah, meu menino! - beijei sua testa e Matthew sorria sem dentes em seu cesto. Desejei que Joseph estivesse ali conosco, mas talvez o pedido não se realizasse tão cedo, já que eu não tinha velas para assoprar. 


"Por favor, Demetria, venha até aqui. Scarlett está surtando!"
E essa foi a curta e grossa mensagem que recebi de Caleb. Divertindo-me só de imaginar o que poderia estar acontecendo dentro daquela casa, tratei de arrumar os meninos e me arrumar também para sairmos. Após dizer a Jamie que Scarlett solicitava dos nossos serviços de super-heróis, ele rapidamente se animou e foi empurrando o carrinho de passeio de Matthew durante todo o percurso. O clima estava uma porcaria. Os dias eram quentes e as noites frias demais. Isso me obrigou a ser parcial quanto a minhas vestes, já que talvez eu tivesse que permanecer com Scarlett até a noite. Talvez Caleb tenha me procurado pois eu já havia passado por aquela experiência. E, realmente, os primeiros meses de gravidez não são completamente... Pacíficos, digamos assim. 
Assim que toquei a campainha, tive tempo de contar até cinco até que Caleb surgiu na porta, a expressão em seu rosto era levemente chocada. Eu e Jamie nos entreolhamos e seguramos risinhos. 
- Olá, futuro-papai-nerd, o que está acontecendo por aqui? - entramos rapidamente e eu procurei por Scarlett com os olhos atentos, mas ela não estava por ali. 
- Digamos que eu fiz uma coisa... - Caleb começou, sendo puxado pela camisa xadrez por Jamie, que parecia mesmo disposto a afastá-lo de perto da escada quando o som alto de uma porta se abrindo se fez presente no andar de cima. 
- Caleb Austin, o que você fez? - cruzei os braços, alternando meus olhares entre o rosto dele e o corredor da parte superior. 
- Quer saber? Você pode subir e descobrir. Se eu continuar nessa situação, terei um ataque de nervos! - derrotado, ele largou as mãos no ar. - Venha, Jamie, vamos matar alguns zumbis. 
Fazendo-me franzir o cenho, os dois sumiram através de uma outra porta. Provavelmente jogariam vídeo-game. 
Olhei incerta para meu bebê e decidi tirá-lo do carrinho, subindo com passos que pareciam até de um felino habilidoso prestes a capturar sua presa. Passos extremamente cautelosos. Quando a sapatilha que eu usava se chocou contra o último degrau, o barulho fez com que Scarlett rapidamente surgisse do lado de fora da porta. Os cabelos presos em um coque mal feito, olheiras abaixo dos olhos, um pote de sorvete em mãos e apenas uma camiseta do tamanho de um vestido. Na estampa, um tenebroso palhaço. Qual era o problema dela? Talvez eu devesse tentar entendê-la, mas aquele bebê já estava a caminho. Ela precisava parar de se portar como se estivesse prestes a morrer. 
- Olha só quem veio te visitar! - balancei de maneira cuidadosa o corpo de Matthew, enquanto passei por ela e entrei no quarto. Surpreendi-me ao notar que não parecia bagunçado. Quando me sentei em um sofá preto no canto, ela veio correndo até mim e repetiu meus movimentos, encostando a cabeça em meu ombro. Depois, olhou com receio para Matthew e seus olhos marejaram. 
- Cara, ele me assusta... 
- O Matthew? - indaguei incrédula. 
- Sim! - uma colherada de sorvete foi enfiada em sua boca. - Bebês me assustam! Essas coisinhas pequenas e com essas fraldas... Esses sorrisos sem motivo algum. - engoli em seco, empurrando a vontade de rir garganta a baixo. 
- Por que você está surtando? - perguntei descontraída e fugindo daquele assunto bizarro de "medo de bebês". 
- Foi isso que ele disse? - semicerrando os olhos, Scar olhou para a porta e, me assustando, simplesmente gritou: - VOCÊ AINDA NÃO ME VIU SURTADA, CALEB! - quando percebeu que Matthew começou a chorar devido àquele grito, ela também fingiu começar um choro. - Ah, qual é, eu também tenho vontade de chorar e nem por isso faço isso em público, cara! - por fim, o bebê não sabia mais se preferia chorar ou rir. 
Cerca de um minuto depois, decidi questionar novamente qual era o grande drama. A ruiva piscou os olhos nervosamente, parou para coçar a nuca e encarou o nada, como se decidisse que decisão tomar. 
- Você não pode estar assim por causa do seu bebê, é sério! 
- Na verdade, eu estou assim por causa disso. - seu dedo anelar se ergueu. Colocando sua pele já não mais bronzeada em segundo plano, um anel brilhou. Levei a mão até a boca, decidindo se começava a comemorar ou não. Ela finalmente tinha aceitado a proposta de Caleb! 
- Scarlett, isso é... Perfeito! - afastando-se de mim, ela negou com o dedo indicador. 
- Não é perfeito coisa nenhuma, Demetria. Eu... Eu não sei como isso veio parar no meu dedo! Sei lá, acordei e quase pulei da cama quando reparei. - ela tentava puxá-lo para cima, mas em vão. - O problema é que não consigo tirar. 
Então Caleb tinha forjado um suposto noivado? Espertinho! 
- Mas deixando isso de lado por um instante, como você está? - um pouco preocupada, percebi que Matt adormeceu e o coloquei na cama, preparada para lidar com os medos de minha... Amiga? Sim, talvez eu já pudesse considerá-la uma verdadeira amiga. Foi a mim que ela procurou quando precisou, certo? E quando eu precisei, ela me ajudou. Amigas fazem coisas assim. 
- Eu passei a noite toda na internet, pesquisando sobre gravidez. - Scarlett começou a explicar, largando o pote de sorvete em um lugar qualquer e andando pelo quarto. - Tudo estava bem até que cheguei na parte dos vídeos... - bruscamente ela se virou, ficando de frente para mim. Segundos de silêncio, uma expressão de pânico, nojo e tristeza. Tudo junto. - Cara, nunca desejei tanto que a teoria da cegonha fosse real! É sério, Demetria, você... Ah, droga, esqueci. Isso já aconteceu com você. - ela apontou para o Matthew. - Sério, como é que conseguiu? Já viu o que acontece com o crânio do bebê na hora que ele vai passar pela... Deixa para lá. - torceu os lábios. 
- Isso não tem explicação, Scarlett. É algo que você precisa fazer e realmente faz. Confesso que é algo assustador, mas quando passa e você tem aquele pequeno ser nos braços... 
- Ok, pare de tentar me ajudar. - Scarlett largou seu corpo na cama e, me surpreendendo, segurou a mãozinha de Matthew e começou a deslizar seus dedos como um carinho. Olhou distraída para ele, medindo seus traços. - Não sei se estou pronta para isso. E a cada maldito dia parece mais perto de acontecer... Eu coloco as mãos na barriga e me olho de lado no espelho toda hora! 
- Ninguém está pronta para isso. Mas, quando o momento chega... Olá, bebê, eu sou sua mãe! - eu disse animada, continuando onde estava. - Ah, eu sinto falta dos meus primeiros meses de gravidez. Você é completamente inexperiente, não sabe o que te aguarda, mas é tão... Uau! - meu rosto deslumbrado pareceu comovê-la um pouco. 
- Ando me sentindo tão frágil quanto uma mulher. - reclamou. 
- Exato, pois você não é uma. Como pude me esquecer desse detalhe? - ela me olhou irritada e se levantou, tentando me acertar com um travesseiro, mas eu consegui desviar. 
- Não sou uma mulher, e muito menos um homem. Eu sou apenas... Eu. - desfazendo um sorriso convencido, Scar bufou e largou os dois braços nas laterais de seu corpo. - Essa foi péssima! Ao invés desse bebê sugar todo o sorvete que ando comendo, ele prefere sugar o meu bom senso de humor! 
- Scarlett Meredith, se você reclamar desse bebê mais uma vez, vou te forçar a assistir todos os documentários que assisti durante a minha gravidez! E alguns não são fáceis, acredite no que te digo. - adverti com um olhar sério. Ela apenas deu de ombros. Colocando-se sentada na cama, focou sua atenção na tentativa de remoção do anel. Cruzei meus braços e rolei os olhos, torcendo para ela mudar de ideia. 
A aliança saiu de seu dedo. 
Olhando-me surpresa, ela apenas fez um gesto com a cabeça, saltou para fora da cama e puxou a porta do quarto, correndo loucamente escada a baixo. Confusa, levantei-me do sofá e a segui. Passamos pela sala e depois fomos parar dentro de uma outra sala, um aposento onde encontramos Caleb e Jamie jogados em um sofá com controles de vídeo-game. Mas Caleb rapidamente largou o seu quando percebeu a maneira séria que ela escolhia para fitá-lo. Colocando-se de pé, ele deu passos incertos até Scarlett, olhando para mim e em seguida para o anel que era segurado pelos dedos trêmulos dela. A atmosfera era... Estranha. Comprovando que a distância entre ambos se tornou quase nula, ela estendeu o anel para ele, que sem esperar muito ergueu sua mão para segurá-lo. Eu e Jamie nos olhamos sem piscar e eu dei passos rápidos para ficar ao seu lado no sofá. Juntos assistíamos aquela cena. 
Caleb guardou o anel no bolso de sua calça. Scarlett o fitou incrédula. 
- Olá? Por que você o guardou? - perguntou em alto e bom som. 
- Será que foi porque você acabou de me devolver ele? Ou seja, uma resposta bem direta e negativa para o meu pedido de casamento? Ok, Karlie, ok. Parei de insistir nisso. - quando Caleb deu as costas e parecia disposto a focar toda a sua atenção apenas naquele jogo que fora interrompido, Scar surpreendeu a todos nós. 
Coloque essa droga de anel no meu dedo antes que eu mude de ideia! - rosnou, como uma ameaça. Os olhos determinados pareciam os daquela mulher que se dizia uma agente secreta. Caleb a olhou embasbacado. - Eu disse para vir até aqui e colocar esse anel no meu dedo. Você é surdo? 
- Você tirou o anel... - ele disse mais confuso que o plausível. 
- Sim, eu o tirei porque não me lembrava de como foi quando você o colocou. E eu quero lembrar, então, vamos, coloque logo! Jamie e eu já comemorávamos em silêncio, com medo que nossa reação pudesse exaltar Scarlett. Pensando até antes de respirar, Caleb segurou a mão dela e dobrou um de seus joelhos prestes a se ajoelhar. Mas Scarlett o impediu no mesmo instante. - Não, não, não. Nada disso! Fique de pé, fique de pé! 
E então, calmamente, a aliança foi colocada em seu dedo anelar novamente. Dessa vez ela seria capaz de recordar. 
Os dois se beijaram, e eu percebi quando Jamie parecia desconfortável com aquela cena, pois suas bochechas coraram. Quando o beijo foi rompido, ele a puxou para um abraço, permitindo que Scar ficasse com o rosto em nossa direção. Em pânico e ao mesmo tempo feliz, ela fez um gesto de comemoração com as mãos, enquanto eu lhe dizia com os olhos que não se arrependeria de todasaquelas decisões. 
Depois o celular de Scarlett começou a tocar e, olhando estranhamente para a tela, ela pediu licença para atender. Apesar de ambos estranharmos isso, Caleb e eu começamos a comemorar aquelaconquista, mas olhando para a porta diversas vezes, já que as alterações de humor da futura mamãe eram bem desafiadoras. 

