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segunda-feira, 19 de maio de 2014

Secretary II - Capítulo 11


Refúgio
(N/a: Vá colocando para carregar a música 1música 2 e a música 3)


Após sair de um carro preto, percebi que o mesmo já não estava mais ao meu alcance. Virei o rosto, encarando aquele enorme portão sombrio e a sombra de algumas árvores mais a frente. Olhei para baixo, estranhando o modo como eu estava vestida: um vestido preto longo e de pano fino, com algumas rendas nas mangas - que chegavam até os cotovelos - e no busto. Meus pés estavam descalços e meus cabelos caiam pelos ombros. Fiquei um tempo apenas observando o jeito que o vento levava a saia do vestido de um lado para o outro e de repente ouvi uma risada estridente, que foi seguida por um grito mais estridente ainda. Olhei para os lados uma última vez antes de puxar com força a grade do enorme portão - que fez um barulho horroroso - e entrar em um... Cemitério.
Eu queria conseguir parar de andar no meio de toda aquela escuridão, mas minhas pernas não permitiam. Algo parecia me puxar para algum lugar. Enquanto sentia a respiração começar a falhar e o suór se mostrar presente em minha testa, percebi que a escuridão daquele cemitério começava a dar lugar a luzes estranhas... Aquelas luzes me deixavam tonta, eu não sabia explicar. O som daquela mesma risada perfurou meus ouvidos de novo e quando tentei virei meu corpo para correr no sentido contrário, dei de cara com uma cena um tanto quanto... Assustadora.
Em cima de uma lápide enfeitada por flores secas, duas mulheres estavam sentadas e seguravam xicaras de chá. Enquanto esfriavam o conteúdo, elas pareciam manter um contato visual exagerado e falavam baixo. Eu conseguia ouvir suas vozes, mas não conseguia entender o que estavam falando. Usavam vestidos pretos e longos, assim como o meu. A loira me olhou e arregalou os olhos, fazendo um barulho exagerado ao tomar seu chá e cutucou o ombro da outra. Eu podia jurar que era Erin Fields, era idêntica a garota que eu tinha visto naquele folheto que Caleb me mostrara. A outra se virou também e agil do mesmo jeito que a loira, jogando sua xícara longe e voltando a rir daquele jeito insuportável. Elas se entreolharam e levantaram da lápide. Margo estendeu a mão para mim e, quando encarei a mesma, percebi que o pano do vestido de mangas longas não cobria pele... Cobria osso. Continuei a fitar totalmente perplexa os ossos de sua mão e saí correndo, sem prestar atenção no caminho que meus pés me levavam. Ignorei outro riso e gritei ao perceber que tinha tropeçado em alguma coisa e caído do joelhos no chão. Olhei para trás, rezando para que as duas não estivessem vindo até mim e respirei aliviada quando a única coisa que parecia me fazer companhia ali eram aqueles... Ossos!
Levantei apavorada ao perceber que tinha tropeçado em um esqueleto, mas estranhei o crânio não estar ali.
- Procurando isso? - reconheci a voz de imediato e o olhei, sabendo que me arrependeria. - Incrível como as pessoas perdem a cabeça por nada! - Carter disse, rindo com gosto, enquanto segurava um crânio em uma das mãos.
Sua risada cessou quando algo - ou alguém - empurrou seu corpo para longe, fazendo com que Carter largasse o crânio e caísse no chão com força. Com um pouco de esforço, ele se levantou e encarou o responsável: Joseph.
Ele estava segurando o que eu julguei ser uma pá e, ao sorrir satisfeito por ter derrubado Carter, começou a cavar na terra. Fiquei observando suas feições estranhamente felizes e comecei a recuar quando percebi que o buraco que ele estava cavando ficava cada vez mais fundo.
- Cavando a própria cova, Jonas? - Carter rosnou, levantando-se e revelando uma outra pá em sua mão. Foi para perto de Joseph e começou a cavar também, enquanto ambos empurravam um ao outro com o ombro.
- Eu vou enterrar você!
- Não se eu te enterrar primeiro!
E então uma briga bizarra começou. Um tentava jogar o outro dentro daquela cova. Não esperei para ver o final daquela cena e corri para outro corredor de lápides, sem coragem de olhar para trás. Sentindo meus pés sofrerem com o concreto daquele lugar, segurei a saia do vestido e corri mais rápido ao perceber uma pequena casinha mais ao fundo. Um calor estranho e reconfortante começou a envolver meu corpo e eu interrompi minha correria, parando em frente a uma cerejeira. Mas o que diabos uma cerejeira fazia dentro de um cemitério? Logo, um homem vestido apenas com uma calça jeans abriu a porta da pequena casinha e veio rápido até mim, me envolvendo em um abraço desesperado.
- Até que enfim! - eu não estava gostando do jeito que ele pressionava seu corpo ao meu. - Venha! Vamos entrar.
- Espera! Por que eu entraria?
- Porque é o que você quer! - Cameron me disse, ainda segurando meu corpo daquele jeito possessivo. Antes que eu pudesse raciocinar direito, senti seus lábios nos meus e sua língua entrando em minha boca. Aquele beijo não era algo que eu estava conseguindo controlar. Cameron aprofundou aquele contato e apertou minha cintura, enquanto sua língua atrevida acariciava a minha.
Parou, me deixando ofegante e encarando meus olhos por alguns segundos. Colocou as duas mãos em meus ombros e começou a puxar o vestido para baixo.
- Finalmente... - ele disse, com o olhar fixo em meu busto, que ia se mostrando mais e mais a cada fração de segundo. - Venha, Demetria, venha... Venha pegar fogo comigo.
Mudando subitamente de lugar, percebi que já estávamos deitados e nús em cima de uma cama que fazia um barulho engraçado toda vez que...
 

Abri os olhos, com a respiração falha e o coração acelerado, sentindo o suór em minha testa. Levantei meu tronco, totalmente atordoada e encarei tudo ao meu redor. Eu ainda deitada no mesmo sofá, ainda estava escuro e ainda era a casa dele. Quando ele veio em minha mente, me senti totalmente constrangida por causa do maldito sonho. Já não bastava toda aquela bizarrice junta, eu tinha que ficar naquela situação com ele no final do sonho. O pior de tudo foi que eu ainda conseguia sentir o beijo em minha boca. Sonhar que você está tendo algum contato intenso com alguém é complicado, porque, mesmo depois que acorda, a sensação fica no seu corpo, como se tivesse acontecido de verdade. Passei as costas da mão pela testa, a fim de limpar o suór e coloquei as pernas para fora so sofá, encarando as mesmas e sentindo um frio desconfortável. Caminhei zonza até o banheiro e abri o registro da torneira, fazendo uma concha com as mãos e jogando água gelada em meu rosto, para despertar de vez. Calcei o tênis e improvisei uma escova de dente com o dedo indicador, pegando um pouco de pasta dental que encontrei por ali e limpando meus dentes pelo menos um pouco. Passei as mãos pelo cabelo, deixando-o de lado e tentar arrumar um pouco, encarando meu reflexo no espelho outra vez. Eu estava satisfeita, satisfeita por ter sido forte o suficiente no noite anterior. 
Saí do banheiro e fui até a janela do quarto, percebendo que o sol estava começando a nascer. Aquela droga de cama parecia me chamar toda vez que eu a encarava por acidente, mas eu não podia mais ficar ali! Precisava ficar fora do alcance de Cameron pelo bem dele e pelo meu. Pensando na conversa que havíamos tido na noite anterior e nas outras milhares de coisas que eu estava descobrindo, deixei o quarto e caminhei lentamente até a escada, podendo reparar melhor nos detalhes da casa. 
Ouvi uma agitação vinda da cozinha e caminhei até ela, encontrando um Cameron totalmente a vontade; usava uma calça de moleton larga e uma camiseta branca básica. Estava de costas para mim, mexendo em algo que estava na bancada. Encostei no batente da porta e fiquei a observá-lo, com os braços cruzados e torcendo para que ele não inventasse algo para continuar a me prender dentro daquela casa. Não que eu estivesse ali contra a vontade, mas também não era o lugar que eu desejava com toda a minha alma estar. Olhei para um relógio na parede e percebi que ainda estava cedo demais, mas o homem a minha frente já tinha disposição suficiente para preparar um café da manhã. Pigareei, cansando de me manter escondida e ele virou apenas o pescoço, me lançando um olhar sério que durou apenas alguns segundos, logo sorriu e piscou para mim. Me desgrudei da porta e fui para o centro da cozinha, perto de onde ele estava. 
- Você costuma acordar cedo todos os dias? - perguntei. 
- Não, mas eu prefiro levantar do que ficar rolando na cama. - ele disse sem olhar para mim. Estranhei sua falta de interesse e voltei a lembrar do sonho e da sensação de beijá-lo, e no mesmo instante ele mordeu o lábio inferior, enquanto despejava leite em um copo. - O que você quer comer? - disse, me pegando de surpresa. 
Cam, eu não posso ficar aqui e tomar um café da manhã. Preciso ir embora. - Cam parou tudo que estava fazendo e me olhou de novo, balançando a cabeça negativamente e se aproximando um pouco. 
- De jeito nenhum! Se quiser ir embora, pode ir, eu não vou tentar te impedir, mas antes coma alguma coisa! - olhei para a bancada, enquanto ele preparava o que parecia ser ovos mexidos e senti uma fome tremenda. Eu estava sem comer - comida de verdade - há horas! 
- Ok, você venceu! - dando por vencida, dei meia volta e sentei em um dos bancos altos que ficavam nas laterais da bancada de mármore. Percebi que uma televisão de plasma estava presa na parede e um noticiário era transmitido. Apoiei os cotovelos na superfície plaina, enquanto assistiaCameron bancar um cozinheiro profissional. Era até que divertido ver aquela cena; ele era um pouco perfeccionista, não era difícil de notar, e acabava transformando o preparo de simples ovos mexidos em um complicado processo. Se dirigiu até o fogão e logo um cheiro gostoso tomou conta da cozinha, enquanto rapidamente ele retirava o nosso café da manhã da frigideira e colocava um uma vasilha de vidro. Eu havia me concentrado em algum acidente que estavam comentando no noticiário e só voltei a prestar atenção naquela cozinha quando percebi que um copo com leite estava ao meu alcance. Cameron olhou para o mesmo e depois olhou para mim, servindo um prato com os ovos mexidos que realmente pareciam agradáveis ao meu paladar. 
- Como eu vou saber que você não colocou nada no leite ou nos ovos? Algum sonífero ou coisa assim... - segurei meu queixo com a mão e lancei um olhar investigativo para ele, que apenas riu e pegou o copo de leite que tinha dado a mim. Levou o mesmo até a boca e tomou um pouco, colocando o copo no lugar de antes. Depois, ainda mais abusado, ele veio com um garfo e pegou um pouco do que estava em meu prato, enfiando na boca e mastigando rápido. 
- Precisa de mais provas? 
- Você tomou o meu leite! - fingi estar brava. 
- Você me acusou de querer te dopar! 
- E você não seria capaz de fazer isso? - desafiei. 
- O que eu faria com você dopada, Demetria? 
Com uma pergunta sem resposta, comemos rápido. Enquanto Cameron colocava a louça em seu lugar, voltei a prestar atenção naquele noticiário de antes e percebi que estavam fazendo alguma matéria sobre orfanatos. Enquanto algumas crianças eram mostradas, uma repórter entrevistava mulheres responsáveis por cuidar delas, revelando a realidade do mundo dos órfãos. Cam percebeu meu interesse em tudo aquilo e parou para assistir também. 
- É que um dia eu visitei um desses e um garotinho me chamou a atenção... - eu disse, mesmo que ele não tivesse perguntado nada. - E desde então eu sempre me pego pensando nisso. 
- Como é o nome do garoto? 
- Jamie. 
- Gostaria de adotá-lo? 
Cameron, eu mal posso cuidar da minha vida, como vou cuidar da vida de uma criança? 
- Bom, você é casada... - o desprezo escorria junto com suas palavras, aquilo me incomodou. 
- Já comi, não é? Agora eu posso ir embora! - levantei da bancada e saí da cozinha, procurando pela porta que me colocaria para fora daquela situação que continuava a ser estranha. Cam me seguiu e abriu a porta de um jeito irritado, abrindo a mesma e esperando que eu saísse para sair também. 
- Você tem certeza de que quer fazer isso? 
- Não antes de te agradecer pela hospitalidade e pelo café da manhã... - virei o corpo, caminhando em direção ao enorme portão, assim que ele apertou o botão que fazia ele se abrir. - Estava ótimo! - eu disse, caminhando de costas para ele em direção a saída. Eu não podia virar para trás, não podia encará-lo de novo, porque talvez eu não conseguisse sair dali se o fizesse. 
Demetria! - sua voz me fez congelar e fechar os olhos. Ele não podia simplesmente deixar que eu fosse embora? Eu estava com meu celular, tinha direito para pagar um taxi e ficaria bem... Longe dele. Continuei parada, quando ouvi seus passos ficando cada vez mais próximos. - Isso é errado! 
- O que é errado? - questionei. 
- Você está correndo atrás da pessoa errada! 
- Eu não estou correndo atrás de ninguém, só quero sair daqui! 
Joseph não merece o seu amor. - me surpreendi com suas palavras e virei o rosto para encará-lo. Estávamos a uma pouquíssima distância um do outro. 
- E você merece? - sem esperar por uma resposta, voltei a caminhar o mais rápido que pude e respirei aliviada quando já estava fora daquela casa. Andei em passos largos e rápidos para longe, antes que ele pudesse vir atrás de mim e responder aquela pergunta. Eu não queria uma resposta, não aquela. Logo encontrei um taxi e percebi que estava fazendo tudo do jeito errado, eu não estava sendo justa, não estava cumprindo uma certa promessa. 


