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sábado, 22 de fevereiro de 2014

Secretary - Capítulo 18


Música do capítulo!

Ela queria ficar. 
Eu não a obrigava mais a ficar comigo, ela queria. 
Ao pronunciar aquela palavras, ela se virou, escondendo o rosto de mim. Permaneceu imóvel, deitada de lado. Encarei a janela, vendo que a tarde já começava a desaparecer. O tempo passava tão rápido. 
O tempo estava correndo contra mim. 
Deitei do lado dela, virando meu corpo de lado, assim como o seu. Cheguei mais perto, aproximando minha boca do pescoço de Demetria, que estava descoberto. Dei um leve beijo ali, sentindo a pela dela se arrepiar. Coloquei minha mão em sua cintura, fechando os olhos e sentindo um cansaço repentino tomar conta de mim. Ela não se mexia, eu apenas observava sua respiração mais normalizada e sabia que seus olhos estavam abertos, sabia que ela estava pensando em algo. Pensando em tudo. 


- E seu braço? - sua voz repentina me fez despertar de inúmeros pensamentos. Olhei meu braço, não sentindo mais tanta dor. 
- Eu já tinha me esquecido disso. 
- Se eu dormir, quando acordar as coisas vão continuar as mesmas? - entranhei aquela pergunta, a vendo virar o corpo e ficar de barriga para cima na cama, continuei na mesma posição, olhando seu rosto. - Você vai estar aqui? 
- É claro que eu vou estar aqui. - olhei nos olhos dela, tentando passar confiança. 
- Você não entendeu. - ela riu de leve, balançando a cabeça de forma negativa. - Você vai estar aqui ou aquele que me trouxe até Los Angeles? Qual dos dois? - seu olhar ficou triste ao mencionar a segunda opção. Não consegui esconder o desconforto que aquilo me causou. Eu sabia que a fazia sofrer sendo como eu era, sabia que Demetria tentaria de todas as formas me mudar. Eu não podia deixar de me sentir culpado, com medo e confuso. Eu não sabia se conseguiria mudar, se aquilo ainda tinha volta. 
Um longo caminho já tinha sido percorrido... Ainda restava tempo para retornar? 
- Eu não gosto de ver ninguém chorando por mim. - não respondi diretamente sua pergunta, mas disse o que queria dizer. - Não mereço as lágrimas de ninguém. 
- Merece as minhas. - ela sempre tinha uma resposta na ponta da língua. Aquela mulher sempre me deixava sem saber o que dizer, como ela conseguia? 
Movimentei meu corpo, apoiando minhas duas mãos na cama, uma de cada lado do corpo de Demetria, ficando por cima dela. Olhou-me surpresa, encolhendo um pouco o corpo. 
- Eu sinto que tenho que aproveitar esse momento, como se logo ele fosse acabar. - ela olhou para meu braço e depois para meu rosto. - Sinto que logo essa pessoa que está no quarto comigo vai sumir de novo. Se eu pudesse segurá-la de algum jeito, eu faria qualquer coisa. - soltei o peso do meu corpo com cuidado sobre ela, grudando nossos lábios de novo. Ela segurou meu rosto com as duas mãos, separando nossas bocas. 
- Por que você não diz nada? 
- Porque eu não sei o que dizer, eu tenho medo de te prometer algo e não conseguir cumprir. Também tento, juro que tento, segurar essa pessoa que está aqui agora, mas não sei por quanto tempo eu vou aguentar. 
- Eu sei que você consegue. - saí de cima dela, bufando. 
- Por que você não tem medo de mim? - seu olhar foi de confusão. - Por que não pode simplesmente sentir medo e tornar as coisas mais fáceis? 
- Você quer isso, Joseph? Quer que eu sinta medo de você? - ela me desafiou com o olhar, ainda deitada. - Seja sincero! 
- Não! - voltei a deitar na cama, com o corpo meio longe do dela. Ficamos em silêncio por alguns minutos, e o aperto no meu peito só aumentava, a vontade de explodir me consumia, mas eu não podia demonstrar que era um fraco, que eu ainda sentia falta dos meus pais juntos, sentia falta da minha vida, sentia falta de poder dizer que eu realmente estava feliz. Eu sentia que não conseguiria segurar aquele choro por muito tempo e Demetria percebeu isso, se aproximando de mim. Passou a mão pelo meu peito e encostou a cabeça no mesmo. 
- Desculpe. - eu disse, sentindo meus olhos arderem e logo marejarem, ela se levantou e fez com que eu também me levantasse. Passou o braço pelo meu ombro, me envolvendo em um abraço. Encaixei minha cabeça em seu ombro, me sentindo a pessoa mais fraca do mundo. – Mas, por favor, você pode fazer com que essa dor diminua? Me faça esquecer de algum jeito... Eu não aguento mais todo esse peso sobre mim. - as lágrimas desciam pelo meu rosto e ela só apertava ainda mais o abraço, me fazendo sentir o calor do seu corpo. 
- Me escuta, Joe... - ela havia me chamado de Joe, isso deveria ter acontecido no máximo duas vezes desde que nos conhecemos. - Se imagine diferente, se imagine como você gostaria de ter sido todo esse tempo. - eu não entendia onde ela queria chegar, mas obedeci. A imagem que veio em minha cabeça parecia tão distante, tão estranha. - Agora, pense no que te impede de ser desse jeito... - tudo impedia, tudo. - Pensou? Ok, agora use a sua arma e atire nessas coisas, pronto! Você está livre! - ela riu e depois de algum tempo eu não pude deixar de acompanhar seu riso. - Foi uma brincadeira. 
- Só você mesmo, Demi! - arrisquei o apelido, mordendo o pescoço dela de leve, tirando meu rosto dali e a puxando para ambos deitarmos na cama. 
- Agora vamos dormir, eu tô morta! - ela fechou os olhos com força, segurando minha mão. 
- Nós nem fizemos nada hoje, eu nem te cansei... Por que tá assim, Lovato? - senti um murro em meu braço que estava bom, sorrindo depois. 