/Demetria's P.O.V


Louças caríssimas de porcelana repousavam sobre uma extensa mesa de vidro, onde eram fitadas por olhos de cílios extensos e impecáveis. A mulher as olhava como se fossem soldados prontos para o pior em um campo de concentração. Como se fossem suas vítimas esperando pelo momento do assassinato. 
Suas roupas eram semelhantes ao cabelo de Cruella De Vil: metade brancas e metade pretas. 
Ninguém poderia negar ser uma mulher atraente, porque, mesmo apesar da aura sombria que envolvia seu ser, ela ainda seria capaz de seduzir qualquer homem que sua mente maligna escolhesse. Qualquer homem... Exceto por Joseph. 
E isso a fez segurar e jogar um bonito vaso de porcelana trabalhado em tons de azul para longe, acertando-o de maneira impactante na parede a sua frente. Apreciando o som estridente da porcelana que se dividiu entre milhares de pedacinhos, Valerie soltou um risinho miserável. Ela não se deteve, queria quebrar mais coisas. Queria fingir que a parede que suas louças atingiam era aquele casal. Joseph e Demetria. Enquanto tratava de realizar sua vontade e destruir tudo que pertencia à época em que era casada, Valerie não notou que tinha um espectador. 
Sean estava encostado no batente da porta, com os braços cruzados e uma expressão decepcionada. A expressão que apenas alguém que esqueceu o significado da palavra sanidade merece receber. Mas Valerie não estava intimidada pela presença do irmão mais novo, muito pelo contrário. Isso pareceu enfurecê-la ainda mais. 
Logo restava apenas um garfo e uma faca de prata, juntamente com um belo prato de porcelana detalhada. A mulher de cabelos loiros soltos em leves cachos sentou-se na cadeira do canto da mesa e posicionou-se para fazer parecer que estava prestes a começar uma refeição. O garfo e a faca arrumados perfeitamente entre seus dedos. 
- Sabe qual é a desvantagem em tentar ajudar os outros, Sean? - ele não respondeu, mas ela entendeu que podia continuar a falar. - É que essas pessoas lhe tratam depois como se você não tivesse feito mais do que a sua obrigação. Sabe qual é o problema em tentar manter a paciência com idiotas? É que não importa o quanto você tente, eles vão perceber seu esforço e sugá-la completamente, sugá-la até que você perceba que já não sabe mais para o que serve essa tal de paciência... Paciência, paciência... - Valerie dizia sozinha entre sussurros, como se procurasse por algo nos cacos de tudo que havia quebrado minutos antes. - Sean, aconteceu. - sorriu abertamente. - Me esqueci completamente o que é paciência! - Valerie piscou os olhos com pressa ao parecer ter uma ideia, olhando para seu prato e fingindo que algo muito apetitoso fora colocado ali. - E se brincarmos de algum conto de fadas, o que é que me diz? Que tal A Branca de Neve? Eu sou aRainha Cruel, você é o Caçador... E nossa adorada amiga Demetria é a Branca de Neve. Traga-me o coração dela, Sean! Vamos dar mais sentido àquele conto tolo. 
O homem assistiu sua irmã bater palminhas animadas com descrença, tratando de lhe dizer logo o que estava preso em sua garganta. 
- Ela realmente parece ser uma boa pessoa. Desculpe, mas não vou seguir com os seus planos... Estou fora! - ele estendeu as duas mãos no ar, como quem desiste de algo depois de muito tempo e cansaço. Valerie ergueu uma sobrancelha loira e apertou a faca que segurava com força, questionando a si mesma como o material ainda não tinha rasgado a pele da palma de suas mãos. 
- Não ouvi direito, irmãozinho. Repita. 
- Valerie, eu... - em um impulso, Valerie apoiou as duas mãos no vidro da mesa e levantou-se, caminhando com passos firmes até Sean. Segurando seu queixo e olhando fundo em seus olhos, ela negou com a cabeça, empurrando o queixo dele para trás, consequentemente fazendo o jovem homem perder o equilíbrio de seu corpo por um instante. 
- Você o quê? Tem medo de mulheres? - riu com gosto. - O mundo é mais do que simplesmente se tocar no banheiro, seu pirralho inútil! 
- Se tocar no banheiro? - exausto de vê-la se sentindo a rainha em um castelo coberto por escravos sofridos, ele se colocou de frente para a dita cuja novamente. Finalmente pareceu intimidá-la um pouco, já que Valerie recuou um passo. - Você realmente enxerga apenas o que quer, não é, querida irmã? Lide com o fato de que você nunca vai conseguir as futilidades que quer. Lide com o fato de que você nunca vai superar a morte de seu marido. 
- Shh, querido, apenas shh. - dando as costas para a irmã, Sean percebeu que algo segurou seu ombro. Lábios se aproximaram de seus ouvidos. - Você deveria saber que não me chamam de Bloody Mary sem razão aparente. E pare de se dedicar a essa droga de mundo musical como se isso fosse te manter até ser um velho imprestável! Pare de andar com todos aqueles seus amigos afeminados antes que eu diga ao nosso velho e acabado papai que o bajulado filho, que ele tanto faz questão de esfregar na cara dos outros, usa o amiguinho que tem entre o meio das pernas para dar prazer a homens ao invés de mulheres. Cresça! 
- Eu parei de dar ouvidos para o que é dito nessa casa desde que nossa mãe faleceu, Bloody Mary. 
Dando ênfase naquele apelido de uma forma debochada e não fazendo questão de retrucar aquelas ameaças infames, ele se afastou, deixando a irmã congelada onde permaneceu por alguns segundos até que finalmente deu fim ao único prato que restava de sua luxuosa coleção. 