Depois de pagar o taxi, fiquei indecisa sobre o que fazer a seguir. Parada, encarando aquela enorme casa, eu não tinha certeza se entrava de uma vez ou se me afastava. Todos os tipos de alertas possíveis já tinham piscado na minha frente, e eles diziam que eu não deveria ficar perto deJoseph. Os alertas deixavam claro que ele ainda era um ser perigoso. Mas, ele revelou um lado que ninguém jamais imaginou existir. E foi graças a mim. Eu resgatei sua humanidade e trouxe de volta a vida o homem que ele merecia ser. Sendo uma máscara ou não, aquilo o fez feliz. Me fez feliz.Joseph podia ser perigoso, Joseph realmente podia ter feito algo grave em seu passado, talvez até com a própria Erin Fields... Mas então, por que algo dentro de mim, ao mesmo tempo em que me implorava para ficar longe, implorava também para que eu não me afastasse dele? Eu tinha lutado uma vez por aquele homem, e poderia lutar de novo. 
Retirei o molho de chaves de dentro do bolso e procurei pela que me colocaria para dentro daquela casa. Caminhei com passos decididos, passando pelo enorme portão e caminhando por um pequeno caminho de ladrilhos até chegar a porta de entrada. Abri a mesma e a empurrei rápidamente, colocando meu corpo para dentro e a trancando de novo. Meu estômago se revirou e eu senti um calor engraçado percorrer meu corpo. Não era uma sensação ruim. Aquela casa era nossa, aquela casa guardava memórias empilhadas em memórias que eu poderia passar o resto da vida apenas revivendo. O cheiro ainda era o mesmo, era uma mistura de perfumes. Quando Joseph praticamente me obrigou a me mudar para aquele lugar, lembro-me de que decidimos não ter uma empregada. Faríamos tudo e daquele jeito seria melhor. Mais convívio e mais privacidade. Nas primeiras semanas era um completo desastre, porque nenhum de nós dois sabia muito bem como lidar com os cuidados de uma casa daquele tamanho, mas mesmo assim, era divertido. Por vezes, parecíamos duas crianças morando ali. As brincadeiras, a mania de agir como dois adolescentes que comemoram porque os pais estão de férias e todo o resto. Deixei que a sensação feliz enchesse meu peito e respirei fundo, procurando por ele. Mas não o encontrei. As luzes estavam apagadas e a casa estava totalmente silênciosa e solitária. Uma chama de culpa tomou o lugar da felicidade e uma pontada de preocupação veio. E se ele tivesse cometido alguma loucura? 
O arrependimento bateu e eu me amaldiçoei o máximo que pude, subindo as escadas praticamente correndo e andando com passos largos pelo corredor. Torci para que, ao abrir aquela porta, ele estivesse ali. Vê-lo dormindo tranquilo, depois de tanto tempo, seria como deixar o inferno e visitar o paraíso, nem que fosse por pouco tempo. Porém, quando puxei a porta e entrei no local, a solidão continuava a ser minha única companheira. Caminhei até a cama, olhando melhor e me dando conta de que um pequeno e branco papel estava dobrado sobre a mesma. O peguei e o abri rápidamente, com a ansiedade corroendo meus dedos e meu interior. A letra estava borrada e escrita de um jeito desajeitado, com pressa. Mas ler aquilo me fez sorrir... 

"Provavelmente estou escrevendo isso em vão, mas tenho esperanças de que você volte. Se voltar, por favor, não se preocupe, eu estou bem. Precisava ficar em um lugar que me trouxesse boas recordações, que me lembrasse você de um jeito único. Se estiver lendo isso, me espere onde está, pois eu vou voltar.
Joseph."


Segurei o papel com as duas mãos, o levando até meu peito e fechando os olhos. Nós ainda tínhamos esperanças juntos, é claro que tinhamos! Nossa amor não morrera, ele ainda queimava forte e seguro... Sim, eu tinha essa certeza. Tempos ruins poderiam vir, mas, depois de tudo que passamos, nada conseguiria nos afastar para sempre. 
Mas apesar daquele sentimento bom, eu também estava agoniada. Eu o queria ali comigo, naquele momento, dizendo que tudo ficaria bem. Que nós ficaríamos bem. Mas ele disse que ia voltar, não disse? Então eu esperaria e o receberia como nunca deveria ter deixado de fazer. Cometi erros naqueles dias, agi por impulso e andei por caminhos errados, mas ainda restava tempo de remediar. E de um jeito ou de outro, eu o faria ter certeza de que não estava sozinho. Nunca estaria. 
Dobrei o papel com cuidado e coloquei sobre a cama novamente, indo até o guarda roupas e pegando algumas peças de roupa para que eu pudesse vestir. Já tendo em mente que tomaria um banho rápido para me livrar totalmente dos acontecimentos da noite anterior, retirei uma blusa de moleton do guarda roupas e a levei até meu nariz, absorvendo o cheiro dele e sorrindo mais uma vez. Se por enquanto ele - em carne e osso - não estava comigo, de outro jeito ele estaria. Tomei um banho rápido e logo estava vestida com sua blusa e uma calça de moleton mais justa. Prendi meus cabelos em um coque e saí do quarto, descendo as escadas. Fui até a sala e procurei por cd's na enorme pilha onde estavam organizados. Querendo relaxar um pouco, tirei um da Pixie Lott e coloquei para tocar de forma aleatória, me jogando no enorme sofá vermelho de couro e esticando minhas pernas. Pelas enormes janelas de vidro, eu observava alguma paisagem qualquer e continuava a sentir o cheiro que emanava da blusa de Joseph. (n/a: coloque a música 1 para tocar!) 
A próxima faixa do cd começou e eu senti meu coração bater mais forte, sabendo que aquela música significava muito para mim. A melodia era tão envolvente e me lembrava momentos felizes com meu marido. Virei de lado, apoiando o cotovelo no sofá e segurando a cabeça com a mão. Cantarolei um trecho junto com Pixie e endireitei meu corpo ao ouvir um barulho vindo da porta. Como uma garota esperava ansiosa para seu primeiro encontro, eu senti meu coração bombear sangue de uma maneira agitada para o resto do meu corpo e me deitei de novo no sofá, fingindo estar distraída. Ele com certeza ficaria surpreso. A porta se fechou de novo e escutei passos vindo na direção em que eu estava, a ansiedade borbulhava e eu tentava conter um sorriso. Eu não sabia como ele estava e como seria a sua reação, então continuei do mesmo jeito. Provavelmente atraído pelo música levemente alta, os passos dele ficavam cada vez mais próximos, até que eu percebi não estar mais sozinha naquele cômodo. Percebendo que o silêncio continuava, virei meu rosto e dei de cara com ele. Estava encostado na parede e tinha uma expressão de surpresa e felicidade escondida no rosto. Me senti extremamente mal quando notei sua aparência. O cabelo estava mais bagunçado do que era possível, a barba por fazer era notável em seu rosto, olheiras fundas e escuras circulavam os olhos e as roupas estavam amassadas. Notei também o machucado em seu rosto, que começava a cicatrizar. Como eu deixei tudo aquilo acontecer? 
Dei um impulso e levantei do sofá, fazendo questão de mostrar que eu estava com a blusa dele. Joseph nada fazia, a não ser continuar a me olhar. Caminhando até ele com receio, sorri sem mostrar os dentes e balancei a cabeça positivamente, tentando mostrar confiança. 