/Joseph's POV 


Horas depois... 

Abri os olhos, os piscando algumas vezes. O quarto ainda estava escuro, deveria ser madrugada, já que pela janela eu só conseguia enxergar a escuridão. Coloquei minhas pernas para fora da cama e me sentei. Virei meu pescoço e Joseph não estava ali. E ele tinha prometido que não sairia do quarto... 
Levantei, cambaleando até a porta, tateando ela por causa do escuro. Puxei a maçaneta, dando de cara com o corredor iluminado apenas por uma fraca luz. Fechei a porta e comecei a caminhar por ele, abraçando meus braços, sentindo um pouco de frio. Todas as portas do andar estavam fechadas, o único barulho era produzido pelos meus pés descalços, se minha cabeça não estivesse ocupada com tantas outras coisas, eu começaria a ficar com medo de alguma assombração ou coisa do tipo. Ao pensar nisso, ouvi um barulho do outro lado do corredor, virando o pescoço bruscamente e mudando a direção de meus passos, seguindo o barulho. Percebi que no final do corredor tinha alguém sentado. Estava encostado na parede, com as pernas esticadas e olhava para uma enorme janela que era privilegiada com a claridade da lua. Seu rosto se virou e eu o reconheci. Caminhei com passos rápidos até Joseph, que percebeu minha presença e dobrou as pernas. Fiquei parada na frente dele, esperando que ele encarasse meu rosto. 
- Por que você saiu do quarto? 
- Eu queria pensar. - ele não me olhava. Percebi que seus cabelos estavam totalmente bagunçados sobre a testa, diferente de todos os outros dias, quando estavam sempre arrumados. Lembrava um adolescente. 
- Pensar? - encostei-me à parede, olhando para o chão, apreciando o silêncio da noite. 
Demorei a perceber que ele já estava a minha frente de pé, encarando meu rosto. Seu dedo indicador foi até meu queixo, fazendo meu rosto levantar. Encarei suas íris, tentando desvendar o que elas estavam tentando transmitir. Ele segurou minhas mãos, me puxando um pouco para frente e depois me fazendo dar um giro, lentamente. Como se estivéssemos dançando. Olhei sem entender para ele, que tinha um sorriso quase imperceptível nos lábios. 
- É como se você fosse a Bela e eu a Fera, percebeu? - franzi o cenho, achando idiota ele ter nos comparado com um conto de fadas. 
- Eles ficaram juntos no final, não ficaram? - participei de sua comparação. 
- Apenas um filme. - Joseph estava com os olhos distraídos, perdidos. Ultimamente ele me lembrava uma criança, uma criança desorientada, que não tinha certeza do que era certo ou errado. Sem ter um adulto por perto para orientá-la. Ele olhou para meus pés. - Vá colocar seus sapatos e coloque isso - tirou a jaqueta, colocando-a sobre meus ombros. - Me encontre no saguão. 
- Por quê? O que vamos fazer a essa hora da madrugada? - arregalei os olhos, vestindo sua jaqueta. 
- Uma loucura. - Joseph mordeu o lábio, levantando uma das sobrancelhas. 
- Loucura? 