Demetria's P.O.V

melodia que meus dedos ansiosos produziam nas teclas do piano até poderia ser calma, mas infelizmente era a única coisa calma de fato por ali. Matthew parado ao meu lado - dentro de seu cestinho - estava inquieto. E ele sempre se acalmava enquanto eu tocava, então isso só contribuiu para que eu ficasse cada vez mais nervosa. Fazendo uma breve pausa, eu peguei uma barra de chocolate pela metade que estava colocada sobre a cauda fechada do piano preto e brilhante. O chocolate liberava a produção de um hormônio cujo nome eu não me recordava, mas sabia que despertava boas sensações. Então continuei a comer sem medir consequências. Meus cabelos estavam soltos e ainda secavam naturalmente depois de um banho demorado que tomei. Meu corpo era coberto por um robe de seda preta, escondendo a camisola minúscula que me permiti usar. Talvez eu não devesse vestir coisas como aquelas em uma noite fria, mas deixei o frio de lado e tentei me concentrar em outras coisas. E se, hipoteticamente falando, Joseph entrasse por aquela porta e fizesse de tudo para conseguir o meu perdão? Bem, eu não poderia estar com um largo pijama de ursinhos, certo? 
E não poderia lutar para defender uma negação, eu realmente queria que ele entrasse por aquela porta. Até virei meu pescoço algumas vezes para checar. Porém, eu não queria ter de olhar para ele.Demetria Jonas não é e nem nunca foi uma mulher contraditória, é claro. Difícil mesmo foi realizar o quão terrível era estar decepcionada com uma pessoa e mesmo assim esperar alguma iniciativa positiva dela. 
De repente, eu estava irritada. Totalmente irritada, nem conseguia mais sentir minha pele se arrepiar devido ao frio. 
O presente maior ainda virá... - falei em um tom debochado, soltado um risinho infeliz e resmungando da promessa que Joseph não cumprira. - O presente maior ainda virá! - repeti mais alto, meus dedos se chocavam contra as teclas do piano, produzindo um som grotesco que seria muito bem aceito na trilha sonora de algum filme de terror. 
Com êxito, logo o chocolate desapareceu completamente, tentando me deixar mais calma. Nancy veio correndo até onde nós estávamos e pediu que eu fosse com ela para a sala de televisão. Sem dizer mais nada, ela me deixou sozinha com Matthew novamente. Assim que o tirei do cesto, segui Nancy e olhei com atenção para o noticiário que era exibido. A notícia estava sendo informada ao vivo por um reporter que obviamente estava no centro de Londres. Meus olhos instantaneamente se arregalaram quando li aquelas palavras: 
"Ameaça de bomba em uma importante empresa do centro de Londres motiva policiais locais a reforçar a segurança. Ainda não se sabe se a informação de perigo é verídica, mas evacuações estão sendo devidamente feitas."
Sem que eu tivesse tempo de colocar os neurônios para funcionar e me dando conta de que Joseph estava em sua empresa, o telefone tocou, assustando-me completamente. Sentindo todos os pêlos de meu corpo se arrepiarem, dei Matthew para Nancy segurar e peguei o telefone com receio. Assim que atendi, Joseph falou imediatamente. 
Demi, por favor, você precisa esquecer isso de uma vez por todas. - foi tudo que ele disse. 
Joseph, tudo bem? - perguntei aflita, notando que sua voz era diferente. Sombria, caso eu tivesse que escolher uma denominação. 
Eu não sei... Notei uma agitação estranha aqui agora a pouco, e sou o único na empresa exceto pelos seguranças. Demetria, e se alguém estiver tentando alguma coisa? Você lembra das ameaças que recebi, não lembra? Diz que você me perdoa, por favor. Se algo acontecer, pelo menos eu quero que... 
- Cale a boca, homem! Não se atreva nem a pensar coisas dessa natureza! - ordenei, sentindo meus olhos marejarem. - Nada vai acontecer, eu te prometo, meu amor. Tudo vai ficar bem, como sempre fica. Espere aí, eu estou indo! 
Você é maluca? Como se pudesse fazer algo para me salvar, não é? Não venha aqui, pode ser perigoso. 
- Se esforce mais, Joe. Saber da possibilidade de estar correndo perigo não é o suficiente para me deter. - e então eu finalizei a chamada. Novamente me vi no meio de uma provável confusão, onde com certeza não sabia onde acabaria, mas o impulso se encarregaria de cuidar para que eu fizesse tudo que estivesse ao meu alcance. 
A primeira coisa que vi em seguida fora o rosto de Matthew, que já parecia mais calmo. Olhei mais uma vez para a televisão presa à parede e disse a Nancy que precisava sair, pois era um caso de vida ou morte. Sem entrar muito em detalhes, disparei a correr pela escada. Não importava o que me esperava nas ruas, eu precisava saber se ele estava bem! 
Abrindo de supetão a porta do quarto, olhei impaciente para toda a sua extensão e corri até as primeiras coisas que encontrei, não tendo opções muito boas: um sobretudo vermelho de botões e o sapato Louboutin que eu havia comprado dias antes. E como uma coincidência desnecessária, os dois combinavam. A sola do sapato era do exato tom de vermelho do sobretudo. Terminando de me vestir e fechando até o último botão daquela veste quentinha - para minha camisola não ser revelada -, fiz um coque no cabelo e voltei a correr, mas dessa vez em direção a saída da casa. Como um furacão, peguei minha bolsa e beijei o rosto de Matthew em questão de segundos. 
Já dentro do carro, girei a chave na ignição e afundei o salto no acelerador, disposta a ajudar o meu homem. Talvez ele precisasse de uma fuga, talvez precisasse apenas se acalmar. E talvez ele precisasse de mim. 