Hold me in your arms
Cause I'm falling


- Eu estou aqui. - parei de frente para ele, fitando seus olhos como se minha vida dependesse daquilo. - E é péssima essa sensação, sabe? Eu devo ter deixado você pensar que eu não me importo mais. Deixei que nos tornácemos dois completos estranhos, mas não precisa ser assim. - ele me ouvia com atenção, enquanto eu sentia meus olhos marejados. - Passado é passado, e por mais que o seu seja sombrio, eu vou continuar aqui, do seu lado. Te fiz uma promessa, lembra? Se por um segundo pensou que eu não a cumpriria, você precisa passar mais tempo comigo, Joe. - minha voz falhou ao dizer seu apelido e senti as lágrimas cairem. - Porque você não me conhece como deveria, não sabe o que eu sou capaz de fazer por quem eu amo. Eu posso chegar a extremos... 
Fiquei parada, com o corpo tenso e olhando para ele. Joseph fechou os olhos e respirou fundo, me pegando de surpresa e deixando que um sorriso se formasse em seus lábios. Podia estar com a aparência detonada, mas continuava com aquela beleza devastadora de sempre. 
- Você voltou! - seus braços me puxaram para um abraço e me deixei envolver, soltando um suspiro aliviado assim que nossos corpos acabaram com qualquer espaço e se juntaram. Apressiando seu calor, passei minhas mãos por seus braços e as envolvi em seu pescoço, fechando os olhos, enquanto ele me abraçava pela cintura. - Eu estava quase desistindo, quase achando que isso não aconteceria e... - voltei meu olhar para o dele, selando nossos lábios e o calando. 
- Não! Lembra quando você me pediu oficialmente em namorado e nós brigamos na noite seguinte? - ele concordou a cabeça, ainda me olhando aquele jeito maravilhado. - O que eu te disse quando fizemos as pazes horas depois? 
- Que nós só acabaria quando a vida escapasse dos nossos corpos. - Joseph disse baixinho, puxando meu corpo o máximo que pôde e juntando nossas testas. 
- É bom saber que você se lembra disso. 
- Foi essa frase que eu ficava repetindo mentalmente enquanto você não estava por perto. 
- Eu estou perto agora, não estou? - acomodei minha cabeça em seu peitoral de novo, inspirando seu cheiro e me afogando em seu abraço. - Eu lutei uma vez por você, e vou lutar quantas vezes forem necessárias, Joseph. Eu amo você e nada vai mudar isso. Por mais que seja grave, por mais que nos destroce, não vai conseguir mudar. 
Joseph fez meu queixo se levantar com seu dedo e juntou nossos lábios. Senti sua fina barba fazer cócegas em meu rosto e separei os lábios, permitindo que sua língua se apresentasse a minha. Uma de suas mãos subiu por minhas costas e pescoço e segurou o elástico que prendia meu cabelo. Logo o mesmo caiu e cobriu minhas orelhas. Joseph o segurava com gosto, eu sabia que ele tinha uma paixão gigante pelo meu cabelo. Fazia questão de manter o beijo intenso e profundo, de um jeito que eu abriria mão do oxigênio para continuar a desfrutar daquilo. Doce e agressivo. Inocente e devasso. Dotado de sentimentos e sensações únicas o bastante para nos manter viciados em no outro, como costumávamos ser antes. Senti meu lábio inferior sendo segurado por dentes e puxado, soltei um gemido baixinho quando senti a língua quente de Joseph passear pela pele arrepiada do meu pescoço. Seus dentes ferozes seguravam a pele por alguns segundos e depois deu uma sugada. Sua barba deixava tudo ainda mais arrepiante. Ele levantou o rosto e juntou nossos narizes, me beijando mais uma vez. Ele tinha o objetivo de tirar todo o fôlego que eu tinha. Segurei com força os cabelos de sua nuca e soltei um gemido de lamento quando ele partiu nossas bocas. Nos abraçamos por um breve momento e eu enlacei nossas mãos, enquanto ele distribuia beijos carinhosos por meu pescoço e orelha. 
- Eu também te amo. - sua voz baixa me fez abrir os olhos, mas eu os fechei de novo quando ele continuou a falar. Meus lábios ainda formigavam. - Você não é a única que está disposta a lutar! Demetria, você lutou por mim! Agora é a minha vez... De lutar por você. Por mais que seja difícil... 
- Ninguém nos disse que seria fácil, mas não importa. 
- É por isso que eu quero que, hoje mesmo, você venha comigo para um lugar... 
- Qual lugar seria esse? 
- Você me deve uma lua de mel. - Joseph mordeu o lábio. Ergui uma sobrancelha e ele sorriu aventureiro ao perceber meu olhar de dúvida. - Nossa lua de mel começa hoje! 
- Espera! - coloquei as mãos em seu peito, piscando os olhos de uma maneira rápida. De fato, não era uma ideia ruim. - Você está sugerindo ir para Dubai agora? Hoje? - Joe retirou uma das mãos que estava em seu peitoral e a levou até a altura de sua boca, beijando a mesma várias e várias vezes. 
- Quem falou em ir para Dubai, Demi? Eu estava pensando em Lake District, em Cumbria. É um lugar muito bonito, tenho certeza que você vai gostar. - acariciei a bochecha que era coberta por pontos de barba. 
- Mas nossa lua de mel seria apenas no final do ano... 
Demetria, eu não posso esperar até o final do ano! Não posso! - ao dizer isso, seu tom de voz se revelou angustiado e apressado. Como se quisesse fugir, como se procurasse por um refúgio. - Você pode parar de pensar no amanhã pelo menos uma vez na vida? Sem passado e sem futuro, tudo que eu posso te prometer é o agora
Joseph... Isso é... - eu ponderava. 
- Chega de pensar, venha comigo! 
Atônita e ao mesmo tempo animada com aquilo, concordei com a cabeça, sorrindo e Joseph me pegou em colo, dando passos pesados e subindo a escada, tomando certa velocidade até chegar ao quarto. Parecíamos a ponto de fugir de algo ou alguém, trocando sorrisos cúmplices e risinhos excitados enquanto fazíamos as malas de qualquer jeito. Uma loucura, apenas mais uma no meio de tantas. Loucuras boas e ruins. Aquela era boa. Eu sabia que alguma loucura ruim viria logo, então tudo que me restava fazer era sugar o máximo de felicidade que eu podia de uma boa. Momentos de pura felicidade são raros e imprevisíveis, mas quando eles aparecem, você simplesmente os vive. Sem questionar, sem hesitar e recuar, apenas os vive com o máximo de intensidade que pode. Não estávamos preocupados em avisar alguém sobre nossa viagem, nada que não fosse aquela lua de mel adiantada parecia importar. Nossas malas logo estavam colocadas sobre a cama, estufadas com a quantidade de roupas e outros pertences que tínhamos colocado dentro. Joseph tomou um banho rápido e fez a barba na velocidade da luz, vestindo uma roupa qualquer e sorrindo malicioso ao ver eu tirar a calça de moleton e colocar uma calça jeans. Fingi que não estava vendo ele e me ajeitei rapidamente, sendo segurada pela mão. Ele estava animado, sorria feito uma criança. Pegamos as malas e descemos as escadas com cuidado. Joe foi se certificar de que tudo estaria desligado e trancado e logo voltou, saindo pela porta e a trancando. 
- Pelo que sei, a duração da viagem é um pouco mais de cinco horas, então no final da tarde estaremos lá! - ele parecia empolgado e foi rápido com a mala até um de seus carros, abrindo o porta-malas e a colocando ali. Pegou a minha e fez o mesmo, tirando os óculos escuros que estavam pendurados na blusa e os colocando. 
- Você é completamente maluco. - eu disse, vidrada em seu rosto. Como um ser como aquele poderia ser real? Como poderia transmitir todos aqueles sentimentos? Ele se mostrava acabado em um momento, e no outro parecia estar pronto para ir a luta. Joseph era um espírito selvagem e não se importava onde estaria no final do dia. Pensar em consequencias não fazia a sua cabeça, ele gostava de ser impulsivo. E talvez aquilo era o que mais me encantava nele. 


Horas depois...