- Apenas uma das muitas que ainda vai ter que cometer se quiser continuar a meu lado, Lovato. - ele me deixou para trás e começou a caminhar pelo corredor escuro. Parou e virou apenas o rosto. - Afinal, você está aqui porque quer, se lembra? - sorri, balançando positivamente minha cabeça. Corri até o quarto, procurando meus sapatos e os calçando. Passei correndo pela porta, pelo corredor e cheguei ao elevador. Tudo já estava bem, não tinha mais incêndio, não teria problema. 
Eu parecia uma garota de 17 anos fugindo de casa. 
À noite. 
Com o namorado. 
Saí do elevador, encontrando o saguão vazio. As portas de vidro me possibilitavam ver todos os outros prédios ao redor. Incrível como aquele hotel ficava maior quando ninguém estava por perto, quando as luzes estavam apagadas. Procurei Jonas com os olhos, sentindo uma leve pontada de medo e um frio na barriga. Ele não estava em lugar nenhum. Dei mais alguns passos, olhando para todos os lados. Não podia ser uma brincadeira, não depois de tudo que tinha acontecido naquele dia. Ouvi passos apressados atrás de mim e me virei, sentindo meu coração acelerar. 
Mas que diabos... Não tinha ninguém ali. 
Virei-me, cansada de procurar por Joseph e caminhei de volta para o elevador. Apertei o botão e esperei sem paciência. Outro barulho, esse um pouco mais de perto de onde eu estava. Só podiam ser ladrões ou algo do tipo, não era possível. Desisti do elevador e fui para o meio do saguão de novo, parando e olhando para um dos corredores onde começavam as escadarias para outros andares. Cruzei os braços, sentindo um leve calor pelo fato de estar com a jaqueta de couro de Joseph. 
- Tem alguém ai? Joseph? - eu disse em um tom alto, mas que não chamasse atenção de ninguém. Sem resposta. 
Senti uma mão gelada segurar meu braço, me impossibilitando de virar o corpo. Meu coração estava quase na boca e eu sentia uma respiração instável perto de meu ouvido. Mas logo eu reconheci seu toque, seu perfume fraco. 
- Você ainda se assusta comigo, está vendo? - Joseph me soltou e então eu pude ver seu rosto. Estava rindo. 
- Dá próxima vez me lembre de sair por aí com uma arma ou algo que machuque nas mãos. - revirei os olhos, sendo quase vencida pela risada dele e rindo junto. 
- Nossa, que perigo! Não se preocupe, você tá comigo, não vai acontecer nada. - ele puxou minha mão e começou a andar em direção a saída, mas eu a puxei de volta e permaneci parada, batendo o salto contra o piso. Ele me olhou sem entender e então eu sorri. 
- Acha que eu sou tão frágil assim, Sr. Jonas? - levei as duas mãos até a cintura. Meus cabelos estavam soltos, meus olhos estavam levemente borrados de maquiagem escura, e aquela jaqueta de couro por cima de uma roupa social deveriam estar me dando um ar de maluca. 
- Não, não, Lovato. - ele parecia estar adorando meu estado. - Eu sei do que você é capaz. - voltei a sorrir, passando por ele e sussurrando perto de sua orelha. 
- Não sabe, não. - desci as escadas que levavam até o subsolo e esperei que ele viesse correndo atrás de mim. Bingo. Comecei a andar pelo enorme estacionamento com carros de todos os tipos, um mais luxuoso que o outro. Avistei o de Joseph e fui até lá, e sim, ele me perseguia. 