Joseph's P.O.V

Pacientemente, eu a esperei. 
Não pude evitar de expressar um sorriso com a simples imagem de Demetria jogando seus braços ao meu redor quando chegasse. Sim, talvez eu fosse um egoísta por me preocupar apenas com a minha vontade e deixar o que ela poderia sentir naquele momento de lado, mas aquela mulher precisava permitir que eu retornasse para a sua vida por completo. Eu estava em meu limite, não aguentando mais o estado em que meu corpo ficava toda vez que lembrava do maldito dia naquela reunião. De como ela me provocou, se ofereceu e depois me deixou sozinho. Sinceramente pensei que ela já me conhecesse bem o suficiente para saber que eu não tolerava provocações como aquelas. 
Pelos largos vidros da janela de um andar qualquer, avistei seu carro ser estacionado de um jeito violento. Afrouxei minha gravata, sorrindo maliciosamente por dentro. E permaneci esperando, esperando até que meu celular tocou e ela perguntou de forma desesperada em que andar eu estava. Depois de informá-la, caminhei despreocupado até o elevador. Foram necessários apenas dois ou três minutos para que ela surgisse bem na minha frente. E eu precisava admitir: o gosto da trapaça às vezes poderia ser muito bom. 
Como o previsto, Demetria correu até mim. Assim que passou seus braços pelos meus ombros e afundou seu rosto na curva do meu pescoço, percebi que ela começou a fungar. Totalmente elétrico com o calor daquele corpo, levei minhas mãos até os cabelos de sua nuca e os segurei, puxando e determinando que era para os meus olhos que ela deveria olhar. 
- Me desculpe... - comecei, mas senti seu dedo indicador me impedir de continuar. Ah, se ela soubesse... 
- Shhh, só cale a boca e me abrace, por favor! - acatando sua ordem, como se a punição por negá-la fosse a morte, apertei meus dedos contra sua cintura e a puxei para o mais perto que considerei possível, quase fundindo nossos corpos. 
- Desprezou tanto e agora pretende me matar com tanto amor, senhora Jonas? - não estava conseguindo segurar o meu lado cara de pau, apesar de que vê-la tão desesperada quase fazia com que eu me sentisse arrependido. Mas ela tinha que ver, tinha que ver que eu nunca seria capaz de trocá-la por ninguém. Poderia dizer sem medo que preferia mil vezes a morte. Ela era a dona da minha existência, não precisava se preocupar jamais. Então, comecei a pensar em um plano para convencê-la totalmente disso. Rapidamente, Demetria segurou meu rosto com as duas mãos e aproximou o seu, fechando os olhos. Ela ia me beijar, mas recuei e a fiz me soltar, dando um passo para trás. - Por que quer me beijar? Você disse que não ia satisfazer as minhas vontades. 
Minha mulher sorriu com uma mistura insana de malicia e raiva. 
- Não sei se é uma vontade sua, mas com certeza é uma minha. - quando ela pareceu pronta para avançar em mim como uma felina faminta, voltei a barrar seu corpo e impedir que nossos lábios se encostassem. Demetria já tinha se divertido bastante me desprezando. Aquela era a minha vez. Eu teria de fingir que qualquer mísero movimento seu não me deixava desvairado, e isso seria uma tarefa árdua. - Me diz... Me diz que nada mais aconteceu, que foi só um alarme falso. Me diz que você está bem, é só isso que eu preciso ouvir. - Demetria puxou minha mão, tentando me guiar em direção ao elevador. - Vem, vamos para casa. Chega dessa brincadeira idiota, eu cansei. 
Infelizmente ela percebeu o meu risinho malicioso. E, esperta como era, conseguiu captar que acabara de cair em uma armadilha
Demi... - tentei justificar assim que suas mãos se fecharam em punhos e seus olhos brilharam com algo que só podia ser ódio. Era errado aquilo continuar a me excitar? 
- Eu pensei que algo grave estivesse acontecendo, seu idiota! - Demetria praticamente gritou, vindo até mim e começando a distribuir murros pelo meu peitoral. Enquanto tentava segurá-la, mais ela parecia se irritar. Seus dentes estavam trincados e lágrimas se formaram em meus olhos. A queria em meus braços naquele momento, não queria esperar. Eu era egoísta demais para esperar. - Por que você faz isso, hein? Por que acha que sempre pode brincar comigo da maneira que quer? - um de seus socos realmente doeu. Vê-la chorando não estava me fazendo bem. - Eu estou cansada disso. QUAL É A PORRA DO SEU PROBLEMA? - finalmente consegui segurar seus dois braços com força, olhando penetrante em seus olhos. 
- O meu problema é querer ter você e não poder. Esse é o meu único problema. Eu tive que armar tudo isso... Quando vi a notícia no jornal, rapidamente arrisquei te ligar e fingir. Você sabe o que uma vítima do desespero é capaz de fazer. - comecei a confessar, eliminando aos poucos a força na pressão que fazia em seus braços. - Foi errado, eu tentei consertar um erro com outro ainda pior... Mas tente entender uma coisa: eu sou viciado em você. Eu não posso ficar muito tempo sem ter você... Se demorar mais, Demetria, eu sinto que ficarei louco! 
Grunhindo e puxando seus braços com força, minha mulher conseguiu se soltar. E nada do que eu disse pareceu amolecer seu orgulho duplamente ferido. 
- Faça bom proveito de sua cela no hospício, então! Para mim, chega! - Demetria entrou com passos firmes no elevador, e por algum motivo eu não fui atrás dela. 
"Para mim, chega!" O que foi que ela quis dizer com isso? 
- Não! - saiu dolorosamente pela minha garganta, enquanto eu tentava fazer com que a droga daquelas portas se abrissem rápido para que eu pudesse impedi-la de sair. O botão provavelmente quebraria, tamanha a força que eu usava para apertá-lo. 
Quando finalmente consegui usá-lo, apertei o outro que me levaria até o estacionando interno da empresa. Seu carro não estava lá, mas ela estava. Parada um pouco ao longe, com as mãos no rosto. Apenas o meu Rolls Royce permanecia estacionado próximo a ela. Correndo, eu a alcancei. Demi não demorou a me fitar com olhos decepcionados, lábios torcidos e mãos ainda fechadas. Ela parecia estar com falta de ar, respirando com dificuldade e passando a andar de um lado para o outro. 
- Você não vai dizer o que disse e sair correndo, não vou permitir que isso aconteça novamente. - adverti, persistindo naquele insistente plano de tentar trazê-la de volta para mim. 
- Você me trata como alguém frágil demais, submissa demais... Bondosa demais. Você acha que vou perdoar cegamente qualquer besteira que cometa, qualquer plano idiota que efetue sem antes me consultar. Eu estou sinceramente cansada disso... Só queria que você me enxergasse de maneira justa, me enxergasse como alguém que te ama, mas que não vai aceitar tudo que você estipular. 
Estávamos perto, perto demais de uma reconciliação, eu conseguia sentir. 
Demetria... 
- Não! Trate de calar a boca! - ela mexia impaciente nos botões do sobretudo. Notei que tinha suor presente em sua testa. Estávamos apenas nós, meu carro e a fraca luz naquele gigantesco estacionamento. Sabia que os seguranças não transitavam por ali, pois nada de valor poderia ser encontrado àquela hora e a porta funcionava apenas com os comandos deles. Nada suspeito poderia acontecer. Bem, suspeito não, mas... Quente, sim. - Eu estou com tanta, mas tanta, mas tanta raiva que... 
- O quê? Quer descontar em mim? - provoquei, mordendo o lábio. Deus, eu desejei que ela parasse de me olhar com aqueles olhos cobertos por uma inocência corrompida e uma raiva sedutora... Ou eu não seria capaz de me controlar. 
- Não fale como se eu estivesse a um passo de me jogar em seus braços e fazer o que você quiser que eu faça... - irritada, Demetria começou a desabotoar os botões do sobretudo de uma maneira enfurecida. Foi tão rápido, mas tão rápido que quando ela puxou as duas partes para direções diferentes, quase perdi o ar. 
A mulher pareceu ter se esquecido do que vestia por baixo, puxando com rapidez seu sobretudo na tentativa de esconder seu corpo tão amostra. Ela me olhou tímida pela primeira vez naquela noite. E o seu olhar tímido me deixou mais desconfortável do que nunca estive antes dentro daquela calça. Para o inferno o bom senso, eu não podia e não queria esperar mais. 
- Já chega, Demetria, já chega! Eu não posso aguentar tudo isso... Se não quer me perdoar, dane-se essa droga de perdão. Agora vem aqui! 
Qualquer desentendimento ficou em segundo plano, qualquer ódio mútuo se queimou até se transformar em paixão. Segurei a cintura dela com força, obrigando minha mulher a soltar um gemido abafado com a boca. E querendo calar ela, grudei nossos lábios. Ao roçar minha língua pelos seus lábios, ela permitiu que a mesma penetrasse sua boca. Descontrolados, empurrávamos um ao outro, esbarrando nas paredes de todo o local. O som de nossas respirações descompassadas ficava cada vez mais alto. Os dedos de Demetria grudaram em meus cabelos, e ela puxava sem piedade alguma. Ela queria me fazer sentir dor. E por ela eu estava disposto a sentir qualquer coisa. Pois minha salvadora tinha o poder de me fazer adorar até o que não trás sensações boas... Adorar o impossível. 
Nós dois nos agarrávamos um ao outro. A luxúria presente entre nós era insuportável demais. Com raiva pela lentidão de tudo, eu a ergui e fiz suas pernas enlaçarem meu corpo, chocando suas costas contra a parede que nos esperava. Ela gemeu de dor mais uma vez, vingando-se ao sugar e morder meu lábio com força. Eu soltei seus cabelos, pois queria vê-los soltos. Ela ficava selvagem com os cabelos bagunçados daquela maneira, e não existia visão mais estimulante. 
Quando comecei a deslizar minha língua pelo seu pescoço, orelha e colo, Demetria me puxou pelos cabelos, fazendo meu queixo se erguer. A olhei de forma autoritária, fazendo a mulher perceber que eu apenas me vingaria de qualquer ato insolente que ela ousasse cometer. Suas mãos desceram pelo meu rosto e o seguraram com força. Seus olhos eram tão intensos e raivosos que por um instante considerei que sua vontade fosse de me matar. Ignorando seu olhar em forma de ameaça, não hesitei ao descer meus olhos até chegar em seu busto. As formas dos bicos de seus seios ressaltaram através do que julguei ser uma maldita camisola, totalmente rígidos. Provocavam uma sensação absurda, um desejo animalesco. Não consegui parar de olhar. Quis mordê-los com força. Desejando seus lábios quentes e volumosos, a puxei para um outro beijo, dessa vez ainda mais molhado. Sua mão descia pelo meu abdômen, e eu já não sabia mais como fazer para controlar a erupção que se formava dentro de mim. Aquela maldita criatura me faria explodir, cada dia isso ficava mais evidente, meus músculos latejavam rígidos. Sentindo o gosto de sua boca, voltei a colocá-la no chão, sentindo arrepios pela espinha quando Demetria finalmente encontrou minha ereção descontrolada. Mordi o seu lábio com força em um protesto quando sua mão provocou aquela área sem piedade. 
Nossos olhares se encontraram novamente. 
- Eu quero me perder em você e nunca encontrar uma saída... - ofegante, parei enquanto meus pulmões imploravam por ar. - Vou te roubar do resto do mundo, porque esse é o meu jeito de ser e de querer. - segurei seu seio esquerdo com força, o apertando até fazê-la fechar os olhos e se contorcer. Meus braços a barraram na parede, impedindo que pudesse escapar. Em um momento de aproximação ainda maior, senti os bicos de seus seios roçarem contra o meu peito ainda coberto pela insuportável camisa. Não conseguindo mais resistir, puxei uma das alças da insignificante roupa que ela usava e abocanhei um deles, prendendo o mamilo enrijecido com os dentes, deslizando a língua por toda a extensão. Ela segurava meus cabelos com tanta força que logo conseguiria arrancar uma quantidade generosa de fios. - Eu não sei dividir, sou um eterno egoísta. Mas você ama esse homem egoísta... Então não ouse tentar esquecê-lo, porque eu farei com que você se lembre da maneira mais intensa possível. Tão intensa que vai te marcar pelo resto da vida. 
- Você já me marcou pelo resto da vida. - de um jeito delicado, ela fez um carinho com os dedos em meus lábios, desmanchando totalmente a imagem tão fatal que me ofereceu segundos antes. Ela tinha aquela habilidade de ser vulnerável e faminta ao mesmo tempo. Seus lábios vermelhos e inchados permaneciam entreabertos enquanto tentava voltar a respirar normalmente. O silêncio pairou. - Mas eu estou com medo... - Demetria sussurrou e como reação eu desfiz a prisão de seu corpo, permitindo que ela se desencostasse da parede e respirasse aliviada. 
- Do que você tem medo? - acariciei seu rosto. - Que eu te faça se sentir tão mulher que não vai conseguir lidar com você mesma depois? - provoquei novamente, pouco me importando com a fragilidade que ela demonstrava. Naquele momento eu percebi o desconforto se fazer presente em todo o seu corpo. Sem pedir, desci minhas mãos espertas pelo tronco dela, tocando com vontade as coxas totalmente descobertas. Uma das mãos de Demetria se apoiou em meu ombro quando comecei a fazer isso, e ela respirou fundo, preparando-se. Meus dedos tocaram o tecido de sua calcinha, impulsionando para cima até que consegui sentir o calor que emanava da parte ainda escondida que eu mais desejada. Continuei a estimular com vontade, mantendo o contato visual que aquela mulher tanto adorava. Olhos com olhos era o suficiente para prender sua atenção. Minhas provocações continuaram até que ela pediu em meu ouvido para que parasse, deixando seus lábios se encostarem por ali. Diminuindo totalmente a freqüência dos meus movimentos até parar de uma vez, eu percebi que ela não estava mais tão satisfeita com a nossa situação. Eu realmente a magoei... Afinal, qual o nível de idiotice que eu conseguiria atingir até que eliminasse todas as pessoas que me importavam? 
- Eu vou embora. - ela avisou, mas seu cheiro me motivou a não permitir. 
- Não. - pedi em voz baixa, quase em um sussurro. - Fique aqui... Fique comigo
Demetria virou o rosto para o lado, como se não quisesse mais olhar para mim. 
- Eu não quero te ver... Não hoje. Por hoje chega... Deixe-me ir. 