Já dentro do carro, enquanto Joseph estava concentrado nas ruas, apoiei os pés no banco do carro, dobrando os joelhos, os abraçando e apoiando o queixo sobre um deles. A viagem seria longa, terrivelmente longa. Ficariamos dentro daquele carro por mais de cinco horas, mas eu não estava arrependida. Com o auxílio de GPS, ele tinha a garantia de ir ao lugar certo. Poderíamos fazer breves paradas, como para comer e simplesmente sair um pouco de dentro daquele carro. E foi isso que realmente fizemos. Durante o caminho, quando já nos aproximavamos da área rural e montanhosa do noroeste da Inglaterra, ele fez uma breve parado em um pequeno restaurante que ficava na beira da estrada. O verde dominava o local e o vento era diferente, era bem mais frio. Entramos no simpático restaurante todo feito de tijolos e percebemos que estava praticamente vazio, exceto por um casal de idosos e um adolescente que comiam em silêncio em uma mesa. Pedi a Joseph para pegar qualquer coisa que parecesse agradável para mim e fui me sentar em uma das mesinhas de madeira com toalhas quadriculadas. Puxei a cadeira e joguei o peso do meu corpo entediado sobre a mesma, tendo uma vista do lado de fora do restaurante. Ao longe, por meio das árvores, já era possível contemplar uma região montanhosa.
Me senti livre depois de muito tempo. Estávamos longe de Londres! Longe de todo aquele perigo, de todas as pessoas que queriam nos fazer mal. Era como respirar depois de passar um longo tempo embaixo d'água. Joseph veio ao meu encontro logo em seguida, sendo seguido por um garçom baixinho e que aparentava ter no máximo 20 anos. Joe se sentou ao meu lado e olhou para a mesma paisagem que eu estava olhando antes, provavelmente pensando o mesmo que eu. Retirou os óculos escuros e pensou no que pedir para um breve lanche. Decidimos por sanduíches e pedaços de bolo, acompanhados por café. Logo o jovem garçom retornou com nossos pedidos e nós comemos em silêncio, alheios a tudo ao redor. 
- Espera, essa é a nossa lua de mel, não é? Não deveríamos estar mais... Animados? Comemorar? - Joe balançou freneticamente uma das mãos e eu ri de leve, dando um gole no cofé depois de morder o sanduíche. Mastiguei de um jeito cansado e olhei para ele. 
- Nem precisamos comemorar, Joe. Só de estar longe de Londres já um imenso alívio. Estar longe daquele lugar já é uma enorme comemoração. 
- Se dependesse de você, nós não moraríamos mais lá, certo? 
- É, Londres não me agrada mais. - ele terminou de comer e se livrou do resto de café, esperando pacientemente que eu terminasse também e depois chamou o garçom, pedindo a conta e indo até o balcão de antes para pagar com o cartão de crédito. Estranhei um lugar pacato como aquele aceitar cartão de crédito, mas tudo bem. Saímos do recinto e nos dirigimos até o carro, entrando no mesmo e continuando nosso trajeto. Joseph segurava o volante com as duas mãos e tinha os olhos atentos, mas mesmo assim um sorriso de canto estava estampado em seus lábios. Ao trocar de estrada, ele ligou rapidamente o rádio do carro e deixou em uma estação quarquer. Uma música que lembrava praia e era tocada apenas no violão estava tocando. 
Olhei impaciente no relógio e deduzi que ainda ficaríamos umas duas horas dentro daquele carro, até que chegassemos ao local programado. Eu tinha curiosidade em conhecer Lake District, pois já tinha ouvido falar que era um lugar lindo, escolhido na hora das férias dos ingleses. Sabia que o lugar possuia diversas vilas, lagos e montanhas, sendo uma das poucas regiões com aquela geografia da Inglaterra. Parecia ser acolhedor e revitalizante, ainda mais quando a cabeça de uma pessoa estava cheia de problemas. Exatamente como a minha e a de Joseph. 
O frio parecia piorar, então Joseph ligou o aquecedor e cantarolou a música animada que tocava, olhando para mim e piscando, voltando a prestar atenção na estrada deserta e emoldurada por campos de flores e árvores. 
- Desde quando você fuma? - sua voz me surpreendeu, fazendo com que eu corrigisse minha costura no banco do carro e esticasse as pernas. Eu sabia que ele estava perguntando isso por causa da noite em que esteve no hospital, quando eu tomei o cigarro de duas mãos e dei uma ingênua tragada. 
- Eu não fumava há muito tempo. Há anos tinha esquecido como era a sensação da nicotina no organismo... Mas e você, desde quando nãofumava? - indaguei. 
- Eu nunca vi muita graça nesses vícios, Demi. As pessoas dizem que tentar esconder uma mágoa com um vícia compensa, mas com o passar do tempo elas percebem que isso só piora as coisas. 
- Mas você fuma... E bebe, pelo que eu já vi. - ele me olhou rapidamente, para depois voltar a prestar atenção na direção. 
- Sim, mas não é como se eu fosse morrer se largasse ambos. Tanto faz... 
Querendo mudar o rumo daquela conversa, pensei em algo menos pesado. 
- Bom, você planejou essa viagem de emergência? Digo, você disse todo convicto que iríamos para Lake District e tudo o mais, então presumo que isso já passava pela sua cabeça. 
- Sim, isso já passava pela minha cabeça. Mesmo que você não tivesse aparecido em casa hoje, eu te procuraria e te levaria comigo. Já estive lá algumas vezes, é um lugar bom para fugir dos... Problemas. - ele torceu a boa ao mencionar os problemas. - Tem um lago, Windermere, é enorme e tem várias vilas às suas margens, sem mencionar aquelas montanhas. Achei que você precisava conhecer. - o jeito como ele falou tudo aquilo chamou minha atenção, eu não sabia explicar, mas vê-lo tão sereno me deixava feliz. Por um momento, pelo menos naquele momento, Joseph parecia um homem normal; um homem que estava apenas indo para uma lua de mel antecipada com sua mulher. 
Ficamos conversando sobre assuntos aleatórios e rindo diversas vezes durante o papo, não percebendo como o tempo passava rápido quando tiravamos as preocupações da cabeça. Chegamos em Cumbria quando o sol já estava baixo, porém não era capaz de esquentar nosso corpo. Depois de mais um tempo - que foi ocupado com mais conversa alheatória - Joseph me avisou que estávamos chegando ao nosso destino. 
- Ali! - ele disse com uma vez alta, atraindo minha atenção para a janela ao seu lado. - É o parque nacional do Distrito dos Lagos. A parte central, chegamos! - tudo que meus olhos enxergavam parecia atrativo. O ambiente era bonito e calmo, o canto de alguns passaros soava como música aos ouvidos. Olhei atônita para toda a região montanhosa, me surpreendendo com as paisagens surreais que minha vista enxergava. Quem precisava de Dubai com um lugar lindo e tranquilo como aquele? Me lembrava filmes antigos, onde paisagens bonitas como aquelas sempre eram ressaltadas. Onde moças caminhavam, fazendo parte da paisagem, a procura de seu amado. Balancei a cabeça negativamente com aqueles pensamentos fora de ordem e voltei a prestar atenção no caminho que Joseph fazia. 
- O lago Windermere! - Joe me informou, fazendo-me virar o rosto e observar uma embarcação se dirigir para longe, praticamente sumindo sob as montanhas. 
Sorri, parecendo uma criança ao pisar na Disney pela primeira vez na vida e abri o máximo possível a janela do carro, sentindo o ar frio e diferente se chocar com meu rosto e inspirei. Joe dirigiu por mais uns dez mínutos e depois anúnciou que tínhamos chegado à uma das vilas nas margens do lago. Ele me explicou brevemente que o nome da vila era Bowness-on-Windermere e que ali várias embarcações faziam excurções pelo lago. Sorri mais uma vez, animada, quando ele disse que participaríamos de uma daquelas excurções. 
Joseph mudou a direção e nos colocou em uma rua emoldurada por uma arquitetura totalmente vitoriana. Parecia uma cidade de mentita, feita com todo o cuidado possível há muitos anos e que ainda se mantinha tão bonita como sempre. Vários carros e pessoas diferentes transitavam, entrando e saindo das lojas e dos pequenos prédios. Estávamos no centro da vila, aquilo era evidente. Percebia-se que o local era voltado para o turismo, pois a quantidade de lojas diversificadas era enorme. Hotéis e pousadas também se faziam presentes. E foi em um daqueles hotéis bonitos queJoseph estacionou seu carro. 
- Meu Deus, é tudo tão lindo! - eu disse, deslumbrada. 
- Sabia que você ia gostar! Agora vem... - ele tirou o cinto de segurança e me puxou rapidamente para um beijo. - Nossa lua de mel começou! 
- Então vamos aproveitar! - tirei meu cinto também e sorri quando Joseph já tinha dado a volta no carro e, em um gesto de cavalheirismo, abria a porta do mesmo para mim. Saí, segurando sua mão e levantei o rosto para olhar melhor o hotel em que ficaríamos. Não era monstruoso em tamanho, não tinha dezenas e dezenas de andares, não podia ser comparado com algum dos hotéis de Joseph - o de Los Angeles, por exemplo -, mas tinha algo de especial ali. Não precisava ser grande para ser maravilhoso. Um rapaz uniformizado e com um sorriso simpático nos recebeu na porta do lugar, pedindo que entrassemos e nos dirigissemos até o lobby. Do lado de fora, o lugar era cercado pelo verde com várias flores e banquinhos de madeira. Atrás, era possível notar a presença de várias outras árvores e até das belas montanhas. Uma mulher, também sorridente, com os cabelos presos em um coque e um uniforme preto impecável, cujo o emblema do BurnSide Hotel estava bordado em marrom, nos atendeu prontamente e depois de alguns processos básicos, nos entregou o cartão magnético e alguns planfletos do quarto que alegava ser o melhor. Um outro funcionário nos acompanhou de volta ao carro e trouxe nossos bagagens, indicando o elevador que deveríamos subir para chegar até o quarto. Eram detalhes demais, era muito para analisar, mas eu não conseguia impedir que meus olhos olhassem em todas as direções possíveis. Logo chegamos ao andar indicado e saímos do mesmo, caminhando de mãos dadas pelo corredor claro, com detalhes em dourado e madeira escura. Dois funciónarios responsáveis pela bagagem nos esperavam ao lado da porta de madeira com detalhes dourados. Joe passou o cartão magnético pela porta e a abriu. Entramos e meus olhos brilharam mais uma vez. Tinha uma cama com dossel! Eu achava aquilo totalmente lindo! Abajures e quadros integravam na decoração do recinto, que ainda contava com um confortável sofá cinza escuro e uma mesinha de madeira ao centro, com um vaso de flores. Os dois homens deixaram nossas malas e Joseph os agradeceu, fechando a porta. Notei uma porta de vidro com detalhes brancos e corri até a mesma, puxando as duas maçanetas e a abrindo. A extensão do quarto era quase mais bonita que o mesmo, com vista para as montanhas e várias outras mesinhas no local. Joe veio rindo em minha direção, me abraçando por trás enquanto eu contemplava tudo aquilo. 
Demetria, se acalme! Fico imaginando qual será a sua reação quando for a outras lugares do mundo, que são bem mais bonitos que esse... 
- Não, você não entende! Tem algo nesse lugar, sabe? Tudo bem que é lindo, um dos lugares mais bonitos onde eu já estive, mas o ar daqui... - respirei fundo, fechando os olhos. - Me dá sensações boas. 
- Ou talvez a sensação boa seja pela minha presença, senhora Jonas! - ele segurou meu rosto com as duas mãos e juntou nossos lábios, mas um vento cortante veio e bagunçou meus cabelos, fazendo minha pele se arrepiar. 
- Vamos trocar de roupa e passear! Eu quero navegar pelo lago e visitar as outras vilas! - eu disse, batendo palminhas e me mostrando mais empolgada que uma criança. 
- Opa, calma! Não viu que já está escurecendo? Não tem graça assim. Vamos tomar banho, descer para conhecer o resto do hotel, jantar e depois dormir, porque eu estou morto! 
- Nossa, é impressão minha ou você está ficando velho? - cruzei os braços, levantando uma das sobrancelhas. 
- Eu vou te mostrar quem está ficando velho! 
Voltei correndo para dentro do quarto, tentando fugir dele e entrei no banheiro, trancando a porta e rindo sem parar. 
- Sem chances, Jonas! Você não quis me levar para passear, então vai tomar banho sozinho! - afinei a voz, o provocando. 
- Uma hora ou outra você vai sair desse banheiro! - ouvi um barulho na porta e julguei que ele tinha se encostado na mesma. 
A noite fria não demorou a vir, e logo ambos já estávamos de banho tomado e vestindo roupas mais adequadas. Depois de aproveitar um pouco a cama com beijos e carícias, saímos do quarto e fomos conhecer o resto do hotel. Passamos pela piscina interna, pelo bar e pelos restaurantes. A decoração me surpreendia cada vez mais! Escolhemos o restaurante que parecia mais aconchegante e, depois de jantar, aproveitamos um pouco mais da vista que nos era proporcionada. Logo, deixando que o cansaço nos vencesse, voltamos para o quarto e ficamos apenas vendo TV. Era óbvio que a lua de mel de verdade (vulgo: passeios romanticos e outras coisinhas mais) começaria no dia seguinte, então nos acomodamos na cama e esperamos que o sono viesse. Mas enquanto ele não vinha, um clipe na televisão chamou a nossa atenção. Olhei com os olhos arregalados paraJoe, que se segurava para não rir. 
- Isso é algum tipo de incentivo? - ele disse, apontando para um dos caras do The Lonely Island, na cama com a Jessica Alba. 
- Você só pode estar brincando comigo... - coloquei a mão no rosto e gargalhei alto, enquanto o clipe continuava. 
- É uma música legal... - ele me olhou malicioso. 
- Você não gosta da música, gosta da letra! - eu disse alto, batendo com uma enorme almofada nele. Joe tomou impulso e ficou de pé na cama, pegando outra almofada e a batendo em mim com pouca força. 
I just had sex... And it felt so good! - ele cantou, fazendo uma voz engraçada, enquanto eu ficava de pé na cama e tentava golpeá-lo de novo com a almofada. 
A woman let me put my penis inside of her! - continuei a letra, rindo e recebendo um olhar assustado dele. 
- Desde quando você tem um pênis? 
- Cala a boca, Jonas! Você já se empolgou demais! 
Continuamos com aquelas provocações e cantando a letra da música, até que o clipe acabou e outra melodia tomou conta de nossos ouvidos. Uma mulher ruiva apareceu, começando a cantar com sua voz inconfundível. 
Sex is not the enemy! - Joe cantou, empolgado, me puxando pela cintura. 
- Ok, eu desisto, isso só pode ser um sinal! - cai na cama com ele, quando me puxou de propósito e inclinou o corpo. 
- As músicas estão pedindo, Demi... Então vamos fazer! - eu ia dizer alguma coisa, mas seu beijo cheio de iniciativa me pegou de surpresa e deixei que nossas línguas brincassem. O que aconteceu depois... Bem, como dizia a música que ainda tocava: Sex is not the enemy! E, definitivamente, o sexo não era o ínimigo mesmo. 