Joseph's POV 

Lentamente ela foi até o carro, encostando-se ao capô. Tirou uma mecha de cabelo do rosto e me lançou um olhar desafiador. O que ela estava querendo, afinal? Permaneci parado, esperando algum tipo de reação dela, ficamos naquela troca de olhares por uns dois minutos. 
Como ela ficava sexy com a minha jaqueta. 
- A chave. - ela estendeu o braço, com a palma da mão aberta e um olhar autoritário. 
E de repente nada do que havia acontecido horas antes importava. A habilidade que ela tinha de me fazer esquecer os problemas era absurda. Apenas com um olhar, Demetria removia tudo e deixava apenas o que era desejado, o que realmente contava. Tirei as chaves do bolso da calça e as girei no ar, caminhando até ela. Parei a sua frente, colocando o cabelo dela atrás da orelha, tendo uma visão privilegiada de seu rosto. 
- Vai querer dirigir, agora? - ela fez um sinal positivo e tomou a chave que estava por entre meus dedos. Abriu a porta do carro e entrou. - Lovato, isso não parece uma boa ideia, não que você seja...
- Cala a boca e entra no carro, Jonas! - arregalei meus olhos e por um momento senti que tínhamos trocado os papéis. Logo eu estava dentro do carro, ao lado dela, encarando sua expressão diferente e provocativa. Demetria era um enigma. 
Às vezes era tão fácil entendê-la, já outras vezes eu simplesmente não sabia o que fazer. 
Ela deu a partida e não disse nada. Acelerou e logo já estávamos fora do hotel, a toda velocidade pelas ruas escuras e praticamente vazias de Los Angeles. 
E pra onde você pretende me levar, Joseph? - afinei a voz, a fim de imitá-la, recebendo um olhar ameaçador em seguida. Ela apertou as duas mãos no volante e mordeu o lábio inferior. Virou o rosto e sua expressão era séria e engraçada ao mesmo tempo. 
Não interessa, Lovato! Você vai fazer o que eu quiser, e sabe que não vai conseguir resistir. - engrossou a voz, mandando um beijo no ar e voltando a prender os olhos na estrada. Soltei uma gargalhada. 
- É sério que eu falo desse jeito? Eu sou tão... mandão. - parei pra refletir alguns segundos e senti sua mão apertar minha coxa. Opa. 
Sim, eu sou Joseph Jonas e sou muito mandão e essa noite você vai gritar o meu nome... - ela parou de falar e olhou o nada. - Não, isso só fica bom quando você diz. 
- Então você quer gritar meu nome hoje à noite? - ela riu e deu um leve aperto na parte da minha coxa onde sua mão repousava. Logo tirou ela dali e mudou de direção na estrada. Os lugares estavam quase vazios, um carro ou outro, uma pessoa ou outra, era como se a cidade pertencesse a nós dois. 
- E agora irei estacionar o carro aqui! - percebi que o carro parou em frente a um bar e logo ela já estava para fora, esperando que eu saísse também. - Agora nós vamos brincar um pouquinho. -Demetria estava tentando me provar alguma coisa? Estava agindo de um jeito tão espontâneo, divertido e diferente, que eu estava começando a me perguntar se aquela era mesmo a pessoa que eu trouxe de Londres. Ela entrou no local e eu a acompanhei, percebendo que apenas algumas mesas estavam ocupadas. Ela foi até o barman, apoiando os cotovelos no balcão e inclinando um pouco o corpo. Seria um movimento comum se ela não estivesse de costas para mim. Só podia estar querendo me provar, era evidente. Parei de encarar seu corpo e fui até onde ela estava, percebendo que o barman a encarava de um jeito meio obsceno. Ele se afastou e voltou com algumas garrafas. Demetria pegou uma delas e olhou significantemente pra mim, esperando que eu pegasse as outras duas. Fiz isso e encarei o barman, já pensando em pagá-lo. 
- Tchau, amigão. Muito obrigada! - ela passou por mim, indo até a porta. - Joseph, vem logo! - olhei sem entender para o cara e a segui, saindo do bar e voltando para dentro do carro. 
- Agora você é do tipo que entra em um bar, pega todas essas bebidas e sai sem pagar? 
- Relaxa. Eu conheço o barman, estudei com ele. Tínhamos uma banda de garagem. - seus dedos começaram a tentar abrir uma das garrafas. Ela bufou e eu a tomei de sua mão, abrindo facilmente e dando um gole. Logo depois parei para pensar no que ela tinha acabado de falar. Uma banda de garagem? 
- Viu só? Parece que a moça rebelde não sabe abrir uma garrafa! - ela tomou a garrafa das minhas mãos e deu outro gole. - Ah, então o seu objetivo hoje é me seduzir loucamente, ficar bêbada, me deixar bêbado... E aí, o que vem depois? - Demetria fez uma careta por causa da bebida e deu partida no carro. A velocidade que estávamos tornava tudo ao redor pequenos pontos de luz. Sua mão foi até o rádio e ela sorriu quando os primeiros acordes de alguma música começaram. (n/a: Coloque a música para tocar.) 
- Já fizemos isso uma vez, mas naquela época as coisas não eram como são agora. Como são essa noite. - virou a estrada e eu já começava a sentir um vento diferente. - Hoje foi um dia cruel, um dia que quase custou vidas. - encarei seu rosto, percebendo que ela estava se segurando para não chorar. Virou a garrafa de novo, fechando os olhos com força e sorrindo. - Mas passou, e agora eu quero que, pelo menos hoje à noite, as coisas possam ser como eu gostaria que fossem, sempre. - ainda não estava entendendo o que ela queria dizer com aquelas palavras. Mas minha visão logo avistou areia, avistou o mar. E então eu entendi. 
- Sem dor, sem regras, sem problemas. Não para sempre, amanhã a realidade bate na porta de novo, mas hoje... 
- Hoje seremos apenas você e eu. Como deveríamos ter sido há muito tempo. Los Angeles é nosso, a noite é nossa, essa praia é nossa. Somos a lua e o mar, se lembra? - a interrompi, pegando a outra garrafa com bebida. 
- Me lembro completamente. 