(Coloque a primeira música para tocar! E deixe repetindo até que a cena acabe.)

Eu estava cansado, simplesmente cansado. Cansado de brigar sem uma razão concreta, cansado de não ter o que mais amava em meus braços a hora que quisesse. Demetria estava mentindo, só podia estar. Ela me queria tanto quanto eu a queria. E ela me teria, assim como eu teria ela. Ali, naquela noite, sem esperar mais. Sem condições de esperar mais. 
Segurei sua cintura e obriguei seu corpo a se virar de um jeito não tão gentil. Fiz Demetria espalmar as mãos na parede a sua frente e virar o rosto para um dos lados. De costas para mim. Grunhindo de forma surpresa e impossibilitada de se mover, já que iniciei uma pressão em seu tronco contra o meu, ela soltou um risinho e movimentou a parte inferior do seu corpo, destinada a me deixar maluco. 
- Você não precisa me ver, mas faço questão que me sinta.
Calando-se, ela parou de se mover. Provavelmente se entregando. Rendida
Puxei seu sobretudo aberto e a livrei dele, jogando-o no chão com rapidez. Demetria movimentou-se desconfortável, e eu olhei para baixo, soltando um risinho ao notar os saltos altos que usava. Bem... Era tarde demais para querer tirá-los. Sorrateiramente, ergui sua camisola até que tivesse uma visão completa do que tanto me agrava. Assistindo-a empinar os quadris à mostra em resposta aos toques simples que meus dedos faziam por suas coxas, pressionei a parte frontal do meu tronco contra ela, subindo as mãos pela sua barriga, seios e por fim chegando até a outra alça ainda intacta de sua camisola. Ao puxá-la para baixo, sentindo o relevo de suas curvas femininas, mordi o lóbulo de sua orelha. 
O ser humano é tão dependente dos prazeres da carne que chega a ser algo frustrante. 
- E as câmeras? - ela perguntou com receio, como se estivesse com medo da minha reação ao ouvir sua voz. Eu a tinha dominado completamente. Ela era apenas minha. 
Notei minha pequena tara por lugares públicos. Parecia que eu sentia a necessidade de permitir que outros a vissem se contorcer de prazer nos meus braços. Apenas para se lamentarem, porque ela nunca seria deles. 
- Às vezes acho que você se esquece de quem manda em tudo por aqui. - voltei a descer minhas mãos, enquanto ela já parecia se acalmar aos poucos e responder deliciosamente às minhas provocações. Após depositar alguns beijos na pele exposta de suas costas, pressionei minha pélvis em suas nádegas. O seu próximo gemido incendiou de vez meu corpo por dentro, me fazendo agarrá-la por trás com brutalidade, abraçando sua cintura. E ao subir um pouco as mãos, fechei meus dedos em seus seios, sentindo o quanto estavam quentes. Ela soltou um pedido sôfrego por mais, me deixando confuso a respeito de estar sentindo dor ou prazer. Meus dedos polegares faziam movimentos circulares pelos bicos, que despertavam a vontade de prová-los. Demetria queria me provocar, a forma como movimentava aqueles quadris era mais do que eu podia aguentar. Meu pênis latejava dentro daquela estúpida calça. E ela me conhecia. Me conhecia perfeitamente bem para saber que, uma vez que colocou fogo, tem que se deixar queimar. Queimar comigo
- Você diz estar com raiva de mim, mas veja só como responde ao jeito que eu te toco... - aquela maldita praticamente rebolou, aproveitando que meu volume ia de encontro às suas nádegas. Perder o controle estava no topo da lista de coisas que Joseph Jonas faria naquela noite. 
- Calado, apenas me dê o que eu quero. - sua voz soou provocante, ofegante e desesperada. 
- Acho que essa coisa de cantar anda inflando muito o seu ego, senhora Jonas. - arrancando um risinho dela, apertei um pouco mais aqueles dois volumes deliciosos presos entre meus dedos, totalmente satisfeito pelo efeito que causava nela. Os seus seios eram um de seus pontos fracos. Ela simplesmente ia à loucura quando os sentia sendo tão bem tratados. - Viu só? Você acha que consegue viver sem isso? - apertei o direito, passando a língua pelo seu pescoço. Ela negou com a cabeça, prestes a entrar em desespero. Parecia que iríamos morrer a qualquer momento. O coração dela batia mais acelerado que o meu, se é que era possível. - Eu não conseguiria e você também não. Sente isso? - usei a parte inferior do meu corpo para empurrar o seu, a forçando a roçar o rosto contra a parede. - Quer sentir mais forte? É só me pedir. Me peça o que você quiser e eu te darei, meu amor. 
Encontrando tempo apenas para isso, rapidamente removi minha camisa e abaixei as calças juntamente com a boxer. Não aguentaria permanecer fora dela por muito tempo. 
Demetria inclinou sua cabeça e a encostou em meu ombro, os olhos fechados e os dentes mordendo seu lábio inferior. Aquele cheiro do seu perfume misturado com suor me deixava enlouquecido. O cheiro de mulher me entorpecendo e me fazendo perder a noção do que era certo ou errado. Eu queria apenas tê-la, entrar e sair de dentro de seu corpo até que ela implorasse por uma liberdade que eu não cederia antes de vê-la chegar ao paraíso. Queria sentir meu membro doer de tanta excitação dentro de seu interior. 
Levei meus dedos até seus lábios frios que se abriram imediatamente, permitindo que eu sentisse o toque de sua língua. Fechando os lábios, Demetria chupou meus dedos e logo eu os tirei de dentro de sua boca, escorregando-os pelo desenho paralisante de suas curvas, finalmente chegando até o interior de suas coxas, onde não pensei duas vezes antes de penetrar dois deles. 
Os movimentos entre nossos corpos ficavam cada vez melhores, e o suor presente em ambos contribuía para isso. Nos movimentávamos um contra o outro sem medo, sem qualquer hesitação. Era tudo que importava: nós dois juntos. Nada seria melhor do que isso. 
Os seios de Demetria balançavam sem que ela pudesse controlar. E eu tive que inclinar um pouco meu pescoço para conseguir vê-los. Aquela imagem me reduzia apenas a um mero pecador. Um homem tolo que não enxerga mais nada a não ser um corpo nu e completamente delicioso a sua frente. Um homem tolo que não quer sentir mais nada a não ser a carne de uma mulher roçando com a sua. Um homem tolo que sente o coração prestes a rasgar o peito enquanto se esforça cada vez mais para que essa mulher chegue ao seu limite. 
Uma vez me disseram que um homem deixa de desejar sua esposa em certo momento do casamento, mas eu não conseguia me enxergar sem sentir o corpo arder toda vez que aquela criatura se aproximasse. Talvez eu fosse uma exceção da regra, talvez eu nunca me saciasse completamente quando o assunto era o corpo daquela mulher. Ela era a criatura mais viva que meus olhos já viram. E talvez eu apenas pensasse daquela forma por se tratar da mulher que amava, mas por vezes tinha a impressão de que o mundo não seria o mesmo sem ela. 
Joseph... - me chamou, clamando por mais. - Joseph, você realmente não se importa em me enlouquecer de vez, não é? Você precisa fazer isso comigo e... Oh! - a fiz se calar quando tirei e coloquei novamente meus dois dedos para dentro, os movimentando com vigor. - Faça. Faça tudo que quiser. Agora, vamos! 
Foi ela quem pediu. 
Largando-a apenas para me preparar para o momento em que todos os desentendimentos ficariam para trás e nós nos tornaríamos apenas um, removi minhas mãos dela e segurei meu pênis completamente ereto, fechando os dedos por ele para masturbá-lo. Ao perceber o que eu fazia, Demetria se mostrou aborrecida. 
- Ande logo com isso, eu quero você dentro de mim. Vem logo para mim... É uma ordem, Jonas! 
Puxei seu quadril com uma mão e posicionei meu pênis em sua entrada completamente molhada com a outra. Ela forçava suas mãos na parede, tentava se manter equilibrada naqueles saltos e empinava novamente o quadril, permitindo que por fim eu a penetrasse. Aconteceu de um jeito lento, mas preciso. Eu estava completamente dentro dela. E a felicidade nunca foi tão grande. 
- Eu não vou tolerar que você seja de mais alguém nessa vida, só minha. - comecei novamente, provocando-a ao tirar e colocar meu membro enquanto fazia intervalos para provocar seu clitóris e região com ele. - Eu sou o único que vai te fazer gozar, te fazer gritar! - a estoquei violentamente pela primeira vez, arrancando um grito de sua garganta. - Então continue a se movimentar assim... Antes que eu te obrigue a fazer isso. Antes que eu pegue fogo! Vamos, Demi, rebole! - ordenei, tendo aquela ordem atendida. - Rebola para mim? - seus quadris iam de um lado para o outro. Sua camisola passou rapidamente pela parte de cima de seu corpo e cabeça, sendo jogada no chão por ela mesma. Finalmente nada que não fosse sua pele estava entre nós. Ela era a responsável por despertar o meu lado mais obscuro, o lado que não sabia definir limites. A mera possibilidade de um dia perdê-la me fez grunhir de raiva enquanto minhas mãos deixavam marcas na pele já avermelhada de seus quadris, tamanha a força que eu os segurava enquanto a penetrava fundo, tão fundo que ela já não se importava mais em controlar gemidos, os soltava desimpedida. Me fascinava. Demetria conseguiu levar seus próprios dedos até seu clitóris, o estimulando para ser a combinação perfeita com aquela penetração. Segurando gemidos e soltando um risinho, ela ergueu aqueles mesmos dedos cobertos pela sua lubrificação até que eu me aproximei o suficiente para que ela conseguisse colocá-los dentro da minha boca. Mergulhei em um completo deleite ao sentir aquele gosto e cheiro tão doce, feminino e inconfundível. Meus dedos ferventes e determinados deslizavam por toda a extensão da parte traseira de seu corpo. Eu queria agir com violência, mas também queria tratá-la como uma rainha, tratá-la com a mesma suavidade que era capaz de sentir compor toda aquela pele de toque tão quente e maravilhoso. Talvez conseguisse os dois, talvez permitisse que ela usufruísse das diversas formas de prazer que me senti destinado a fazê-la sentir. Dolorosamente, ardentemente, apaixonadamente. Loucamente. Afastei os cabelos de seu ombro direito e o beijei, sentindo a pele que parecia arder de tão quente. Ela provavelmente se surpreendia com a minha capacidade de ser tão intento ao penetrá-la e mesmo assim acariciá-la como se fosse vulnerável demais para suportar toques mais violentos. 
Eu era tão possessivo que não era suficiente apenas estar dentro dela daquele jeito tão gostoso, eu tinha que me certificar de que ela focasse sua atenção apenas àquilo. Eu não queria que ela continuasse a tocar a si mesma durante nosso sexo, eu queria tocá-la. Ela chegaria ao orgasmo graças a mim. Apenas a mim. 
Eu te amo! Deus, como eu te amo... - sussurrava ao pé de seu ouvido. Minhas mãos inevitavelmente escorregavam pelo seu corpo completamente suado. 
- Sim, eu te amo e você me ama, mas vá mais rápido, pelo amor de Deus! - Demetria implorou descontrolada, deixando claro que não estava a fim de romance naquele momento. Não me importei, pois com ela até mesmo um momento selvagem e erótico como aquele já me fazia sentir um alívio correr pelo corpo. Era como se um dependesse do movimento do outro para continuar a se mover. Ela era o meu combustível, eu era o dela. E juntos nós estávamos prestes a conseguir entrar em combustão. 