Eu já estava acordada há um tempo, mas não queria levantar. Fiquei encarando o dossel da cama e a persiana que impedia o sol de iluminar o quarto. Deitei de barriga para cima e encolhi um pouco o corpo. Mesmo estando com uma blusa bem quentinha, a temperatura do lugar era baixa e cruel. Porém, do outro lado da cama, um ser adormecido e imóvel tornava o ambiente mais quente. Seu calor, apesar do frio do quarto, me dava uma sensação melhor. Joseph estava deitado de lado, com a coberta até o pescoço; seus olhos estavam fechados de um jeito tão suave, que parecia que poderiam se abrir a qualquer momento. Sua respiração era serena e os cabelos estavam bagunçados de um jeito que diminuia sua idade. Encarar alguém que você ama enquanto dorme pode não parecer grande coisa, mas você só percebe o quanto isso é maravilhoso quanto tem a satisfação de saber que a pessoa está bem, está do seu lado. Mexi meu corpo mais uma vez, o colocando de lado e segurando a cabeça com a mão, apoiando o cotovelo na cama. Passei minha mão pelo rosto de Joe, na intenção de acordá-lo, mas o mesmo nem se mexeu. Tinha o sono muito pesado. Desci meus dedos por sua bochecha e lábios, os tocando levemente e bufando quando ele ainda continuava congelado. 
Joe! - o chamei baixinho, aproximando meu rosto e selando nossos lábios. - Joe, acorda! - tirei o cobertor de seu corpo, deixando que cobrisse apenas as pernas e o envolvi em meus braços, beijando toda a extensão de seu rosto levemente corado. - O que eu preciso fazer para você acordar? - falei mais alto, agarrada com ele, que mais parecia estar desmaiado do que dormindo. Fixei minhas mãos em seus cabelos bagunçados e os puxei sutilmente, iniciando um carinho um tanto quanto violento. - Meu Deus, homem, você não pode ter o sono tão pesado assim! Acorda! - enquanto beijava seu rosto e puxava seu cabelo, tive uma ideia. Me soltei dele e abri espaço na coberta, enfiando minha mão dentro da mesma e descendo pelo moleton que ele usava, puxando a barra do mesmo e a levantando, deixando que meus dedos frios tocassem a pele quente de sua barriga. Ele abriu os olhos rapidamente, os arregalando e contraindo o abdomen, pegando minha mão e a tirando dali. Comecei a rir. 
- É assim que você pretende me acordar? Demetria, não faça isso! - Joseph, ainda sem conseguir abrir totalmente os olhos, se apoiou com os cotovelos na cama e me olhou assustado, mas ele queria sorrir. 
- Eu tentei te acordar de jeitos mais carinhos, mas não obtive sucesso. - deixei meu corpo cair folgadamente na cama de novo, puxando o cobertor do corpo de Joe e virando de lado, me isolando dele. - É bom te observar dormir, mas é melhor te observar acordado. - minha voz saiu abafada pelo cobertor que praticamente cobria meu rosto, e logo duas mãos passaram pelo meu corpo, junto com um corpo quente que se alinhou ao meu. Um beijo em meu pescoço me fez arrepiar, e então eu sorri. 
- Na verdade, eu gostei desse seu jeito de me acordar, só que é meio... - agora o beijo tinha sido no lóbulo da orelha. - Você sabe, animador. E está de manhã, eu tenho minhas energias recuperadas, então é fácil... 
- Ok, ok! Já entendi! - eu disse alto e rindo, jogando a cobertor longe e me livrando do corpo de meu marido, ficando sentada na cama e depois levantando. - Hoje nós vamos passear! E não me venha com desculpas! - cruzei os braços e ele fechou os olhos de novo, se escondendo por entre as cobertas e fazendo resmungos. 
- Liga a televisão, de repente tem uma marotona de clipes com a palavra "sexo" de novo, foi um grande incentivo... - ele revelou apenas seu rosto e sorriu maroto, com os cabelos mais bagunçados do que nunca. 
- Deixa isso para depois, Joe! Agora vamos nos arrumar e descer para tomar café! Eu quero navegar pelo lago Windermere! - ele se deu por vencido e levantou da cama, bocejando e abrindo a porta que dava para a extensão do quarto, deixando que o sol, apesar do clima frio, entrasse e tomasse conta do quarto. Passou por mim, e, me pegando de surpresa, senti um tapinha em minhas nádegas, ouvindo sua risada maliciosa. 
- O que eu não faço por você, não é? Mas, para agilizar o processo, acho melhor tomarmos banho juntos... - o segui até o banheiro, concordando que seria uma boa ideia. 

Depois de uma hora, estávamos de banho tomado e devidamente alimentados. O café da manhã do hotel fora ótimo, o que fez com que demorassemos um pouquinho para sair do mesmo e ir em direção ao cais de Bowness. Eu usava um casaco de lã lilás e um vestido florido que variava em tons de roxo e azul. Para me livrar do frio, coloquei meias de lã bem quentinhas e um sapatinho fechado e sem salto. Deixei meu cabelo solto, prendendo apenas a franja. Joseph vestiu um jeans básico e um moleton vermelho bem grosso, ajeitando o cabelo de um jeito que variava entre o arrumado e o bagunçado. 
Com o auxílio de um guia do hotel, logo tínhamos chegado ao cais de Bowness. O sol se mostrava tímido, mas marcava presença. Várias pessoas estavam andando pelo local, e algumas estavam sentadas com amigos, parentes e namorados/as nos banquinhos de madeira ao redor. Sorri, maravilhada com a atmosfera daquele lugar e puxei Joseph pela mão. Caminhamos pelo pier de madeira, enquanto observavamos o lago. Pegamos uma embarcação mediana e, junto com várias outras pessoas, começamos o passeio. O homem responsável em ajudar as pessoas e responder dúvidas explicou que estávamos indo para a direção norte do lago, onde se situava a vila de Ambleside. Explicou também que Ambleside era o centro de partida para caminhadas em trilhas e montanhismo. Empolgado, senti Joseph me abraçar enquanto a embarcação ficava mais distante do cais e as magnificas montanhas enchiam nossa visão. 