/Joseph's POV 

Joseph saiu do carro e depois de algum esforço conseguiu abrir a garrafa. Sem preocupação alguma ele começou a andar pela areia da praia, ainda um pouco afastado do mar. Coloquei meu cabelo para trás, que não parava quieto em meu rosto por causa do vento e o segui. Estávamos a alguns centímetros de distância. Lembrei-me da última vez que pisei naquela areia, na época em que as coisas ainda estavam confusas e as incertezas eram profundas. 
Muito mudou. 
Joseph parou de andar e se virou, ficando de frente para mim. O vento fazia seus cabelos curtos brincarem pela testa e sua camisa que estava com os três primeiros botões abertos balançava. Aquele era o momento de mudar tudo? Será que essa minha mudança de atitude mascararia os problemas? Ou seria apenas uma escapatória temporária? Sinceramente? Eu não me importava mais. Eu não importava mais com consequências, com ações mal pensadas. 
Poderia soar tão clichê, mas eu sentia que deveria aproveitar minha vida, não só naquele momento, mas em outros que viriam a seguir. Era aquela estranha sensação de que o tempo está correndo contra você, suas pernas já estão cansadas e você não conseguiria alcançá-lo. Ali, parada, sentindo a brisa da praia sobre minha pele e encarando o olhar mais enigmático e bonito de todo o mundo, eu decidi que cada segundo seria uma vida. Sem desperdícios. 
Sorri para ele e joguei a garrafa no chão, tirando meus sapatos e os chutando longe. Joseph riu do meu gesto, observando eu me livrar de sua jaqueta e também jogá-la na areia da praia. Corri até ele, chutando areia em sua direção. Ele se esquivou e disparou a correr atrás de mim. Obviamente ele corria mais rápido que eu e logo me alcançou, abraçando minha cintura por trás e fazendo com que nós dois caíssemos deitados sobre a areia. 