Aquela mulher era um poema. Cada uma das míseras partes de seu corpo delicado e sensual eram versos que em conjunto formavam estrofes que me proporcionavam o prazer mais palpável e irresistível que já experimentei. Seu jeito de falar, atitudes e movimentos complementavam então aquela obra-prima, dando o sentido que exige. A vida que precisa. Talvez eu não devesse me lembrar das ridículas aulas sobre poesias e poemas na escola, mas com ela eu sentia a necessidade de ser romântico em excesso, fazê-la se sentir a criatura mais cortejada de todo o mundo. Aguçar seu narcisismo. 
Quis deixar que o meu orgasmo chegasse, mas ela parecia tão envolvida e viciada naquele prazer que eu a proporcionava, que seria um pecado parar. Então fechei os olhos com força e soltei o ar de forma carregada, obrigando meu corpo a aguentar até que ela se satisfizesse completamente. Demetria poderia me tratar como o seu simples brinquedo, me usar da maneira que quisesse. Eu estava ali para isso. 
Saí de dentro de Demetria, a obrigando e se virar e ficar com o rosto de frente para mim. Minha mulher estava completamente petrificada, as bochechas tão vermelhas que poderiam pegar fogo. Nós dois trocamos um olhar assustado, como se questionássemos um ao outro se o momento que se passou realmente aconteceu. 
Aquela era a experiência sexual mais quente que já havíamos durante todo o tempo que passamos juntos. 
- O que foi isso? Eu não... - ela não conseguiu terminar. - Meu Deus, eu não... - me perguntei mentalmente se um dia ela conseguiria se recuperar. 
- Você não deveria ter me deixado tão louco naquela reunião, Demetria, não deveria. - confessei, sentindo os cabelos grudarem em minha testa. E nós ainda queríamos mais. A sensação em minha ereção era uma mistura de dor com tesão, e Demetria também ainda não tinha chegado ao seu limite. Arrancando o restante das minhas roupas, a peguei em meus braços assim que ela chutou os sapatos para longe, caminhando com os músculos tensos de desejo até o carro. Abri a porta de trás com dificuldade e a coloquei deitada ali dentro. - Demi... - toquei sua barriga, descendo os dedos e provocando sua virilha. - Eu só vou continuar com isso se você disser que me perdoa. E se me perdoar, farei com que esse seja o melhor aniversário que você já teve, mulher! 
Demetria ergueu seu tronco e deixou nossos rostos a mesma altura. Depois de me dar apenas um selinho rápido, me fez paralisar o corpo ao sentir sua mão envolver meu pênis. Então, ela foi se deitando lentamente enquanto dizia com o olhar que era para eu segui-la. Naquela altura, já tratava de me aproveitar do tamanho generoso do banco de trás para ficar com uma perna de cada lado do seu corpo. Demi mordeu o lábio inferior e então entendi o que ela queria: ainda sentindo meu membro sendo masturbado, completamente perto de explodir, fui obrigado a me posicionar um pouco abaixo da região de seus seios. Demetria me olhou maliciosa quando sentiu meu pênis encostar-se à pele do meio de seus seios. E eu estava incerto do que fazer, porque nunca tínhamos tentado aquilo. 
- Com medo, Joseph? - ela atiçou, persistindo nas carícias que me fazia. Tentado a continuar com aquela novidade, segurei seus dois seios e os aproximei, prendendo minha ereção. - Divirta-se e aproveite a... Espanhola. - Demetria recomendou fingindo algum sotaque e passou a língua pelos lábios, colocando suas mãos por cima das minhas, deixando claro que queria segurar os seios enquanto eu me inundava no prazer adquirido graças àquele novo jeito de possuí-la. Fechando os olhos e soltando risinhos malvados enquanto eu começava a movimentar meu membro em um delirante vai e vem, ela ergueu um pouco suas pernas e tratou de prender meu corpo entre o seu, encostando suas coxas nas minhas costas. Talvez ela apenas se divertisse com aquilo, apenas esperava que eu aproveitasse do momento para depois continuar a satisfazer suas vontades. Mas o prazer que eu consegui sentir era real, parecia insaciável. Era como estar dentro dela, apesar de não estar de fato. O calor entre seus seios era bom demais, a forma como se balançavam presos entre as mãos dela era tentadora. Apesar de não possuírem um tamanho grandioso, era o suficiente para proporcionar uma das melhores sensações. Ela era perfeita do que jeito que era. E recebendo o sorriso mais lindo que aquela mulher era capaz de dar, eu não demorei a perceber que precisava encerrar aquilo antes que fosse tarde demais para cumprir meu grande propósito naquela noite: fazê-la se sentir mais viva do que nunca. 
Larguei seu corpo e me afastei. Nossa comunicação através de olhares era tão poderosa que no mesmo instante ela se levantou novamente e esperou que eu sentasse para vir em meu colo. No momento que seu peso caiu sobre mim, impaciente a penetrei sem esperar por qualquer outra coisa. Mas ela continuava a olhar para o meu rosto com um sorrisinho no canto dos lábios. Nunca cansaria de questionar se aquele ser realmente existia ou se era apenas um fruto pecaminoso da minha imaginação bagunçada. Um anjo, era isso que ela era. 
Seus dedos tocaram meu rosto. 
- O que foi? - perguntei enquanto tentava fazê-la se movimentar em cima de mim. 
- Eu ainda não te perdoei, que fique bem claro. - disse simplesmente, grudando nossas bocas e segurando os cabelos da minha nuca. Então, finalmente, começamos a nos movimentar como deveríamos. Não me importei com as palavras dela, pois sabia que era uma mentirosa naquele momento. 
Quis fazê-la comprovar que meus movimentos eram sobre-humanos, e que ela era a única responsável. Tentando controlar um tesão irracional, segurei suas coxas com determinação e senti minha glande voltar a penetrar sua entrada, sendo maldoso o suficiente para retirá-la e roçá-la em seus grandes lábios e clitóris em seguida. Depois de um aceitável tempo de provocação, segundos foram necessários para que eu estivesse completamente dentro, sentindo as contrações vaginais que Demetria tentava controlar com os olhos fortemente fechados. Como um feitiço, ela planejava me manter preso em seu interior. Lentamente, quando ela relaxou um pouco seus músculos, repeti aquela ação algumas vezes. E então, saindo completamente e já sentindo falta do calor úmido, impulsionei meu pênis para dentro de maneira violenta e rápida, surpreendendo a ela, que gemeu desimpedida. Continuei. Sem calcular meus movimentos, tão rápido que não tinha tempo nem para ofegar. 
Demetria encostou sua testa na minha e permanecia com os olhos fechados. Através de sua boca entreaberta escapavam gemidos baixos e seu hálito quente me incitava a querer beijá-la repetitivas vezes. Segurei suas nádegas com firmeza e as reparei um pouco, impulsionando seu corpo que chegava a brilhar de suor para baixo. Em meu ouvido ela soprava provocantes palavras que me estimulavam a dar o que ela mais queria. Ela queria mais, queria ainda mais forte. 
Demetria, eu não posso aguentar mais. - beijei seus ombros, notando que ela já gemia de um jeito mais inconsciente, se movia de uma forma mais livre. Estava perto. - E... - sem que pudesse evitar, um gemido abafado escapou pela minha garganta e a mulher extasiada em cima de mim tratou de calá-lo com um beijo. Mordendo meu lábio e passando a língua pelo meu queixo, ela começou a se mover o mais rápido e forte que conseguiu, fazendo uma força tremenda com suas pernas. 
- Deixe jorrar dentro de mim, meu amor. Deixe-me sentir chegando, deixe-me deleitar com a sensação... - depois de ouvir aquilo, não aguentei mais. Senti toda a excitação que bombava dentro do meu corpo se acumular na parte em que ainda era coberta pelo corpo de Demetria, e encostei a cabeça no encosto do banco do carro, aproveitando da sensação que nunca pensei conseguir obter. Aquele foi o melhor sexo da minha vida. 
Demi... Vamos, meu amor, vamos... - mas eu ainda não tinha saído de dentro dela. Não encerraria nosso sexo até que ela me acompanhasse naquela viagem surreal pelo prazer. Impulsionando para cima e afundando para baixo mais algumas vezes com minhas mãos trêmulas, eu me lembrei do que a fazia alcançar seu tão ansiado orgasmo instantaneamente. - Goza para mim! - agarrei suas nádegas mais uma vez, beijando e passando a língua pelo seu pescoço. - Isso, Demetria, me faça delirar como só você sabe! Goza... - por uma última vez naquela noite a penetrei. Tão fundo que ela arregalou os olhos e seus músculos ficaram tensos. Notei que seu corpo inteiro se arrepiou e ela começou a se contorcer. A abriguei com meus braços, fazendo movimentos calmos até que ela se saciasse completamente. - Como é bom sentir o seu ápice! - comentei em seu ouvido, sentindo o líquido quente de seu orgasmo se misturar com o meu. Me senti completo novamente. 
Com uma Demetria completamente trêmula em meus braços, aproveitei seu momento de distração para beijar sua testa ternamente. 
Os dedos de nossas mãos se entrelaçaram e ela olhava para a minha aliança que brilhava naquela parcial escuridão. Quando seu corpo voltou ao normal, Demi aconchegou a cabeça em meu peito e ficou tocando o local, olhando distraída para além do vidro embaçado do carro, mesmo que não conseguisse enxergar muita coisa. 
- Qual foi o feitiço que você colocou em mim? - investiguei exausto e extasiado ao mesmo tempo. Minha boca formigava e minhas pernas doíam, mas eu não dava a mínima para isso. 
- Você nunca saberá. - me respondeu convicta, daquele jeito inteligente que só ela sabia fazer. - O que eu faria se não pudesse mais sentir o calor de seu corpo, o suor em sua pele, o cheiro gostoso de seus cabelos e pescoço, as batidas aceleradas de seu coração e o gosto do seu beijo? Diga-me, o que eu faria? - acariciei suas costas, ainda sendo capaz de sentir bater descompassado aquele coração que ela dizia bater exclusivamente para mim. Separei um momento apenas para apreciar sua face; alguns fios de cabelo grudados em sua testa, os lábios vermelhos devido aos meus diversos beijos e os olhos brilhantes de sempre. - Nós realmente acabamos de fazer sexo no estacionamento da empresa? - rindo, ela perguntou inconformada. Já tinha voltado ao seu estado normal. 
- Sim, nós acabamos de fazer sexo no estacionamento da empresa e não poderia ter sido melhor. 
- Eu pensei que esse aniversário não seria bom... - Demi confessou, grudando os lábios em meu peito e beijando a pele suada. 
- Você sobreviveu à selvageria do seu aniversário de 25 anos. Agora pode começar a planejar os outros. - sorri satisfeito ao notar que ela começou a gargalhar ao ter a lembrança da filmagem que mandei juntamente com flores mais cedo naquele dia. - O que vai querer no de 26? 
- Quero apenas ser feliz. - ergui seu queixo e tratei de juntar nossos lábios, a beijando calmamente.