Fazíamos uma caminhada gostosa pelas paisagens rurais de Ambleside, deixando para visitar o centro da vila depois. Me surpreendi quando Joe me disse que estava carregando uma câmera no bolso de seu moleton, eu não hesitei ao pegar a mesma e começar a fotografar o que eu julgava ser clicável. Uma típica turista. Até Joseph não conseguiu fugir do meu momento fotógrafa. 
- Como é bom ver você empolgada desse jeito! - ele disse, me pegando pela cintura e juntando nossos lábios, aquecendo-me do frio que não dava trégua. Andamos mais um pouco, passando por vários lugares interessantísimos e registrando tudo com fotografias. Eu estava me sentindo muito feliz, mas é exatamente em momentos assim que você começa a pensar e toda essa felicidade vai embora. Não deixei que Joe percebesse e continuei a caminhar pela área verde e hipnotizante que estávamos e me deixei perder em devaneios. A vontade desgraçada de abandonar Londres e viver naquele lugar era tão atrativa que chegava a me dar raiva. Eu estava obcecada por fugir! 
Demi! - Joe me acordou dos pensamentos, levando-me para mais perto das montanhas, de onde era possível ver os detalhes das mesmas. Caminhamos com cuidado pelo lugar, reclamando quando o vento frio parecia agressivo demais. Nos sentamos perto de uma pequena colina, contemplando a vista. Joe estava com as pernas cruzadas feito índio e tinha o olhar perdido, enquanto eu estiquei minhas pernas e segurei meu corpo apoiando as mãos no chão rochoso. Algo me dizia que uma conversa estava prestes a começar, e não era uma conversa muito agradável. Toda a felicidade que o semblante de Joseph havia mostrado naquela manhã, se esvaiu e seu rosto era vazio, frio. Sua boca estava trancada em uma linha reta, os olhos semicerradas e as mãos aparentemente tensas. (n/a: Coloque a música 2 para tocar!) 
Joe? - o chamei, fazendo o mesmo virar-se rapidamente e me olhar de um jeito confuso. 
- Isso é incrível! - desviou o olhar, apontando para a paisagem e tentando desviar também o rumo da situação. 
- É incrível mesmo... - ponderei, respirando fundo. - Mas, por que você me trouxe aqui? 
- Eu já disse, queria que nossa lua de mel começasse o mais rápido possível. - Joseph segurou uma de minhas mãos e a beijou ternamente. 
- Por quê você quis que nossa lua de mel começasse o mais rápido possível? - fiquei alguns segundos esperando por uma resposta que não veio. Seu olhar estava perdido de novo. - Joseph? - o chamei, sabendo que era errado tentar tocar naquelas feridas de novo. Mas não tinha outra saída. Eu queria ajudá-lo, então precisavamos ter aquela conversa. 
- Eu não sei... - ele balançou a cabeça negativamente e eu assisti o vento brincar com seu cabelo. - Sabe aquela coisa clichê de "Aproveite o dia"? Pois então, eu acho que devemos aproveitar porque... 
- Porque você acha que não vai acontecer de novo, é isso? Você acha que é o nosso último momento juntos? 
- Não, não é o nosso último momento juntos, mas talvez seja o nosso último momento... 
- Feliz? - o cortei. 
- Talvez. 
Fechei os olhos rapidamente, engolindo o choro que tentou me dominar e tentando não pensar naquilo. Ele acreditava que aquela era a nossa última deixa para aproveitar a felicidade. Ele me levou para longe só para aproveitar o que julgou ser o último momento feliz em nossas vidas. Meu coração começou a doer e eu queria me jogar daquela colina, apesar da altura não ser consideravelmente alta. Por que eu não podia ter uma vida normal e feliz? Por quê? 
- Não, Demetria, por favor... - tinha pesar em sua voz. - Não chore! - ele veio para mais perto e me envolveu em seus braços, beijando minha testa. Mas era tarde demais, o estrago estava feito. A núvem de felicidade foi coberta pela núvem do medo. Até o vento ficou mais forte e o frio mais insuportável. 
- O que eu fiz? - perguntei, já soluçando. - O que eu fiz para merecer isso? - cobri meus rosto com as mãos, sentindo a agonia crescer. Joseph apenas apertava seu abraço, balançando lentamente meu corpo, como uma mãe ninaria seu filho. - Eu só queria uma vida normal com você. Os risos na cozinha por tentar fazer alguma comida, brigas interrompidas por um beijo inesperado, a excitação por descobrir algo que quebrasse a rotina de um casal... - funguei, percebendo que as palavras saiam sem que eu percebesse, um verdadeiro desabafo. - Conversas que nós só teríamos de madrugada... A emoção ao descobrir que logo teríamos uma nova vida entre nós... - eu senti que as mãos dele começaram a tremer. - Eu só queria poder deitar minha cabeça no travesseiro e saber que tudo está bem. Mas eu não posso ter isso. 
- Não enquanto você estiver ao meu lado. - por um breve momento, eu quasei parei de respirar. Arregalei os olhos e me soltei dos braços de Joseph, encarando seu rosto. Sua voz estava esganiçada e ele tentava esconder um choro que acabara de começar. 
- Não fala isso. - pedi. 
Demetria... - ele tentou falar, engolindo as lágrimas e respirando fundo. - Você quer saber por que tudo isso está acontecendo? - senti medo de novo, mas cheguei a conclusão de que seria o melhor para nós dois. Concordei com a cabeça. 
- Sim, me conta. - ele sabia do meu conhecimento sobre Erin Fields, ele sabia que seu passado fora entregue em fragmentos para mim. 
- Quanto eu tinha 16 anos... Aconteceu a coisa mais assustadora e imcompreensível da minha vida. - Joseph fechou os olhos, e eu sabia que estava doendo. Para ele, era uma experiência horrível trazer aquelas memórias de volta. - Era uma noite qualquer, uma noite que, com certeza, alguém daria alguma festa e todos acabariam bêbados. Eu estava na casa da Margo... - ele parou de falar ao dizer o nome dela e me olhou, como se esperasse que minha reação ao ouvir aquele nome não fosse boa. - Ela estava estranha, e toda hora saia do seu quarto para atender ao telefone. Eu não dava a mínima, apenas continuei em sua cama, bebendo e esperando que ela voltasse. Eu tinha brigado com o meu pai naquele dia, e tudo que eu queria era perder a consciência. Margo voltou ao quarto e suas mãos tremiam, ela parecia extremamente preocupada com alguma coisa. Não me importei e, só me dei conta de que algo errado estava acontecendo, quando ela abriu uma das gavetas do seu criado mudo e jogou várias drogas na cama. Ela estava determinada e nos fazer consumir aquelas porcarias, ela queria nos apagar. Mas, já ficando aéreo demais, eu percebi que ela apenas fingia consumir as drogas, enquanto eu me entregava totalmente àquilo. Logo as coisas perderam o sentido e eu só conseguia enxergar formas sem nexo. E então eu apaguei. - Joseph deu uma pausa, procurando por minha mão de novo e a segurando. - Quando eu acordei, tinha uma enorme lácuna. Eu estava no meu quarto, e, quando percebi que duas pessoas me assistiam encostadas na porta, percebi também que nada mais seria do mesmo jeito. Meu pai e uma mulher vestida de branco me olhavam. O olhar do meu pai era frio e assustado; o da mulher era maternal e preocupado. Lembra da clínica? - quando ele mencionou aquilo, senti um arrepio ruim percorrer meu corpo. A maldita clínica. Balancei a cabeça positivamente, encarando qualquer coisa que não fosse seu rosto. - Eles me jogaram naquela clínica, Demetria. Sem me dizer o motivo, sem esperar que eu dissesse alguma coisa. Eles simplesmente me jogaram lá e me deixaram preso como um animal. O buraco em minha mente só aumentava porque eu só sabia questionar o que diabos tinha acontecido comigo. Por que meu pai me colocou ali? Nossa relação não era boa, mas aquilo era demais! A revolta crescia a cada segundo, mas eu precisa sair dali. Eu não era louco, eu só não conseguia me lembrar o que tinha acontecido. E sabe o que era pior? Ninguém me dizia nada. Apenas me olhavam com pena. Certo dia, fui surpreendido quando a Margo apareceu, pretendendo me fazer uma visita amigavel. É lógico que eu voei nela e, desesperado, comecei a pedir para que ela me tirasse dali. Ela disse que não podia, mas que sabia que logo eu estaria fora. Lembro de perguntar como estavam as coisas e então ela me disse... Ela me disse aquilo que aindadestrói a minha vida... - meu coração estava partido, porque ele parou de falar e não escondeu o choro. O Joseph forte estava despedaçado na minha frente, se mostrava tão fraco quanto uma criança. 
- O que ela disse? - ele mordeu os lábios com força e me olhou, mostrando seus olhos verdes encharcados e brilhantes devido as lágrimas. 
Que a Erin tinha desaparecido. - meu estômago se revirou ou ouvir aquilo e aquele arrepio desconfortável percorreu minha espinha. - Há um tempo, antes de toda aquela porcaria, eu e a Erin tínhamos nos tornado amigos. Grandes amigos. Porém, um dia antes daquele inferno acontecer, nós tínhamos brigado. Ela queria me fazer parar de agir como eu agia, ela queria que eu aceitasse que um Joseph bom existia dentro de mim... Ela estava disposta a me infernizar até que eu cedesse. Eu disse a ela que tudo aquilo estava me irritando profundamente e que, se ela não quisesse ver um estrago, era para se afastar de mim e cuidar da própria vida. Eu estava descontrolado, disse aquilo sem pensar. Certamente ele achou que tinha sido uma ameaça... - deixou que mais algumas lágrimas caíssem, sua voz estava esgotada. - Tempos depois eu sai daquela clínica e tudo virou o que virou. Eu me tornei um monstro e cresci. Tentei fngir que tinha deixado tudo aquilo para trás e segui com aquela vida... O resto você já sabe. 
- E a Margo? Você não falou mais com ela? 
- Não, ela desapareceu também. Só fui ver ela de novo em Los Angeles... 
- Por que o Carter e o Cameron sabem disso? Por que eles jogaram aquelas pistas na minha cara? Por que... 
- Essa é a questão, Demetria! Eu não sei! Eu já disse, foi como se eu tivesse perdido a memória por um curto período de tempo. Eu não consigo me lembrar o que aconteceu naquela noite, eu não sei como eles sabem. Mas eu queria calar qualquer um que tentasse trazer aquilo a tona. Por isso que... 
- Los Angeles... - eu disse pausadamente, o interrompendo. - Tudo aquilo... 
- É. Eu tinha consciência de que o Wolfe sabia de algumas coisas e eu queria acabar com a vida dele por causa disso. Mas como eu poderia contar isso para você na época? Impossível. Então, eu vi o tempo passar, eu vi as coisas mudarem... Eu vi esperança de ser outra pessoa, ser alguém bom.Eu vi você. Enquanto eu encarava o horizonte, percebi como as coisas se encaixavam. Aquele era o motivo para tudo aquilo ter acontecido nas nossas vidas. Joseph teve uma noite de sua vida apagada, Margo se encarregou de fazer isso. Carter e Cameron sabiam. Joseph queria apenas esquecer e tocar a vida. Mas estavam trazendo tudo de volta... Desenterrando um fantasma do passado, eliminando as chances de felicidade que o homem totalmente debilitado ao meu lado poderia ter. 
Eu senti nojo de mim mesma, senti vontade de acabar com a minha vida. Porque eu simplesmente não merecia Joseph. 
Estava claro que não passava de uma armação. Estava claro como água que Joseph era apenas mais uma das vítimas em tudo aquilo. Mas como fazê-lo acreditar na própria inocência? Como provar o que - a partir daquele momento - eu tinha certeza? Como aceitar que eu pude ter sído tão fria a ponta de não enxergar o que realmente estava acontecendo? Eu duvidei dele. Duvidei do homem que eu amava. Procurei por consolo em outros braços, o magoei com palavras duras... 
Tudo que eu consegui fazer foi desabar em lágrimas. 
Joseph estava imóvel, como se não acreditasse em tudo que tinha acabado de me contar. Como se fosse um choque reviver, de certo modo, tudo aquilo novamente. Não, eu não permitiria. Eu daria a minha vida se fosse preciso, eu faria qualquer coisa para provar que o meu Joe era inocente. 
- Você não fez nada com a Erin. - lembrei do osso que encontrei, do endereço ter sido encontrado no cofre de um polícial... Mas não importava. Algo dentro de mim gritava para que eu impedisse que Joseph fosse condenado o culpado. Eu não sabia como, mas daquele momento em diante, eu simplesmente sabia que ele não era o responsável. - Eu acredito em você... - mais lágrimas. - Eu vou te ajudar a provar sua inocência. Nós vamos sair dessa... Nós vamos, Joseph! - apesar das lágrimas, tentei olhá-lo com força e determinação, tentando confortá-lo e fazê-lo se sentir seguro. Estiquei meus braços e o puxei para um abraço, afagando seu cabelo. Joseph não era um homem mau... Ele apenas fora obrigado a colocar uma máscara. 
- Por que você tem tanta fé em mim? Como pode ter fé em uma pessoa que não tem fé nela mesma? - ele sussurrou. 
- Não posso explicar, apenas confio na minha intuição. Confio em você. 
- A Erin também tinha fé em mim. Ela era a única ao meu redor que procurava pela bondade nas pessoas. Nesse aspecto você é exatamente como ela, você é uma pessoa bonita como ela era. Algo bonito no meio de tanto lixo... - sua voz demonstrava repulsa. - Eu não posso aceitar isso! 
- Nós vamos sair dessa. - reforcei o que tinha dito antes. - Não vai ser fácil, mas eu estou aqui! 
No instante seguinte, nos beijamos como se o mundo fosse acabar. Tentávamos livrar um ao outro de todo aquela mágoa. Amor poderia curar tudo aquilo, não poderia? Sim, o amor era forte! Com os lábios formigando, levei minha boca até seu ouvido e disse baixinho: 
- Essa é a nossa lua de mel, é a pausa que temos antes de começar a lutar. Vamos tornar esses poucos dias que temos de descanso os melhores. -Joseph embrenhou as mãos pelos cabelos de minha nuca e, em meio a toda aquela dor, ele conseguiu sorrir. Um sorriso sincero. Com esperança. - Como eu posso fazer a sua dor passar, meu amor? 
- Não se afaste e não se machuque. Enquanto você estiver viva e ao meu alcance, eu não vou desistir. 


Horas depois...