I'll be just fine pretending I'm not 
Vou ficar bem fingindo não estar
I'm far from lonely
Estou longe da solidão
And it's all that I've got 
E isso é tudo que tenho

Caí deitada na areia e senti Joseph se deitar ao meu lado. Olhei o céu estrelado e virei meu rosto para encarar o seu, estava distraído, como sempre. Tomei a garrafa de champanhe de suas mãos, atraindo sua atenção. Tomei um pouco, percebendo que ele se sentou e me puxou para encostar a cabeça em seu ombro. Fiquei em silêncio, o único som presente eram as ondas se quebrando ou alguma gaivota que voava livre por ali. 
- É isso? Vamos ficar bêbados em uma praia? - acordei de meus pensamentos com sua voz. Concordei com a cabeça, levantando e o puxando pela sua mão para me acompanhar. Fui para mais perto do mar, molhando meus pés e abrindo os braços. O vento batia sem piedade contra meus cabelos. Dei uma volta, pulando sobre uma pequena onda que passava e comecei a cantarolar alguma música que, certamente, há anos eu não parava para ouvir. E então eu havia ficado maluca, em Venice Beach. 
- E então, sereia... - ele gritou, chegando perto do mar. - Como se sente hoje sabendo que isso tudo - ele abriu os braços e apontou para todas as direções da praia. - É apenas nosso? - corri até onde ele estava e o puxei pela mão. Joseph entrou no mar e começou a fazer de tudo para tentar me molhar por completo. Estávamos em guerra, um tentando afundar o outro. No fim, estávamos completamente molhados e sem cumprir o objetivo principal. 
- Isso não te lembra aqueles filmes? Aqueles que passam à tarde nos canais de televisão? - saímos do mar e começamos a caminhar pela praia, o vento se chocando contra minha pele e minha roupa molhada me provocavam arrepios gostosos de se sentir. 
- Só se eu for um ator hollywoodiano, totalmente egocêntrico, malvado e desesperado por sangue! 
- Menos, Joe! - percebi que nossas mãos já estavam entrelaçadas. Ele riu e depois ficou sério. 
- Quer conversar sobre alguma coisa? - arrisquei. 
- Eu só estou me perguntando como as coisas seriam se nossas vidas tivessem tomado outro rumo. - entendi o que ele quis dizer e parei para imaginar. 
- Provavelmente agora eu estaria por aí tentando o sucesso com minha banda formada na garagem de casa. 
- É meio maluco te imaginar assim, em uma banda! - soltei sua mão e parei em sua frente. Fingi que estava tocando uma guitarra e comecei a me balançar sensualmente, cantando totalmente desafinada algum rock que passou pela minha cabeça. – Tá, ok, seria sensual e eu seria seu fã. 
- Não, você seria o homem que entraria em meu camarim para dar inspiração antes dos shows. - abracei seus ombros e senti uma das mãos dele passear por minha coxa. - E você, o que seria agora? 
- Provavelmente agora eu estaria salvando a vida de alguém. - o olhei sem entender. - Quando pequeno o meu sonho era ser médico. Fazer com que a dor dos outros desaparecesse... Mas, veja bem... - ele revirou os olhos e fez um gesto com as mãos se referindo a si próprio. - Só consegui o contrário. 
- Bem, o futuro é incerto. Quem sabe daqui alguns anos não estamos fazendo exatamente o que queríamos quando crianças? - assim que terminei de dizer, ele roçou seus lábios nos meus, apertando um pouco minha coxa. Fechei os olhos sentindo seus toques, enquanto ele deu uma leve mordida em meu lábio inferior. Depositei minha mão em sua nuca, puxando de leve os cabelos dali e ele sorriu, me provocando e não começando logo o beijo que eu tanto queria. 
- É bom te torturar, Lovato! - beijou minha bochecha e foi descendo até meu pescoço. Não sei se era o vento da praia ou as provocações dele, mas minha pele ficava cada vez mais arrepiada. 
- Melhor ainda é quando eu também quero te torturar. - sussurrei, passando as mãos pelo seu abdômen através da camisa e, pegando Joseph de surpresa, o empurrei, mas ele puxou minhas mãos junto e nós caímos deitados. Eu em cima dele. 
E então ele desistiu de resistir e me beijou, as mãos firmes em minha cintura puxavam meu corpo para baixo, provocando sensações diversas em ambos. Deu um jeito de trocar de posições e me deixou por baixo. 
- Você tornou tudo tão mais suportável, Demetria Lovato. - olhou em meus olhos. Seu olhar era um misto de desejo, confusão, determinação e um brilho especial. 
Joseph Jonas provando que sabe ser romântico e fazendo uma mulher se sentir no paraíso. - eu disse, sentindo a mão dele acariciar toda a extensão da minha perna. 
- A última opção eu prefiro fazer de outro jeito. Aquele que você já provocou diversas vezes. 
- E que vou querer provar muitas mais. - ele mordeu o lábio e eu percebi que tinha conseguido provocá-lo. Quando Joe respirava fundo, fechando os olhos por alguns segundos e em seguida seus dentes iam de encontro com seu lábio, ele estava me desejando. 