Demetria's P.O.V

Sonolenta e com as pernas moles, senti meu corpo ser carregado por um caminho que pareceu longo. Provavelmente eu peguei no sono antes de sair daquele carro, pois não me lembrava de ter vestido aquelas roupas amarrotadas novamente. A pessoa que me tinha em seu colo acendeu alguma luz e minhas retinas reclamaram, me obrigando a forçar minhas pálpebras e esconder meu rosto em seu peito. Depois as coisas aconteceram como flashes. Novamente eu estava nua, depois senti água quente lavando e caindo por todo o meu corpo enquanto alguém me abraçava. Depois de um tempo, tentei me situar de onde estava e segurei com força os ombros de Joseph, tendo como primeira visão o seu rosto ensopado. Meu estômago mostrou-se completamente inquieto dentro de mim. Ainda não parecia fazer muito sentido a noite que tivemos... Era muito intensa e inacreditável para ser real. E, de certo modo, olhar para ele me deixava encabulada, principalmente quando eu lembrava da forma apaixonada e selvagem que ele tinha me tratado. De como tinha sido bom. O efeito de Joseph sobre o meu corpo parecia me deixar alcoolizada, drogada e anestesiada, como se nada a minha volta parecesse fazer sentido. Assim que tentei me forçar a terminar aquele banho, finalmente conseguindo permanecer com os olhos abertos, saí do box sem esperar por ele. Enrolei uma toalha em meu corpo e dei passos um pouco desgovernados até o quarto, me secando completamente, vestindo uma calcinha e um pijama de ursinhos. Ele já tinha me visto com uma camisola sensual, então finalmente eu podia me deliciar com a maciez confortável daquelas vestes. 
Busquei forças de algum lugar desconhecido para descer as escadas e pegar algo para comer e beber. A primeira coisa que encontrei foi um pedaço generoso de bolo dentro da geladeira. Bom, pelo menos eu comeria bolo no aniversário de 28 assim como comi no de 6. Mandando vários goles de água garganta a baixo, segurei o prato com o bolo e um garfo, subindo novamente as escadas escuras. 
Joseph estava deitado na cama. Os braços erguidos e dobrados abaixo de sua cabeça, que descansava sobre eles. Já estava com as roupas que costumava vestir para dormir e os olhos fechados. Mais uma vez voltei a lembrar dos acontecimentos no estacionamento, sorrindo aliviada por ele não conseguir me ver. 
- Qual é o motivo dos risinhos, Demi? - me surpreendendo, ele rapidamente abriu os olhos e ergueu o corpo. Caminhei incerta até o meu lado da cama e sentei de costas para ele, destinada a apenas comer meu bolo, dar uma conferida em meus filhos e dormir depois. Por que ele estava ali? Eu não me lembrava de ter dito "Eu te perdôo". 
Quando o bolo acabou, tentei fingir que Joseph não existia e alisei meu travesseiro, o colocando sobre a cabeceira e encostando minhas costas ali. Nós dois estávamos na mesma posição e provavelmente encarávamos o mesmo ponto vago do quarto. 
- Olhe o que você fez... - virei meu pescoço não evitando a curiosidade. Ele me mostrava uma marca avermelhada em seu pescoço e unhadas na pele nua de um de seus braços. 
- Você mereceu! - comentei de qualquer jeito, enquanto olhava para as minhas unhas. 

(Coloque a segunda música para tocar!)