Quando paramos em frente a porta do elevador, Joseph agarrou minha cintura com força e nos colocou para dentro, apertando um botão qualquer. Eu sabia que ainda estava doendo nele e em mim, mas nós não queriamos sentir dor naquele momento. Esqueceriamos e deixariamos os sentimentos bons falarem mais alto. Deixariamos a paixão falar mais alto. Ele era forte e não deixaria aquilo o dominar de novo. A porta se fechou e senti meu estômago revirar e uma sensação de tontura devido ao movimento que o elevador fazia enquanto subia. Joseph fez com que minhas costas se grudassem com o espelho de uma das paredes e traçou uma trilha de beijos pelo meu pescoço. Ainda com a nossa conversa na cabeça, fechei os olhos e procurei por pele exposta, só para senti-lo melhor. Deixei que minhas mãos passassem por dentro de sua moleton e comecei a acariciar seu abdomen. Assim que fiz isso, ele soltou um grunhido e parou para me olhar e sorrir. Satisfeita por ter feito seus pêlos se arrepiarem, pressionei minha pélvis contra a dele, buscando de todos os meios possíveis provocá-lo. A porta do elevador se abriu e ele me puxou de novo, batendo as costas contra a parede ao lado da porta do quarto em que ficariamos. Sua mão repousou em minha coxa e puxou para cima, colocando-a na altura de seu quadril. Mesmo com a meia de lã, consegui sentir seu toque em minha pele e, completamente arrepiada, movi meus dedos pelo zíper de sua calça, começando uma inocente provocação. Eu não lembrava mais o quanto estava frio, já que com aquelas carícias eu me sentia dentro de um forno.Joseph me soltou por um breve momento e passou o cartão magnético pela porta, a abrindo de um jeito descontrolado e voando em mim de novo, nos colocando para dentro e batendo a porta com toda a força que tinha. Soltei uma risada, pensando no que as pessoas pensariam ao ouvir todo aquele barulho e voltei a beijá-lo com paixão e necessidade. Percebi suas mãos impacientes deslizando por minhas pernas, enquanto eu tentava puxar sua blusa grossa para cima. 
- Eu odeio essas meias! - ele disse, com a voz tão descontrolada que nem parecia ele falando. Sorri, negando um beijo, só para deixá-lo ainda mais enlouquecido. 
- Na noite do Halloween você fez questão que eu continuasse com elas! - apesar daquela noite não ter sido nem de longe uma das melhores, a lembrança daquele momento me agradava. Joseph levantou meu vestido e passou as mãos por minha barriga, arrancando um gemido sofrego de minha garganta. Suas mãos estavam geladas! Eu estava fervendo, foi como ter recebido um choque térmico. 
- Hoje eu não quero nada entre nós... - ele respirou fundo e soltou um botão do meu vestido, enquanto eu estava começando a obter algum sucesso ao tentar tirar sua blusa. - Minha pele na sua, e só isso. (n/a: Por fim, coloque a música 3 para tocar!) 
Arrepiei mais uma vez, tirando o casaco de lã que estava por cima do vestido e soltando um gritinho assustado quando Joe tomou impulso e praticamente nos jogou na cama, rindo em seguida. Agarrei os cabelos de sua nuca com força e juntei nossas bocas de novo, deixando que a língua dele fizesse uma visita completa por minha boca. Seu beijo me drogava, sua sáliva me enlouquecia. Ele sabia o que estava fazendo, sabia os lugares certos onde tocar, aquele simples beijo já era capaz de me deixar totalmente em chamas. Olhei para o dossel da cama e sorri, deslumbrada, achando aquilo ainda mais excitante. Joe distribuia beijos pelo meu rosto e pescoço, enquanto puxava a todo custo as meias para baixo, sorrindo aliviado e ao mesmo tempo malicioso quando uma deles cedeu e revelou metade de uma das minhas coxas. Chupou meu queixo e puxou a outra meia com força, roçando sua mão gélida em minha coxa, obrigando-me a gemer mais uma vez e depositar mais força na mão que segurava seu cabelo. 
- Ei, cuidado... - arfei quando senti uma de suas mãos segurar firmemente um dos meus seios, ainda coberto pelo tecido do vestido florido. - Eu tinha me esquecido do quanto sadomasoquista você é... - me olhou intensamente e abaixou um pouco o corpo, começando a abrir os outros botões do vestido, enquanto fazia questão de esfregar em minha coxa seu membro - ainda coberto pela calça - totalmente excitado. 
- Você vai me deixar louca desse jeito! - minha voz saiu grave e impaciente, o que arrancou mais risadas dele. Logo, um leve frio percorreu a região dos meus seios e meu marido sorriu satisfeito. Sem delongas, envolveu um dos mamilos com sua língua, fazendo movimentos circulares com o dedo no outro. Sua língua quente sugava o bico enrijecido, enquanto ele roçava de um jeito provocativo os dentes, fazendo parecer que ia mordê-lo a qualquer momento. Embaixo dele, eu movimentava meu corpo de um jeito desesperado, contraindo minha barriga a cada vez que sua língua ou dedos me tocavam. 
- Eu pensei que já tinha te enlouquecido... - Joseph chupou com gosto meu seio esquerdo, se livrando totalmente do vestido e me deixando apenas com a calcinha branca. Levantou o tronco por um momento, se desfazendo de seu moleton e passou as mãos - agora mais quentes - pela minha barriga, subindo com um carinho gostoso. Parou um pouco abaixo do seio esquerdo e ficou olhando o local, seu olhar se tornou perdido por um tempo. Abri os olhos e o encarei, sabendo o motivo de ele encarar aquele lugar. Uma pequena cicatriz - quase imperceptível - jazia ali, mostrando que o tiro que eu tinha tomado fora real, mas já não importava mais. Ele saiu de seu mar de pensamentos e sorriu maroto para mim, se abaixando de novo e começando a beijar minha barriga. Quando estava abaixo do umbigo, segurou a pele do local com os dentes e passou a língua, recebendo um gemindo que o incentivou a descer mais. - Mas, já que não enlouqueceu o suficiente, deixe-me completar o trabalho. - segurou nas alças da calcinha branca e sem enrolar a levou para baixo, me deixando totalmente exposta e entregue. Passei uma das mãos pelo lençol branco e mácio daquela cama tão confortável e esperei que os toques dele começassem novamente. Eu já me sentia molhada e pronto para recebê-lo, mas Joseph queria mais. Como já provara tantas vezes, quando me via tento prazer, não conseguia mais parar, era um incentivo. Beijou a pele desnuda que encontrou, segurou minhas duas coxas com as mãos e as separou ainda mais, fazendo movimentos circulares por uma delas. No meio de minhas pernas, eu já sentia aquele latejar familiar e a vontade de gemer alto só de imaginar o que se passava por sua mente. A mão direita soltou minha coxa e foi até meu clitóris, provocando-me com gosto, com os olhos atentos no que fazia. Parou as provocações com o dedo e o tocou com a língua, fazendo um movimento de subida e descida, me fazendo tremer na base e sentir todos os pêlos do meu corpo se erriçarem. Sugou, lambeu e provocou a entrada de minha vagina com o dedo. Fechou os olhos, como se quisesse apreciar melhor o que estava fazendo e depositou pressão na coxa que segurava, passando as unhas pelo local. Arqueei minha barriga e levantei o quadril, o movimentando de um jeito que contribuia para que seus toques ficassem mais intensos. Arqueando a vagina e não conseguindo segurar os gemidos que escapavam de minha garganta, levei minha mão até seu cabelo, implorando para que ele não parasse. Como era bom esquecer os problemas, como era bom se sentir daquele jeito. Se sentir amada e desejada daquele jeito. Ele não parecia querer parar e os movimentos de suas língua ficavam cada vez mais frenéticos, assim como o suór em meu corpo se mostrava presente e os gemidos aumentavam. Uma das mãos dele subiu, passando pela minha barriga e segurando um dos meu seios, o apertando com força. Senti sua boca me deixar e ele levantou o rosto, passando a língua pelos lábios e não escondendo a expressão de puro deleite em sua face. Apertou meu seio mais uma vez e sorriu de um jeito que me causou outro arrepio. Aquele homem deveria ser preso por fazer uma mulher se sentir daquela maneira. 
- Deus, como você está... - sua fala foi cortada, enquanto ele mordia o lábio inferior com força e fechou os olhos intensamente, como se estivesse sentindo o mais puro prazer, sem nem ao menos eu estar tocando seu corpo. - Como você está molhada e... - senti seu dedo polegar provocar meu clitóris novamente, voltando a gemer e suplicar para que ele parasse de me fazer sofrer daquele jeito tão delícioso. - Tão entregue, tão maravilhosa... Tão minha! - aquelas palavras entraram por meus ouvidos e pesaram dentro do meu corpo, fazendo a luxuria e o amor correrem vivos por minhas veias e provocarem estragos em minha sanidade. Entre minhas pernas, com os joelhos apoiados na cama, ele apenas encarava meu corpo com uma expressão de adoração. Aos olhos dele, eu só poderia ser surreal, pois ele me olhava como se estivesse contemplando algo que não poderia existir, algo que não deveria estar em sua frente, mas estava. - E se alguém me dissesse que eu nunca mais poderia tocar seu corpo, eu venderia minha alma por isso; queimar no fogo do inferno seria como um presente, pois eu saberia que não poupei nenhum toque. - as palavras eram soltas de um jeito pausado e poético. - Fiz o que eu quis com você. Explorei cada parte, levei você a mais extrema loucura. Porra, Demetria, o que você tem? Eu não posso me sentir desse jeito por uma mera mortal, uma mera mulher... - seus dedos trêmulos foram até o zíper de sua calça e ele o puxou para baixo, livrando-se da mesma e de sua boxer preta, revelando seu pênis totalmente éreto e pulsante, desejando estar dentro de mim. Eu o assistia enquanto falava, maravilhada demais com o prazer e suas palavras. Ele não podia ser real. - Às vezes penso que estou enfeitiçado, e você não sabe o quanto eu agradeço por isso. Sentir o meu corpo vibrar por você é a melhor coisa que eu poderia experimentar. Ouvir você gemer o meu nome é o melhor som que eu poderia querer ouvir. Sentir o seu cheiro me leva ao paraíso. Provar o seu gosto me deixa em êxtase. Te tocar é como tocar algo divino, como se a minha vida só dependesse disso. Apenas disso. - terminando de tirar suas roupas e se mostrando nu a minha frente, ergui um dos braços e aproximei minha mão de seu membro, que parecia implorar para ser tocado. Ele me olhava com receio e súplica, abrindo a boca para tentar falar mais alguma coisa, mas seus olhos se fecharam fortemente quando envolvi seu pênis em minha mão, começando movimentos de cima para baixo, a fim de proporcionar-lhe o mesmo prazer que ele fazia questão de me dar. Com os olhos bem abertos e escorrendo lúxuria, eu o olhava, tão intensamente que parecia intimidá-lo. Eu também tinha muito a falar, e ele me escutaria, enquanto sofria e pedia por mais daquelas carícias. Ergui um pouco meu corpo e continuei os movimentos, invertendo nossas posições e o deitando na cama, me colocando por cima dele, sem soltar seu membro que parecia pulsar dentro de minha mão fechada. Aumentei a frequencia dos movimentos e o ouvi sua voz rouca dizer palavras desconexas, com os olhos entreabertos e as mãos segurando com força na cama. 
- Por tantas vezes, eu apenas fiquei escutando enquanto você falava... - abaixei meu corpo e, ainda segurando seu membro com a mão, passei os lábios levemente pela glande, ouvindo um som abafado sair pela boca de Joseph. - Mas eu também tenho muito a te dizer, meu amor. - os olhos dele se abriram e ele tentava equilibrar sua atenção do prazer, para mim. - Nem de longe isso é uma coisa apenas sexual, e você sabe. Nem de longe o que sentimos quando estamos nos tocando desse jeito é algo que possa ser esquecido. - passei a língua pela extensão de seu pênis, sentindo suas pernas tremerem. - Não é só sexo, Joseph. Você pode sentir que não é apenas isso. Ser sua do jeito que você me deixa ser, é muito mais do que eu poderia imaginar querer. Eu não sei o que você tem... - enfiei seu pênis na boca sem dó, o olhando com ternura e malicia misturadas, marturbando com a mão e passando minha língua por todos os locais possíveis. - E tenho medo de descobrir, mas é algo que me assusta. Certas vezes eu acredito que você não é um simples homem que me ama, eu sinto que é um ser muito maior do que isso. Meras sensações humanas não são equivalentes ao que eu sinto quanto estou com você. - ele não sabia se ficava desesperado ou ficava ainda mais extasiado quando eu parava de masturbá-lo e lambê-lo para falar, mas eu continuei. - Quantas vezes já fomos um do outro? Quantas? Quantas vezes gememos até não aguentar mais e deixamos que nossos corpos caíssem um sobre o outro? Muitas, meu amor, muitas. - intensifiquei os movimentos com a mão, o enfiando em minha boca de novo e sugando com vontade, sentindo que ele não aguentaria por muito tempo. - Mas não conseguimos parar, queremos cada vez mais e mais. E você sabe por quê? Porque é tão... tão bom, que alimentamos a ideia de que cada vez ficará melhor... E realmente fica, realmente fica. 