Horas depois... 

Depois de acordar nos braços dele, na areia de praia e bem na hora em que o sol começava a nascer, acordei Joseph e logo estávamos dentro do carro de novo. Ele dirigia dessa vez. 
- Vamos voltar pro hotel? - me estiquei no banco, com a voz desanimada. 
- Não queria morar na praia, não é, rockgirl? - um sorrisinho de canto estampou seus lábios. Estava com o cabelo totalmente bagunçado, leves olheiras abaixo dos olhos e a roupa amassada, não muito diferente de mim. 
- Até que não seria uma má ideia, Dr. Jonas! 
Logo chegamos ao hotel. E, é claro, todos os olhares se voltaram para nós. Ainda era bem cedo, mas o movimento no hotel já era grande. Ignorei os olhares que me analisavam de cima a baixo, assim como Joseph e entramos. Uma das atendentes do saguão veio até nós, ignorando nossa situação e entregou um envelope para Joseph. Ele abriu na mesma hora e leu rapidamente as letras miúdas. 
- Uma festa. - ele disse, dobrando o envelope de novo. - De máscaras. De Mark Donovan. É um convite para dois. 
- E quem é Mark Donovan? 
- Não faço ideia! - ele riu, me puxando até o elevador. 
Tomamos banho separados, infelizmente, e trocamos de roupa em nosso novo quarto. Descemos novamente e foi então que, ao olhar para o saguão, eu avistei aqueles cabelos loiros tão familiares. 
Cassie Smith? Oh! 
A mulher que trabalhava comigo naquele escritório em Londres. A mulher que me disse para entrar logo naquela sala... 
Como tudo havia começado. 
Joseph me olhou sem entender, mas fiz um gesto com a mão indicando ela e logo ele também se surpreendeu. Cassie tirou os óculos escuros e virou um pouco o rosto, observando todas as partes do lugar com um sorriso no rosto. Por um instante seu olhar parou em nós e ela se virou de novo, como se não tivesse nos percebido, mas arrancou os óculos do rosto e se virou novamente, com os olhos arregalados. Logo ela vinha correndo em nossa direção. 
- Eu não acredito nisso! - sua boca estava meio aberta de surpresa e ela nos olhou de cima a baixo, soltando um sorrisinho malicioso. 
- O que você faz aqui, Cassie? Você tá de férias! - Joseph disse, totalmente surpreso. Ela olhou pra ele e em seguida pra mim, o sorriso de antes ainda brincava em seus lábios. 
- Eu... Bem, eu estou de férias e resolvi passar essas férias em Los Angeles. Bom, achei que seria legal ficar nesse hotel... Mas o que vocês fazem juntos? - meu Deus, como ela falava. Cassie era tipo uma máquina. 
- Hm... Cassie... 
- Ok, deixa eu ver se entendi. - seu dedo apontava para nós. - Sr. Jonas e Demetria... - cruzou os braços. - Vocês dois... Por acaso...? - Joseph coçou a nuca, e eu percebi que Jared se aproximava.
- Vou falar com o Jared! - ele saiu de perto de nós quase correndo. Cassie virou o corpo na direção onde ele ia, soltando um palavrão em tom de voz baixo. 
- O JARED TÁ AQUI? - ela praticamente gritou, segurando meu braço. - Meu Deus, Meu Deus... 
- Cassie, olha pra mim! - percebi que Joseph e Jared estavam mais afastados, porém olhavam para nós. - Eu não sei o que diabos você está fazendo aqui, mas... 