Joseph aproximou-se, ousado ao ponto de encostar nossos narizes e segurar uma de minhas mãos. Deixei que meu olhar se perdesse no seu e continuei séria. Mas era impossível, simplesmente impossível segurar aquela gargalhada que começava a subir pela minha garganta. Então, assim que disfarcei meu momento de descontração, ele ameaçou se afastar e sair da cama, mas eu fui mais rápida e o puxei pela gola da camiseta. 
- Não, você não vai a lugar algum! Eu ainda não disse que supri todas as minhas necessidades de você! - revelei com os lábios tocando o lóbulo de sua orelha. Isso pareceu agradá-lo muito. 
- Pensei que não tivesse me perdoado. 
- E não perdoei. 
- Olha, Demetria... 
- Meu corpo e mente não funcionam juntos e mesmo depois de uma noite maravilhosa como essa, ainda não sei como me sentir a respeito de nós dois. - abracei meu próprio corpo enquanto ele fingia paciência para me ouvir com atenção. - Sexo não tem nada a ver com perdão. Eu admito ser fraca e não conseguir lidar com o desejo que meu corpo tem pelo seu, mas ainda sinto o aperto no peito de quando te vi indo embora com aquela mulher. Quer você tenha voltado ou não... 
- Só tenho uma coisa a dizer: você não deveria ter dito de forma implícita que sempre vai ceder a mim. - com um sorriso esperto repuxando pelos lábios, Joseph simplesmente esticou seu corpo na cama e passou a me ignorar. Incrédula, tentei empurrá-lo pelas costas, na tentativa de expulsá-lo dali. 
- Saia da minha cama! - gritei, fingindo que aquela estúpida vontade de rir não voltava de cinco em cinco segundos. 
- Eu não vou sair dessa cama, Demetria. - seus lábios se abriram e disseram de forma indiferente. Totalmente despreocupado, ele suspirou e bocejou. - Se quiser me tirar daqui, terá que me matar. - assim que deu de ombros, Joseph escorregou uma das mãos pela região onde eu estava, seus dedos vacilantes pareciam prestes a segurar minha coxa. - Essa casa é minha também, então se estiver incomodada, saia você! Pois eu não estou. 
- Ah, então é assim? Certo. - tentei tomar impulso e colocar meu corpo para fora, apenas fazendo um draminha básico. Mas meu marido interrompeu meus planos infantis e utilizou da mão - estrategicamente colocado perto de mim - para segurar meu braço e obrigar meu corpo a cair deitado na cama, ficando por cima em seguida. Seus lábios tocaram os meus apenas para dizer que a distância entre ambos era algo errado. 
- Pare de levar a sério tudo que eu digo, mulher. - ele me avisou, saindo de cima e retirando seu corpo da cama. Passou pela porta do quarto, me deixando ainda deitada e atônita. Dois minutos depois, meu orgulho derreteu feito sorvete no verão. Lá estava ele se aproximando com um sonolento Matthew em seu colo. 
- Você não vai envolver o Matt nessa situação, não é? Sabe que é o meu ponto fraco, não é justo! - choraminguei, enquanto ele se ajeitava novamente na cama e segurava nosso filho da maneira mais paternal que era possível. Sem conseguir fazer mais nada a não ser observar os dois, desisti de tentar manter aquela discussão. A quem eu estava tentando enganar? Já tinha perdoado ele, mesmo que não quisesse acreditar nisso. 
Joseph segurou o bebê com apenas um de seus braços e mão e apontou para mim com a outra. Os olhos pequenos e verdes de Matthew encararam meu rosto e ele parecia irritado com alguma coisa. 
- Veja só, Demetria! Até mesmo o Matthew está irritado com a nossa situação. Não é, garotão? - perguntou a ele, começando aquela brincadeira de fingir que seu filho de fato dizia algumas palavras. - Pois é, concordo com você, ela apenas tenta fingir que não está toda se derretendo por mim. Mas tudo bem, Matt, eu gosto que ela se faça de difícil. Eu gosto de ser desafiado. - sorrindo abertamente aquele maldito sorriso lindo que ele tinha, tratou de aproximar sua orelha da boca de Matt, balançando a cabeça de forma compreensiva como se escutasse conselhos. Depois se aproximou um pouco de mim, passando a língua pelos lábios antes de falar: - Matthew disse para você me perdoar ou ele vai chorar. 
E realmente nosso filho começou a chorar, estendendo os bracinhos para mim. Joseph o colocou cuidadosamente em meu colo e fez um som negativo com a boca. 
- Pronto, pronto, tudo bem. - beijei a testa do pequeno, começando a niná-lo. 
- Por que em alguns momentos só você é capaz de acalmá-lo? - Joseph me perguntou como uma criança inocente e curiosa. 
- Bebês sentem o cheiro das mães, é por isso que em algumas situações apenas elas conseguem confortá-los. - expliquei sorridente, feliz por finalmente conseguir acalmar Matt e assisti-lo fechar os olhos aos poucos em meus braços. Mais uma vez eu e Joe trocamos um olhar sério e ele começou a rir em seguida. - Idiota! - xinguei baixinho, acompanhando seu riso. 
- Ah, eu vou dormir. - ele disse simplesmente, virando o corpo de lado e ficando de costas para mim. Puxei a cordinha do abajur e diminui a luz, olhando para suas costas largas. 
- Ei... - o chamei em um sussurro. - Joseph? - como ele conseguia pegar no sono tão rápido? 
- O quê? - respondeu mal humorado. 
- A rosa ficou vermelha. 
Erguendo-se já com os cabelos bagunçados, ele me fitou confuso. 
- Do que está falando? 
- Você escreveu que se eu te perdoasse a rosa ficaria vermelha, lembra? Pois então, ela ficou... Não no sentido literal, mas nós podemos ignorar essa parte. 
Logo nós três dormíamos próximos um do outro, sem permitir que dramas passados permanecessem naquela cama conosco. Eu já me sentia pronta para deixar para lá certas coisas, simplesmente porque ele era o pai dos meus filhos e a pessoa que mais me conhecia em todo o mundo. Então, tudo fora perdoado. E juntos começaríamos novamente, mas dessa vez sem a inimiga denominada desconfiança. 

/Demetria's P.O.V


Nova York

Um homem robusto e de boa aparência - apesar da idade um pouco avançada - encarou com os olhos imponentes as duas pessoas que pararam a sua frente. Ambas sustentavam semblantes assustados, por mais que a mais velha delas tentasse esconder esse medo e cobri-lo com um olhar destemido que se esforçou para manter. Julian apertou com força a mão de sua filha Olivia, acariciando a pele que encontrou para tentar acalmá-la. A menina, por vezes, levantava o rosto e procurava por alguma explicação no rosto de seu pai. 
Então, o ser que estava sentado levantou-se e deu um sorriso aparentemente amigável para os dois, cruzando os braços e fitando Julian com um estranho interesse. Parecia procurar algo em suas feições, parecia analisá-las e arquitetar algo diabólico em sua mente. Cauteloso, Julian deu um passo a frente e preparou-se para questionar o motivo que o obrigou a tirar sua filha da escola, entrar em um avião e voar até Nova York. Não fazia muito sentido. 
Arthur Sheppard ergueu uma sobrancelha. 
- Olá, Julian. Olá, Olivia. Que bom que vieram. Sentem-se ali, por favor. - o mais velho pediu educadamente, percebendo que a menina de cabelos loiros o olhava como se estivesse vendo um tenebroso monstro. 
- Tudo que eu pretendo fazer aqui é descobrir o que você quer comigo. E por que diabos acha que isso vai melhorar a vida da minha filha? - Arthur ergueu um dedo e procurou por algo em um dos bolsos internos de seu terno. Ao retirar dali um papel de forma retangular, preparou-se para falar novamente. 
- Julian, Julian... Pressa não vai te levar a lugar algum. - estendendo a fotografia no ar, ele a balançou para atrair a atenção do homem de olhos verdes. - Reconhece essa pessoa? 
Julian estreitou os olhos, e por um momento parecia estar olhando no espelho. 
- É parecido comigo. - respondeu rudemente, transformando os lábios em apenas uma linha reta. Arthur precisava admitir para si mesmo que sentia uma sensação esquisita toda vez que encarava aquele homem. Afinal, seu rosto era conhecimento demais para passar despercebido. 
- Errado. É você, Julian. - afirmou, dando dois passos até Julian e o deixou segurar a foto. 
- Sou eu? - o homem de cabelos escuros perguntou confuso, olhando abismado para a filha. 
- Sim. - essa foi a última palavra que Arthur escolheu para usar naquele momento. Seu olhar prepotente e um gesto simples com uma das mãos fez com que Julian recuasse um passo ao observar homens se aproximando de forma brusca daquela sala extensa e levemente escura. - A propósito, obrigado por passar aquela mensagem para a minha filha. - Arthur acenou com a cabeça em forma de agradecimento, dando um passo para o lado e permitindo que os homens vestidos de preto segurassem Julian e a pequena Olivia, separando ambos. Pai e filha trocaram um olhar angustiante. Enquanto lágrimas começavam a sair pelos olhos da menina, o homem confuso e enganado questionou a si mesmo se conseguiria sair vivo dali. O que diabos estava acontecendo? 

3 comentários:

  1. Olha o tamanho desse capitulo :O
    Gente :D
    Posta logo.
    Está perfeito.

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  2. oi tudo bem tem como você divulgar e da uma passa no meu blog e da sua opnião?beijos. http://jemialways.blogspot.com.br/

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  3. Porque demora tanto pra postar? Se é só copiar e colar?

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Sem comentario, sem fic ;-)