- Eu não... Eu não vou aguentar! Vem... Vem aqui... - ele tentava dizer, me puxando pelos ombros e fazendo meu corpo se deitar sobre o seu, mudando nossas posições de novo e me colocando por baixo. Faíscas pareciam sair de seus olhos enquanto fitavam os meus, e fez questão de juntar nossos corpos o máximo que podia. Eu explodiria a qualquer momento, e ele não parecia estar muito diferente. Seus cabelos molhados de suór estavam espalhados em várias direções de sua testa, e o suór quente também presente em seu corpo esquentava minha pele. - Minha nossa, eu poderia morrer depois disso, Demetria. Eu me sinto tão completo que poderia morrer depois de te fazer minha. Sinceramente, eu não me importo com o que nos espera amanhã, mas faço questão de você se sinta tão completa como eu, completa de um jeito que a morte não faria diferença. Morreríamos com um sorriso satisfeito nos lábios, eu sei que sim. 
Ele estava falando de morte, mas por algum motivo, eu não conseguia me sentir mal. 
- Eu morreria por você, com você... Sim, eu me sinto extremamente completa, e eu também poderia morrer depois disso. - respondi com a voz confusa e baixa, sentindo meu corpo gritar pelo dele. Não queria de maneira alguma me separar daquele corpo, do corpo do homem que eu amaria até morrer
Joseph me olhou nos olhos novamente e parecia querer me perguntar alguma coisa. Eu não conseguia entender a questão que se entregava através do seu olhar, então o olhei do mesmo jeito, procurando por alguma resposta. 
- Você acha que nós... Que nós deveriamos fazer sem... - e então eu entendi o que ele queria dizer. Pensei por alguns mínutos, mas por pouco tempo, afinal, naquela situação eu não queria me preocupar com pensamentos. Neguei com a cabeça, sentindo seu pênis ainda éreto roçar em minha pele. 
- Não. Ainda não... Ainda não... - a ideia de futuro ainda parecia deixá-lo aborrecido, como se ele tivesse totalmente certeza que fosse morrer no dia seguinte. Mas, se dando por vencido, ele estendeu o braço até o criado mudo e pegou um pacotinho metálico, me fazendo questionar mentalmente como aquele preservativo tinha ido parar ali. Joseph ergueu o corpo mais uma vez e rapidamente vestiu seu pênis com a camisinha, se mantendo entre minhas pernas e segurando meus quadris com força. Esquecendo da pequena conversa que haviamos tido, fechei os olhos e esperei pela sensação do paraíso de novo. Ele provocou minha entrada com a glande, penetrando-me totalmente em seguida. Um grito estridente escapou pela minha garganta, e ele retirou seu pênis totalmente, fazendo os mesmos movimentos de antes e me penetrando de novo, por inteiro e de um jeito selvagem. Enquanto repetia as penetrações e soltava um som - que me provocava ainda mais prazer - com a boca, soltou uma das mãos do meu quadril e passou pela minha barriga, segurando a mesma e fazendo carícias circulares. Ele estava tão focado naquilo, tão disposto e fazer meu coração explodir. Ele me penetrava o máximo que era possível, fazendo a dor se misturar com o prazer de um jeito que eu não me lembrava de ter experimentado antes. Era surreal demais, seu membro parecia pronto para explodir dentro de mim a qualquer momento, roçando-se nas paredes vaginais. Minha vagina se contraia ao ponto de deixar minhas pernas tensas, me dando a certeza de que estariam doendo no dia seguinte. Mas até o dor parecia prazerosa naquele momento, então eu não me importei. Joseph penetrou-me daquele jeito selvagem mais uma vez e parou, puxando meu corpo pelo quadril e me fazendo ficar sentada na cama, totalmente ofegante. Eu sabia o que aquele olhar queria dizer, e o devolvi com um malicioso, tirando alguns cabelos da minha testa e deixando que ele os afagasse com a mão antes de me assistir virar o corpo e pressionar os joelhos contra o colchão, assim como minhas mãos. Virei o pescoço e o encarei com firmeza, balançando a cabeça positivamente e o incentivando a continuar. Enquanto eu fechava os olhos e encarava a madeira escura da cama, suas mãos seguraram meus quadris e escorregaram para minha cintura. Com força, seu pênis entrou em minha vagina novamente, só que dessa vez por trás. Eu sabia o quanto ele adorava aquela posição, sabia como era bom estar daquele jeito com ele. Não era a primeira vez. Investindo de um jeito delirante, ele soltou uma das mãos do meu quadril e segurou meus cabelos suados que grudavam em minhas costas, os puxando um pouco, arrancando mais gemidos de minha parte. 
- Eu já disse o quanto eu adoro o seu cabelo? - ele mal conseguia falar, não conseguia evitar as contrações de seu corpo e os gemidos que o dominavam. Movimentei meu quadril de um jeito lento e doloroso, sentindo que a penetração feita daquele jeito era mais poderosa. Ele voltou a me agarrar com força, com as duas mãos pelo quadril e tirava totalmente seu pênis, o penetrando de novo até o limite, repetindo aquela ação diversas e diversas vezes. Estocando com vigor. Ele estava certo, eu poderia morrer depois daquilo. Nunca havia me sentido tão entregue a ele, nunca havia me sentido tão dele como estava sendo naquele momento. Por mais vulnerável que fosse nossa situação geral, não importava. Gritei, não conseguindo me segurar e sentindo meus orgãos se revirarem dentro de mim. Meu coração batia tão descompassado que a falta de ar já se fazia presente, mas eu continuaria a obedecer seus movimentos até que não aguentasse mais, até que meu corpo me obrigasse a parar. O barulho que a cama fazia era alto, mas não importava. Nossas pernas estariam doloridas depois, mas não importava. O destino era incerto, mas não importava
Gritamos o nome um do outro simultaneamente, enquanto eu tentava me manter naquela posição, segurando com as mãos na madeira da cama. Ainda com um pouco de força disponível no corpo, ele retirou rapidamente o pênis de dentro de mim e puxou meu corpo, o fazendo se virar e ficar por baixo dele de novo. A penetração veio rápido, mais desesperada do que todas as outras. A quantidade de suór de nossos corpos era intensa.Joseph afundou a cabeça na curva do meu pescoço e continuou aquela penetração que parecia infinita, deliciando-se com o mistura de suór e perfume me exalada de meu cabelo e minha pele. Com uma das coxas encostadas em seu quadril, enquanto ele arranhava a mesma, levei minhas unhas até suas costas e, sem pensar duas vezes, as arranhei. Os expasmos que tomaram conta do meu corpo eram tão fortes que eu mal conseguia me segurar. Perdi o controle total dos movimentos do meu corpo e Joseph gemeu alto em cima de mim, soltando um grunhido quando sentiu minhas unhas fazerem um estrago em suas costas. Minha vista ficou turva e minhas pernas pareceram adormecer, enquanto meu corpo tremia e suava frio. Ele ainda estava dentro de mim, mas não se movimentava mais, já tinha chegado a seu ápice. Fechei os olhos, assustada com aquela reação grandiosa e confusa do meu próprio corpo e esperei que parasse, torcendo para que demorasse. Joseph me abraçou pela cintura e saiu de dentro de mim, me olhando preocupado quando percebeu que meu corpo ainda não tinha parado de tremer. Tentei abrir a boca para dizer alguma coisa, ou mexer minhas pernas, mas ainda não estava conseguindo. Pontos pretos impediam que eu visse o rosto dele como deveria, então ele me beijou e meus olhos se fecharam. Eu sentia meu coração querendo rasgar o peito, mas a sensação não era ruim. Estava longe de ser ruim. Ela só era surrealdemais. Será que eu estava morrendo? Será que aquela sensação confusa, assustadora, prazerosa e viciante era o aviso que minha alma estava deixando meu corpo? Não, não era. Poucos mínutos depois, ainda em silêncio e permanecendo abraçada com aquele homem que eu tanto amava, meu corpo pareceu se normalizar aos poucos. Meu coração se acalmou, minhas pernas se moveram lentamente e meu corpo relaxou, mesmo que ainda tremesse um pouco. Pisquei diversas vezes e Joe sorriu sem mostrar os dentes, levemente preocupado. 
- Você está bem? - ele sussurrou perto da minha orelha, prestando atenção nas feições do meu rosto. Mesmo com a garganta seca, consegui soltar poucas palavras, enquanto meu corpo voltava para o estado totalmente normal aos poucos. 
- Estou. - sorri, e até aquele simples sorriso parecia mais lerdo do que deveria. - Nunca estive melhor. Por um segundo eu achei que estava morrendo, mas foi uma sensação boa demais... A morte não deve ser boa assim. - meu marido afundou de novo o rosto na curva do meu pescoço e, carinhosamente, distribuiu beijos por ali, afrouxando um pouco os braços em minha cintura e deixando meu corpo mais livre. 
- Você não existe, Demetria! 
- Você também não. E é por isso que eu te amo tanto. - mais acostumada com as sensações fragmentadas em meu corpo, senti meus olhos arderem e uma vontade enorme de dizer aquilo a ele. De novo. - Eu não vou te deixar. Por nada. Não me importo com o que tenha acontecido no seu passado, não me importo. Por você eu mataria e morreria, você sabe. Eu iria para bem longe, esqueceria o que conheço e começaria tudo de novo. - sorri, me sentindo romantica demais. Mais do que estava acostumada a ser. - Você deve me achar uma boba por dizer essas coisas, mas é a verdade. Não existe nada que eu não seja capaz de fazer por você, está me ouvindo? - segurei seu rosto com as duas mãos, ainda trêmulas. - Nada vai superar isso, nada vai superar nós
- Você não é uma boba. - Joseph me deu um selinho carinhoso, afastando os cabelos teimosos em meu rosto. - É o ser mais perfeito que poderia existir no mundo. Eu já disse, e repito, eu vou lutar. Nós vamos lutar. Nunca vou me esquecer de que foi você a minha salvadora. Demetria, você foi o anjo que veio quando eu estava prestes a fazer uma loucura. - nos beijamos de novo. - Foi você que, com esses olhos lindos, me fez perceber que não precisava ser daquele jeito. Enquanto você sorrir e me olhar do jeito que faz, eu posso superar o resto. Obrigado por isso. 
- Não precisa agradecer, Joseph! É o mínimo que eu posso fazer, é o mínimo de agradecimento que eu posso te dar por fazer tão bem a mim. Você é uma pessoa totalmente louca, mas nunca mude. Por favor, nunca mude. - minha voz começava a ficar apavorada e o medo parecia querer voltar. 
- Shh - os lábios agressivos agora se mostravam totalmente suaves. - Eu não vou mudar, não fique com medo. Lembra quando eu disse que, quando estava sozinho em algum lugar com você, o mundo parecia ficar distante? Isso ainda não mudou, não vai mudar. Agora eu vou sair de cima de você, antes que te esmague. 
- Tudo bem. - eu disse simplesmente, e por estar acostumada com o peso e calor do seu corpo sobre o meu, me senti vulnerável quando ele se deitou ao meu lado, passando o braço por baixo das minhas costas e me abraçando de lado pela cintura. Acomodei minha cabeça em seu peitoral e fiquei ouvindo as batidas aceleradas do coração daquele homem. Era só disso que eu precisava naquele momento. Só precisava saber que ele estava bem. Vivo. Enquanto ele estivesse vivo, a esperança existiria. 
E, para mantê-lo vivo, eu seria capaz de qualquer coisa. 

If you want to fight, I'll stand right beside you
The day that you fall, I'll be right behind you.

🌑🌒🌓🌔🌕🌖🌗🌘🌑

Saudades vocês comentando 😭 saudades! 

6 comentários:

  1. Cara amei. Essa fic é perfeita eu já havia lido ela aqui até antes deles casarem e ela é simplesmente perfeita preciso de mais
    xoxo
    Fabíola Barboza

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  2. Pooooosta mais poooor favoooor

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  3. Posta flor, quero mais

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  4. Respostas
    1. Ajuda? Divulgar, lê, comenta e segue? http://amorquematajemi.blogspot.com.br/

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  5. Otimo, Otimo, Otimo Capitulo.
    Nova Aki

    Da uma Passadinha la, e divulga *-*

    jamaisteesquecereijemienelena.blogspot.com.br/

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Sem comentario, sem fic ;-)