- Eu também fico feliz em te ver, Lovato! - ela ironizou, rindo e me abraçando em seguida. Cassie e eu nunca havíamos sido grandes amigas, mas na empresa de Joseph, eu sempre gostava de ficar conversando com ela, ouvindo suas maluquices e histórias de namoros frustrados. Ela tinha uma quedinha por Jared, algo sem importância, pelo menos eu achava isso. 
- Ah, essas férias não podem ficar melhores! Primeiro, eu venho para Los Angeles - ela falava sem parar, como se não precisasse de ar. - Depois encontro você e o Jonas juntos, o que só pode significar uma coisa... E depois... O Jared! - ela sorriu maliciosa, balançando as mãos em forma de comemoração. 
- Olha, o Joseph e eu... 
- Agora você chama ele pelo primeiro nome? Sua danadinha! - ela abriu a boca em sinal de surpresa, virando o pescoço e olhando pra ele. - Sempre achei que vocês formavam um casal... Quente! 
- Cala a boca! - tentei disfarçar, vendo Joseph se aproximar de novo de nós. Cassie olhou para ele, esperando a minha reação e depois começou a rir. 
Lovato... Nos vemos depois, temos que pensar na festa! - ele nem chegou perto de mim, apenas disse isso. - Bom ter você por aqui, Cassie. Aproveite o hotel! - tinha sumido de nossa visão de novo. 
- Festa? - ela colocou as mãos na cintura. Sempre tão intrometida. - Vai começar a falar? 
- Acabei de saber disso, Cass. É uma festa com máscaras! - vi Cassie sorrir de novo. Não sei por que ela estava se animando com aquilo, ela não tinha sido convidada. 
- E pra melhorar ainda mais minha viagem de férias... Uma festa. 
- Hey, calma, você não foi convidada! - me senti totalmente estranha por estar em uma conversa daquelas com ela. Era bom poder conversar com pessoas que eu não havia mais visto desde que saí de Londres, eu começava a sentir que as coisas estavam voltando ao seu lugar. 
Ou ficando mais bagunças do que já estavam... 
- Não existem festas sem penetras, minha querida! - olhou para os lados e quando viu que uma moça uniformizada se aproximava, ela foi andando até a mesma, retornou correndo até onde estava antes, acertando os últimos detalhes de sua estadia no hotel. Voltou a mim, com uma chave em mãos. 
- Vem comigo até meu quarto? - ela ignorou suas malas que estavam perto do balcão e me puxou até o elevador. Eu não tinha muita escolha, apenas a acompanhei. 
Quando chegamos no andar indicado e saímos do elevador, demos de cara com Ian. Ele sorriu para Cassie que retribuiu, mesmo sem conhecê-lo e depois se virou para mim. Algo nele me dava calafrios, eu só não sabia o quê. 
- Secretária, é sempre um prazer te ver! - deu um sorriso cínico. Eu e Cassie passamos por ele, deixando o elevador vazio. 
- Pena que eu não posso dizer o mesmo. 
- Oh, eu lamento tanto... 

Sujeitinho desprezível. 

2 comentários:

  1. aiiiii jesuuus posta mais vai, ta maravilhosooooo, posta posta posta, ai esse Ian aargh q ódio

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  2. senhoooor que capitulo incrível
    Posta logo :-)

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Sem comentario, sem fic ;-)